Burrice? Não, esperteza mesmo!

Vejam mais uma pérola:

Ué, ele contradisse sim. Qual o problema de vocês? A igreja não fez voto de pobreza? Pra quê tanto luxo então? O pior cego é aquele que não quer ver! E você sabia que a Igreja Católica é acionista das maiores empresas italianas e uma das maiores acionistas da Nestlè? Já que não podem vender “patrimônio histórico” (como se a riqueza da igreja fossem só “patrimônios históricos”) vendam as ações e revertam o dinheiro aos pobres. Mas é claro que não farão isso, afinal é fácil acusar os outros e não fazer nada a respeito. Concordo integralmente com que o comentador postou: Jesus chicotearia todos do alto clero igual fez com os vendilhões do templo!

Quando bati os olhos no comentário, pensei: rapaz, quanta burrice! Mas, esperem um momento… Burrice coisa alguma. É a esperteza de sempre dos inimigos da Igreja. Cadê a refutação a algum argumento exposto aqui sobre a necessidade de a Igreja ser uma instituição rica? E ainda vem com essa de “pior cego…” Ora, são pessoas como a senhora que se recusam a ver as obras assistenciais da Igreja pelo mundo. E se recusam a ver que, para sustentar essas obras, é necessário dinheiro, muito dinheiro. E, portanto, a Igreja precisa de ser uma organização financeiramente sólida.

Em primeiro lugar, a Igreja Católica não é uma entidade economicamente unificada, portanto é muito mais complicado que aparenta sustentar a instituição tendo em vista que cada diocese é financeiramente praticamente independente da outra. Então, é mais um motivo para o Vaticano ser rico, já que muitas vezes precisa socorrer dioceses e paróquias em dificuldades pelo mundo. Em segundo lugar, a Igreja não fez “voto de pobreza”. Algumas ordens religiosas e prelazias exigem sim, de seus membros, voto de pobreza. Nem todos os religiosos são obrigados a fazer esse voto.

Mas essa gente liga pra qualquer explicação? Claro que não liga. A Igreja tem muito dinheiro e… tem que doá-lo todo! Distribuir! Ah, essas pessoas estão mesmo tão interessadas nos pobres!

Se a “Igreja” (uma diocese, o Vaticano ou uma ordem religiosa) for uma das acionistas da Nestlé, qual o problema se ela utiliza os lucros das ações ou de qualquer outra aplicação financeira para ajudar a se manter economicamente e manter suas obras assistenciais? Ah, não pode, tem que vender as ações! Vende tudo!

Mas tem uma coisinha. Se a Igreja vende todas as suas fontes de renda, daí como irá se manter? Sem ter uma fonte de renda permanente, a Igreja um belo dia abre falência e justamente fanfarrões como a senhora vão sair às ruas, batendo bumbo de felicidade! Está se fazendo de burra ou é burra mesmo? Ou… na verdade a senhora é muito esperta?

Claro que é esperteza. Voltaire, um dos maiores inimigos que a Igreja já teve, pregava que, para destruir a Igreja, é fundamental estrangulá-la economicamente. É isso o que está por trás deste discurso. Se recusam a reconhecer o óbvio porque, na verdade, sabem que uma Igreja fragilizada economicamente teria sua unidade e ação missionária comprometidas.

Repito à pergunta que a comentarista e os outros babões raivosos se recusam a responder: e quanto dinheiro é doado anualmente pela Igreja para instituições de caridade, que cuidam de pessoas ao redor do mundo? Quantos hospitais, abrigos, orfanatos, leprosários dependem financeiramente da Igreja Católica? Qual argumento a senhora e os outros críticos têm para afirmar que a Igreja, sobre a pobreza, só faz “acusar os outros e não fazer nada a respeito”? Claro que não é confusão mental: é cinismo, má-fé mesmo. Vou repetir a estatística: 25% dos doentes de AIDS no mundo inteiro estão sob os cuidados de instituições pertencentes ou dependentes da Igreja Católica. E o que sustenta essas instituições? Dinheiro da Igreja. O que dizer do trabalho de uma instituição como a Ajuda à Igreja que Sofre, que está presente nos lugares mais terríveis do mundo, onde milhões de pessoas sofrem com a fome, a perseguição política, as precárias condições de vida e a desesperança, e a única a ajudá-los é a Igreja Católica? A senhora, se tivesse um pingo de vergonha na cara, reconheceria isso.

Pra encerrar, todas as vezes que ouço essa ladainha mal-intencionada de “por que a Igreja não vende suas coisas e dá para os pobres?” eu me lembro de uma passagem bíblica bastante elucidativa. Trata-se de um trecho do evangelho de São João, capítulo 12, versículos 1 a 8. Grifo as partes mais esclarecedoras:

Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas. Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?
Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis.

Vocês acham que essas pessoas realmente se interessam pelos pobres? Nada. O sonho mesmo dessa turminha raivosa é destruir a Igreja – senão, pelo menos reconheceriam o que a Igreja sempre fez e ainda hoje faz pelos mais necessitados em todo o mundo. Continuem tentando, vamos lá… Outros, bem mais inteligentes e mais poderosos que vocês, tentaram nos últimos 2000 anos e não conseguiram.

