Morre aos 89 anos Dom Boaventura Kloppenburg

Bispo emérito de Novo Hamburgo era um dos nomes mais polêmicos da Igreja


Uma das vozes mais polêmicas da Igreja Brasileira se calou na tarde desta sexta-feira. Conhecido pela crítica acirrada ao marxismo e à teologia da libertação, o bispo emérito de Novo Hamburgo, Dom Boaventura Kloppenburg, morreu, por volta das 14h30min, aos 89 anos, no Hospital Regina, no município do Vale do Sinos.

Ele estava internado desde o dia 26 de abril, por complicações respiratórias. A missa de corpo presente será neste domingo, às 16h, na  Catedral São Luiz de Novo Hamburgo, onde após a cerimônia também será realizado o enterro.

Bispo da diocese da cidade por nove anos, de 1985 a 1994, deixou um legado de polêmicas e erudição. Foi autor de cerca de 90 livros, conforme seu sobrinho e biógrafo, José Alfredo Schierholt. O último, Creio na Vida Eterna, publicado no ano passado, é uma espécie de testamento espiritual.

Desde que se aposentou, ao completar 75 anos, morava com a irmã Josefina Kloppenburg, freira, na casa da pastoral localizada ao lado da catedral da cidade. Nascido em 1919 em Oldenburg, na Alemanha, foi o sétimo de nove filhos, batizado como Carlos José.

Com as dificuldades enfrentadas pela família devido à I Guerra Mundial, a família emigrou para o Brasil em 1924, quando Kloppenburg tinha quatro anos, e se estabeleceu no município gaúcho de Rolante.

Na década de 30, iniciou a vida religiosa no Seminário Menor da Sagrada Família, em Santo Ângelo. Tornou-se franciscano em dezembro de 1941, quando adotou o nome de Frei Boaventura, e foi ordenado em 1946. Foi único brasileiro a participar do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965.

Preocupado com questões teológicas e pastorais da América Latina, o religioso dirigiu o Instituto de Teologia e Pastoral para a América Latina, em Medellín, na Colômbia. Nos anos 60, quando liderava a editora Vozes, dom Boaventura Kloppenburg admitiu como secretário o então estudante Leonardo Boff. Poucos anos depois, a Teologia da Libertação colocaria os dois religiosos em posições opostas.

— A Teologia da Libertação se baseava no marxismo, e isso eu não pude aceitar — disse em entrevista à Zero Hora, em 1995.

Suas críticas ferozes à Teologia da Libertação — que defende a atuação da Igreja na resolução dos problemas sociais — acabaram lhe granjeando a fama de homem rígido e severo. Mas quem o conhecia ressaltava sua cordialidade e seu bom-humor. Características que lhe valeram a amizade do papa João Paulo II, cultivada desde 1974, quando ambos prepararam um trabalho durante um sínodo de bispos.

Entre 1975 e 1976, Kloppenburg ingressou na Comissão Teológica Internacional, onde conheceu Joseph Ratzinger, hoje o Papa Bento XVI, quando ambos eram padres e foram colegas de estudos. Quando ocupava o posto de bispo auxiliar em Salvador (BA), no início da década de 1980, sentiu saudades do sul do Brasil e, em setembro de 1986, se tornou bispo de Novo Hamburgo.

Frases

“O problema da miséria e da pobreza deve ser resolvido pelo governo e pela sociedade, não pela Igreja”

“O (Leonardo) Boff ficou tão contrariado com as minhas críticas que , quando assumiu a direção da Editora Vozes, proibiu a publicação de minhas obras. Ele, que tanto reclamou da censura do Vaticano, foi o censor mais implacável que eu tive.”

“A preparação e a inteligência de Boff são excelentes. Se ele não tivesse sido tão arrogante poderia estar aí, nos ajudando”

“Existe um ditado que diz: vá reclamar para o bispo. Muitos fiéis seguem esse conselho e a gente acaba cansando”

A trajetória

As principais realizações da vida eclesiástica de Boaventura Kloppenburg:

1919: Nasce em Oldenburg, na Alemanha, em uma família de forte tradição católica e repleta de padres.

1923: Sua família muda-se para Rolante, no Rio Grande do Sul, de onde logo se transfere para uma propriedade rural no interior de Bagé, hoje município de Hulha Negra.

1934: Decidido a virar padre, ingressa no seminário de São Leopoldo, onde estuda Teologia por três anos.

