Reinaldo Azevedo é um dos mais importantes jornalistas do país. Colunista da revista Veja, ele nos brinda na edição desta semana com uma reflexão lúcida e pouco comum na imprensa brasileira: referindo-se ao interminável genocídio em Darfur, no Sudão, matéria de capa da publicação, Reinaldo defende que “a escolha do Mal” significa “a renúncia a Deus”.
Um texto tão belo não precisa de nenhum comentário. Segue o primeiro parágrafo:
Boa parte das nações e dos homens celebra, nesta semana, o nascimento do Cristo, e uma vez mais nos perguntamos, e o faremos eternidade afora: qual é o lugar de Deus num mundo de iniqüidades? Até quando há de permitir tamanha luta entre o Bem e o Mal? Até Ele fechou os olhos diante das vítimas do nazismo em Auschwitz, dos soviéticos que pereceram no Gulag, da fome dizimando milhões depois da revolução chinesa? E hoje, “Senhor Deus dos Desgraçados” (como O chamou o poeta Castro Alves)? Darfur, a África Subsaariana, o Oriente Médio… Então não vê o triunfo do horror, da morte e da fúria? Por que um Deus inerme, se é mesmo Deus, diante das “espectrais procissões de braços estendidos”, como escreveu Carlos Drummond de Andrade? Que Deus é este, olímpico também diante dos indivíduos? Olhemos a tristeza dos becos escuros e sujos do mundo, onde um homem acaba de fechar os olhos pela última vez, levando estampada na retina a imagem de seu sonho – pequenino e, ainda assim, frustrado…
O texto está disponível para assinantes da revista Veja. Mas quem não for assinante, pode ler o texto aqui, no blog Brasil Acima de Tudo – que diariamente publica online textos sempre interessantes dos principais jornais e revistas do país.