13 comentários sobre “Burrice? Não, esperteza mesmo!

  1. Nossa, parece que atingi em cheio o alvo hein? Rsrsrs…Mas porque tanta agressividade, meu caro? Isso não é ser cristão…Você só se esquece de que essas iniciativas são de leigos, pessoas que vivem a realidade da miséria e da pobreza do mundo, ao contrário de bispos e cardeais que nunca saem de seus palácios apostólicos. Jesus Cristo fundou uma religião – e não uma instituição. Deturparam totalmente seus ensinamentos. Essa estratégia de tachar quem diz a verdade de “inimigos da Igreja” é só uma manobra diversionista para desviar o foco da questão. Eu, pelo menos, não estou nem um pouco interessada em “acabar” com a Igreja. O fato é que ela está se acabando – o número de católicos no Brasil e no mundo diminui a cada ano e as palavras do Papa já não são mais seguidas como ordens como era antigamente. Os recentes escândalos na Igreja, o retrocesso e as tentativas de acabar com o Concílio Vaticano II estão minando a estrutura da Igreja. O cristianismo irá continuar, pois está profundamente arraigado na civilização ocidental, já o catolicismo…seu futuro é incerto.

  2. Primeiro: “atingiu o alvo…” Ou seja: escreveu somente para combater a Igreja, não porque de fato se interesse pelos pobres. “Iniciativas de leigos”, quase nunca: a Ajuda à Igreja que Sofre, para citar um exemplo, foi fundada por um padre, chamado Padre Werenfried. “Bispos e cardeais que nunca saem de seus palácios”: difamação pura e simples. Muitos deles vieram de lugares pobres e ainda representam esses pobres, especialmente os bispos e cardeais de países em desenvolvimento. “Jesus Cristo fundou uma religião – e não uma instituição” é sua opinião. Estude patrística e verá que os escritores cristãos dos séculos I, II e III vão discordar veementemente de você. “Não errai, irmãos: se qualquer homem seguir àquele que faz um cisma da Igreja, ele não herdará o Reino de Deus. (…) Tende uma só Eucaristia, pois é una a Carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, uno o cálice da unidade de Seu Sangue, uno o altar e uno o Bispo com o presbitério e os diáconos”. Isso foi escrito no início do século II, bem no princípio da história da Igreja por Sto. Inácio de Antioquia. Este, acrescenta: “Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica”. E todos os escritores patrísticos repetem e confirmam: Cristo fundou uma Igreja e colocou-a sob a liderança do apóstolo Pedro.
    “Deturparam totalmente seus ensinamentos”, pois é, basta ver os milhares de santos que a Igreja Católica apresentou ao mundo em 2000 anos. Hospitais, universidades, abrigos, creches, asilos, proteção a crianças, viúvas, órfãos e assistência aos miseráveis… Inimiga da igreja é o que você é, claro: e o foco da questão era a necessidade de a Igreja possuir bens para se manter como instituição. Você é quem se desviou. Novamente, onde estão os argumentos contra o que eu disse a respeito? Afirmei e novamente afirmo: quem está interessado em combater a Igreja Católica sempre argumenta que é uma instituição rica e deveria dispor de seus bens. Quanto a “ela (Igreja) está se acabando” o catolicismo cresce em números expressivos na África e na Ásia. Então, continue praguejando pelo “futuro incerto” da Igreja Católica, torça bastante!

  3. Isso tudo é mentira. Muitos viraram santos porque as famílias eram ricas e pagavam para o Vaticano para serem canonizados. Aliás, muitos papas eram de famílias nobres da Europa. Eu nunca vi um bispo ou cardeal sair de seus palácios para ir ao lado do povo pobre nas favelas. A igreja só se interessa por riqueza e poder, se isso te incomoda, problema seu. E quem disse que a igreja precisa ter riquezas? Quem? Jesus? Aonde? Vá estudar mais antes de escrever besteiras seu farsante!

  4. Houve papas das mais diversas origens, nobres e plebeus, ricos e pobres. Sabia que ex-escravo chegou a ser papa? E pessoas pobres e humildes que tiveram seus estudos custeados pela igreja durante toda a sua história (notadamente na Idade Média, quando muitas universidades eram diretamente mantidas pela Igreja) também ascenderam na carreira eclesiástica, muitas se tornaram bispos, cardeais e algumas chegaram a papas. João Paulo II, para citar exemplo recente, veio de família paupérrima. Se você nunca viu bispo ou cardeal sair de seus palácios (bla, bla, bla, patético disco riscado…) é porque não conhece o trabalho de bispos e cardeais em lugares pobres e junto a miseráveis em todos os continentes, especialmente na América Latina, na África ou na Ásia. Quanto a “Muitos viraram santos porque as famílias eram ricas e pagavam para o Vaticano para serem canonizados”… Vamos lá, prove. Desafio você a dizer para nós um único santo que se enquadre nisso aí que você está afirmando. Diga, com todas as letras, quais pessoas viraram santas porque suas famílias pagaram por isso. Vamos ver quem é o farsante, quem escreve mentiras. No mais, se não quer entender por burrice, fanatismo ou mau caratismo o que escrevi, que a Igreja necessita de solidez econômica para se manter como instituição… problema seu.