1941: Muda-se para Petropólis, no Rio de Janeiro, para estudar Teologia.

1946: Ordena-se padre e vai estudar Teologia Dogmática em Roma.

1951: Volta para o Brasil, onde ensina na Faculdade de Petrópolis até 1973.

Anos 50 e 60 – Dirige a Editora Vozes e publica, por mais de 20 anos, a Revista Eclesiástica Brasileira. Estuda o espiritismo, a umbanda e a maçonaria em profundidade, escrevendo livros, artigos e folhetos sobre essas seitas.

1962 – 1965: É o único brasileiro a participar do Concílio Vaticano II, sobre o qual publicou uma obra em cinco volumes.

1974 – 1982: Vai para Medellín como reitor do Instituto Pastoral da Colômbia.

1975 – 1990: É o único brasileiro a integrar a Pontifícia Comissão Teológica Internacional.

1982: É nomeado bispo auxiliar de Salvador, na Bahia.

1985: Assume a Diocese de Novo Hamburgo, que abrange 22 municípios, 44 paróquias e cerca de 700 mil fiéis.

1994: Apresenta sua renúncia ao bispado, em 2 de novembro, ao completar 75 anos.

Fonte: Zero Hora.

Meu comentário:

A Dom Boaventura, só poderia dizer: obrigado! Seu livro “Espiritismo: orientação para católicos” ajudou-me imensamente a superar essa doutrina infame, a qual marcou minha adolescência.

E sobre ter fama de “homem rígido e severo”, qualquer um que combata o bom combate será taxado assim pelos inimigos de Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Igreja.

Que o Pai o tenha em Seus braços!

América Latina celebra dia da criança por nascer

Diversos atos e discursos prestam homenagem aos não-nascidos

Por Carmen Elena Villa

BUENOS AIRES, quarta-feira, 25 de março de 2009 (ZENIT.org).- «Sempre devemos alegrar-nos pelo pequeno ser humano oculto aos nossos olhos, mas vivo no seio materno», explicou à Zenit Dom José Antonio Eguren, arcebispo de Piura (Peru) e presidente da Comissão Episcopal da Família, Infância e Vida.

Cada vez são mais os lugares que, no dia 25 de março, comemoram o Dia da Criança por nascer. A data se deve à celebração da solenidade da Anunciação-Encarnação do Menino Jesus no seio de Maria.

El Salvador foi o primeiro país que decretou uma celebração deste tipo em 1993, com o nome de «Dia do Direito a Nascer». Assim proclamou a Assembléia Legislativa graças aos esforços do movimento pró-vida, especialmente à proposta da «Fundação Sim à Vida» (afiliada à «Vida Humana Internacional»).

Por sua parte, em 7 de dezembro de 1998, o então presidente argentino, Carlos Saúl Menem, declarou 25 de março como «Dia da Criança por Nascer», a pedido de uma carta enviada pelo Papa João Paulo II.

Países como Guatemala, Chile, Costa Rica, Bolívia, Nicarágua, República Dominicana, Peru e El Salvador se uniram de maneira oficial a esta celebração.

Também as conferências episcopais de outros países, entre eles Colômbia, Equador e Panamá, uniram-se para recordar nesta data as milhares de crianças que estão em perigo de morrer no ventre materno.

Além dos encontros, passeatas, shows e conferências que marcam os acontecimentos desta semana, algumas mensagens motivam a celebração desta data. Para o arcebispo do Panamá, Dom José Dimas Cedeño Delgado, «não podemos deixar-nos influenciar pelas teorias de pseudocientistas materialistas que afirmam alegremente que a vida humana começa a existir semanas ou meses depois da concepção».

A conferência episcopal colombiana assegurou em um comunicado que esta celebração «nos leva a pensar em todas as mães, especialmente naquelas que por alguma situação específica se sentem tentadas a não chegar até o final com a gravidez».

«Houve um momento em que Jesus Cristo, como nós, foi um embrião, ou seja, uma Criança por nascer. No caso de que tivéssemos atentado contra Ele no seio de sua Mãe, teríamos cometido o mesmo crime que os soldados romanos consumaram no Calvário», assegurou Dom Eguren.

Fonte: Zenit.

