Graças a esta luz, ó Maria, não foste como as virgens insensatas, mas estavas cheia da virtude da prudência. Foi por isso que quiseste saber como se poderia cumprir o que o anjo te anunciava. Tu sabias que «a Deus nada é impossível» e não tinhas qualquer dúvida sobre isso; então porque disseste: «eu não conheço homem»? Não era a fé que te faltava; foi a tua humildade profunda que te fez dizê-lo. Não duvidavas do poder de Deus, mas consideravas-te indigna de tão grande prodígio. Se te perturbaste com a palavra do anjo, não foi por medo. À luz do próprio Deus, parece-me que foi mais por admiração. E que admiravas tu, ó Maria, senão a imensidade da bondade de Deus? Olhando para ti própria, julgavas-te indigna daquela graça e ficaste estupefacta. A tua pergunta é a prova da tua humildade. Não estavas cheia de medo, mas unicamente de admiração diante da imensa bondade de Deus, comparada com a tua pequenez, com a tua humilde condição.
Santa Catarina de Sena.