  5. Sinceramente, como a igreja católica construiu esse império ao longo dos tempos, onde temos igrejas com interior coberto por ouro? será que foi doação? dizimos dos escravos baianos?

  6. Você quer mesmo saber? Vai estudar então! Comece lendo o livro “Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental”. Lá, de forma bem resumida, você vai descobrir o quanto o catolicismo deixou rastros de prosperidade, progresso e riqueza pelos lugares por onde passou. Lembrando: na Idade Média, durante a era das grandes catedrais, não havia escravidão na Europa. E outra coisa: esses templos, hoje em dia, fazem parte do patrimônio histórico da humanidade, pertecem a todos, não somente à instituição.

  7. Vou discordar da Ana Maria sobre suas palavras sobre o Concílio Vaticano II. Este concílio não possui a mesma precisão dos demais concílios da Igreja. Ademais, a doutrina da Igreja é imutável, ora, o que é verdade um dia não pode deixar de ser no outro. Cristo é a verdade e não faz coerência, amanhã afirmar que Cristo não é mais a verdade. A perda de fiéis se deve a paralela perda de identidade da Igreja de Cristo.

  8. nonono, na idade média não tinha escravidão, não. Eram ‘servos’..

    Você pode dar o nome que quiser.

  9. Somente um cérebro de minhoca não sabe a diferença entre “servidão” e “escravidão”.

    Ao que você escreveu, eu dou o nome de ignorância, misturada com burrice e mau caratismo. O escravo na Roma Antiga não tinha direito a rigorosamente nada, nem mesmo à própria vida, muito menos a ter a própria família. Em contrapartida, o servo da Europa feudal tinha que ser protegido pelo Senhor Feudal, e quando não podia mais trabalhar, seja por motivos de saúde ou velhice, era obrigação do Senhor Feudal cuidar dele até o fim de seus dias. Além disso, o servo não podia ser mandado para a guerra e o Senhor Feudal tinha a obrigação também de protegê-lo contra ataques de inimigos. Para completar, o servo jamais poderia ser privado da terra – ainda que o Senhor Feudal a vendesse, o novo proprietário jamais poderia dispensar os servos e suas respectivas famílias daquela propriedade.

    Vai brincar de Harry Potter e fazer seus feitiçozinhos com sua turma de imbecis, não aqui neste blog, sua idiota.

  10. Matheus, é impressionante a incompreensão do sistema feudal e da Idade Média, de modo geral. Muitos preconceitos, de matiz anti-religioso, pintam o período como a “Idade das Trevas”, numa estupidez sem fim.

    Confundir o servo medieval com escravo faz parte do leque de interpretações grotescas sobre o período, derivadas da leitura iluminista-marxista que vê conflito de classes até em sociedades neolíticas, somada ao vício da hipérbole, que nesse esquema santifica os tidos por “oprimidos” enquanto demoniza ao extremo os tidos por “opressores”.

    Outra explicação é o paroxismo do ódio à religião – especificamente, a Cristã – que faz desses “entendidos em história medieval” uma cambada de pretensos juízes do passado, num tribunal fajuto que falsifica os fatos para se adequarem à sua EStória de uma Igreja e uma Cristandade odientas e obscurantistas.

    Aliás, se a questão é obscurantismo, acho que todas as épocas do passado – inclusive a Idade Média – perdem feio para a nossa era “da razão”, repleta de pessoas que se presumem ases do conhecimento, quando só mostram uma caudal ignorância.

    Abraços

  11. Ouvi um prof. meu falar que a Igreja Católica é uma das maiores acionistas da Nestlé. Resolvi pesquisar… qual não foi minha surpresa ao encontrar essa discussão aqui! Impressionante! Parabéns ao “Jornada Cristã” pois ele defende seus ideais com unhas e dentes. Hoje em dia é difícil ver um filho da luz agir assim… já quanto ao filhos das trevas infelizmente não podemos dizer o mesmo. Eles são sagazes e atentos a qualquer oportunidade de ataque.
    Enfim, poderíamos resumir com as palavras de Jesus;

    “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.”

    Vemos claramente o ódio oriundo dessa maldição lançada por Jesus, aqui nesta pequena discussão. É verdadeiramente uma luta entre a raça dos filhos da luz e a raça dos filhos das trevas. IMPRESSIONANTE!

  12. Olá, Matheus! Procurei por um espaço aqui no blog para lhe fazer uma pergunta, mas como não achei um lugar específico para isso acabei postando aqui mesmo…
    Vc acha que o Protestantismo trouxe um retrocesso na interpretação da Bíblia? Digo isso porque vejo que a teologia é praticamente toda católica, enquanto que a maioria dos protestantes interpretam a bíblia literalmente.
    O que me diria a respeito da interpretação da Igreja Católica em relação a dos protestantes? Pois tenho a impressão de que os ideais de Luthero tiveram efeitos inversos aos pretendidos.
    Abraço.

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