Dia 25 de março “Dia Nacional do nascituro” em toda a América Latina: uma campanha internacional por uma cultura da vida humana

Roma (Agência Fides) – No dia 25 de março, solenidade da Anunciação do Senhor, em vários países da América Latina se celebrará o “Dia Nacional do nascituro”. Esta prática está se estendendo de ano em ano depois do ataque sempre mais freqüente contra a vida humana nascente. A Conferência Episcopal da Colômbia, através da Seção para a Família, promove este evento, unindo-se assim à campanha internacional iniciada pela Igreja por uma cultura pela vida humana. Este dia recorda que “a criança que está para nascer é um ser humano, um filho de Deus, que merece toda atenção, tanto da parte dos pais que a geraram quanto pela sociedade que deste modo se vê enriquecida de um novo membro”.

“Diante de um ambiente que procura prescindir de muitos seres indefesos, lê-se no material preparado para a ocasião, somos chamados a lutar a fim de que a nova vida das crianças nascituras possam se desenvolver e chegar à sua plenitude: em casa que acolhe com a experiência do amor sincero e fiel dos esposos e dos pais, e na sociedade que reconhece os seus direitos fundamentais e facilita a elas as possibilidades de chegar a uma maturidade pessoal”.

Os temas propostos para a reflexão neste Dia 2009 são: “reafirmar o valor de toda vida humana desde a concepção até a morte natura; promover a cultura da vida humana; despertar a solidariedade: acompanhar as mães gestantes; rezar a fim de que tenha em nosso país respeito por toda vida humana”.

A Conferência Episcopal propõe além disso, uma série de iniciativas de caráter formativo, social, cultural e religioso para celebrar este dia, entre elas: “assembléias familiares para o estudo dos temas durante a semana de 24 a 31 de março; laboratórios de formação sobre paternidade e a maternidade responsável; projeção de vídeo sobre o tema do aborto; encontros e convivências com agentes de saúde dos hospitais e das clínicas; laboratórios de formação com dirigentes públicos e agentes de saúde sobre objeção de consciência e sobre o consenso informado; lançamento do dia através dos meios de comunicação; realização de marchas e manifestações culturais em defesa da vida humana, celebração eucarística e bênção das mães gestantes”.

No Chile, no dia 24 de março às 19 horas, na Catedral de Santiago se realizará uma Santa Missa que será presidida por Dom Fernando Chomali, bispo auxiliar de Santiago, e concelebrada pelo Padre Marcos Burzawa, Msf. Durante a celebração, organizada pelo Departamento pela Família e pela Rede para a Vida e a Família, se realizará a entrega da imagem da Virgem de Guadalupe, a grande advogada e patrocinadora da vida humana, reafirmando o compromisso da Igreja no Chile em favor da vida. “A idéia é celebrar o maravilhoso ato de amor que é o florescimento de um novo ser e, com isso, promover uma cultura da vida em nossa sociedade”, explicou Pe. Burzawa.

No âmbito das celebrações deste ano, a Rede para a Vida premiará pelo seu trabalho em defesa da vida, Patrícia Mondaca, Diretora do Centro de Atenção às Jovens Grávidas de “Maria Ajuda”, e ao Jornalista da Rádio “O Conquistador” de Temuco, Luis Muñoz. A cerimônia de entrega dos prêmios se realizará no dia 25 de março, às 13 horas, no Auditório da Sede do Instituto DUOC de Ponte Alto. No Chile o evento se celebra desde o dia 18 de maio de 1999, data em que o senado aprovou, por unanimidade, um projeto no qual solicitava o Presidente da República a declarar o dia 25 de março de cada ano, “Dia do nascituro”. (RG)

Fonte: Agência Fides.

Venezuela: chavismo converteu-se em «religião»

Declarações de Xavier Legorreta, de Ajuda à Igreja que Sofre

ROMA, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- O «chavismo», ideologia promovida pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está se convertendo em uma espécie de religião: Xavier Legorreta, chefe da Seção da América Latina da associação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre, comenta com estas palavras o resultado do referendum de reforma da Constituição realizado neste domingo no país.

O referendum propunha a modificação de cinco artigos, todos eles relacionados ao poder político. Entre outros, propunha a supressão de toda limitação temporal ao mandato dos representantes eleitos, o que tornaria possível a reeleição do atual presidente, Hugo Chávez, inclusive uma vez finalizado seu mandato em 2012.

Já em dezembro de 2007, os venezuelanos haviam rejeitado essa mesma reforma constitucional em um referendum. Neste segundo intento, a proposta de Hugo Chávez obteve a maioria.

No período prévio ao referendum, houve manifestações violentas – organizadas tanto por simpatizantes como detratores – nas grandes cidades, sobretudo na capital, Caracas. Em 19 e 31 de janeiro, desconhecidos assaltaram a Nunciatura Apostólica de Caracas. No total, registraram-se sete ataques contra a representação do Papa no país nos últimos meses.

Legorreta, cujo trabalho consiste em oferecer apoio às comunidades católicas mais necessitadas no país, explica a promulgação de um segundo referendum sobre um mesmo tema com estas palavras: «O povo sabe que vai contra a lei, mas Chavez mascarou a votação com seu carisma, sua política e, sobretudo, sua ideologização».

«Cabe afirmar que, entretanto, o ‘chavismo’ se converteu em uma espécie de religião na Venezuela. A linguagem, a forma de apresentar-se, as conversas e discussões, tudo gira em torno da sua pessoa, sua ideologia e sua estratégia tática. Assim ele consegue o êxito, chamado também de ‘revolução bolivariana’», declara.

Esta «revolução», declara, busca «criar um modelo similar ao sistema político que esteve implantado na Europa do Leste, e que hoje ainda subsiste em Cuba: uma ditadura socialista encabeçada por uma forte personalidade, um líder. Em Cuba, esse líder é Fidel Castro, e na Venezuela, Hugo Chávez».

Ao fazer um balanço dos dez anos de Chávez como presidente, Legorreta explica sua chegada ao poder com estas palavras: «Eu diria que se procurou sair de um buraco para se cair em outro».

«Quando Chávez iniciou sua revolução, o povo sofria muito. Para as pessoas, a oferta de Chávez parecia algo atrativo e eficaz. Contudo, na realidade quase nem são visíveis os resultados esperados. Ainda que também haja coisas muito boas, como a possibilidade que os venezuelanos têm de ir a Cuba para receber tratamento médico – e de continuar indo aos médicos cubanos na Venezuela uma vez que regressam ao seu país.»

Diante do anúncio de Chávez de apresentar sua candidatura para um terceiro mandato, Legorreta recorda uma das máximas de Simón Bolívar, líder do movimento independente sul-americano que enfrentou o poder colonial espanhol, em quem o presidente venezuelano diz inspirar-se: «É doloso que alguém se perpetue no poder».

A relação da Igreja com o governo de Chávez nunca foi fácil. Já em 2001 houve uma onda de terror contra as instituições eclesiais: 28 bombas explodiram em uma só semana.

«Nestes tempos difíceis, os crentes são conscientes da necessidade de apoiar a Igreja e também seus pastores. O país atravessa uma grande crise e, sobretudo, sofre insegurança no âmbito social, econômico e político», explica Legorreta.

«Há pouco tempo, em uma carta pastoral, os bispos da Venezuela pediram ao governo que tome medidas para melhorar a segurança no país. Nota-se que as pessoas desejam aproximar-se da Igreja, por exemplo, pelo grande número de pessoas que vão à missa dominical e, em geral, a todas as celebrações litúrgicas.»

«Em 14 de janeiro, mais de 2,5 milhões de venezuelanos assistiram à celebração anual em honra da Virgem da Divina Pastora na Diocese de Barquisimeto. Nas paróquias que não foram objeto de ideologização, permanece uma fé profunda e devota», explica.

No começo, Hugo Chávez concebeu a idéia de fundar uma igreja venezuelana própria. Em várias ocasiões, atacou os bispos acusando-os de manipular as pessoas e intrometer-se na política.

Deste modo, indica o especialista, «Chávez tenta desunir a Igreja polarizando-a: elogia o trabalho de alguns sacerdotes, ao mesmo tempo em que critica ferozmente o trabalho e os esforços de outros. Seu objetivo é criar desunião para semear a confusão. Esta é uma boa estratégia para alguém que quer oprimir a Igreja».

Segundo Legorreta, «neste momento, o país precisa, antes de tudo, das nossas orações. Por outro lado, a Igreja precisa que a ajudem na catequese e na formação de futuros seminaristas».

«Em geral – conclui -, as religiosas e o clero em seu conjunto devem dispor de uma boa formação para estar à altura dos desafios dos anos vindouros. Muitas paróquias são pobres demais e estão muito necessitadas, pois têm de organizar-se com menos de 80 euros mensais.»

Fonte: Zenit. Para acompanhar a situação desastrosa da América Latina, recomenda-se a leitura dos blogs O que está acontecendo na América Latina? e, especialmente, o Notalatina, editado por Graça Salgueiro.