Católicos e judeus devem estar juntos diante do islamismo

Por Will Heaven.

Pela primeira vez desde a morte do Papa João Paulo II, as relações entre católicos e judeus se tornaram hostis. O Papa Bento XVI, em um esforço para remediar um cisma de vinte anos na Igreja Católica, permitiu o retorno de um negador do holocausto a seu rebanho. Mas as opiniões de um bispo lunático devem encerrar o diálogo interreligioso? Certamente, não. Agora, mais que em qualquer outra época de nossa turbulenta história, católicos e judeus devem estar juntos contra a ameaça do islamismo.

O negador do holocausto, bispo Williamson, é, de qualquer maneira, um homem desagradável e ignorante. Apesar de ter estudado na Universidade de Cambridge, ele rejeita a existência das câmaras de gás nos campos de concentração nazistas. Fazendo isso, ele nega o holocausto como evento histórico, alegando que “apenas” 300 mil judeus pereceram.

Para os católicos romanos, essas opiniões são intoleráveis. O Papa expressou sua desaprovação com palavras as mais duras, dizendo a uma delegação de judeus norte-americanos: “o ódio que foi manifestado durante o holocausto foi um crime contra Deus e a humanidade. Este capítulo terrível de nossa história jamais poderá ser esquecido”. Ele acrescentou: “a humanidade inteira deve continuar a lamentar a selvagem brutalidade que se abateu sobre o povo judeu”.

Suas palavras foram de extrema importância, e o rabino David Rosen elogiou as condenações do Papa à negação do holocausto como “absolutamente inequívocas”. Mas a lentidão do Vaticano em responder aos protestos não pode escapar às críticas.

A mídia internacional, que mal tinha acabado de atacar a guerra de Israel contra o Hamas, decidiu “reequilibrar a balança”, incitando sentimentos de anti-catolicismo. Mas os patéticos conselheiros do Papa, que estava “desinformado” sobre o antissemitismo público de Williamson (apesar de o fato ter sido relatado na página principal do jornal The Catholic Herald, ano passado) não deram importância ao assunto. Depois de colocarem perigosamente em risco vinte anos de progresso nas relações entre católicos e judeus, eles deveriam ser afastados.

Quando João Paulo II morreu em 2005, sua morte foi lamentada não somente por católicos romanos, mas por judeus em todo o mundo. Durante seu pontificado de 26 anos, o polonês Karol Wojtyla transformou a maneira da Igreja Católica se relacionar com o povo judeu.

Ele foi o primeiro Papa desde os dias da Igreja primitiva a entrar em uma sinagoga, e foi figura chave para o estabelecimento de relações diplomáticas entre o Vaticano e Israel, em 1994. Ele publicamente admitiu a falha de muitos católicos em agir contra os nazistas, e pediu perdão por seu comportamento. Em 2000, durante sua visita a Israel, aos 79 anos, ele pessoalmente prestou homenagens às vítimas do holocausto em Yad Vashem, inclusive se encontrando com sobreviventes.

Mas quando confrontado com problemas internos de sua Igreja, o Papa Wojtyla não foi tão bem sucedido. No fim dos anos 80, ele falhou em conter a ruptura de um movimento tradicionalista com Roma. E apesar da ligação com o fundador da Sociedade São Pio X, quatro bispos foram ordenados em desafio às leis da Igreja, o que lhes colocou em excomunhão automática.

O atual papa – na época, cardeal Ratzinger – foi mandado para restaurar a ordem. Apesar das numerosas dificuldades, ele iniciou o longo processo de reconciliação e esforçou-se para trazer os bispos rebeldes e seus seguidores de volta à Roma. Durante seu mandato como papa, e particularmente desde que restaurou a liturgia católica tradicional, este processo avançou firme rumo a seu objetivo.

O levantamento das excomunhões foi um assunto interno que resultou, para óbvio pesar do papa, em conseqüências externas catastróficas. Embora nenhum dos quatro esteja autorizado a ensinar na Igreja, a cicatrização de uma fratura quase levou ao surgimento de outra. O papa e seus conselheiros incompetentes estiveram perto de causar um desastre nas relações entre católicos e judeus. O resultado disso poderia ser desastroso para os dois lados.

Em 2009, boas relações entre a Igreja Católica e o povo judeu são mais importantes que nunca. A maior ameaça à estabilidade de Israel vem do Irã, na mais rancorosa expressão do Islamismo. O Hamas, em Gaza e na Cisjordânia, e o Hizbullah, no Líbano, estão sob a influência do regime iraniano que não reconhece o direito de existência a Israel. E agora este regime está próximo de ser capaz de fabricar armas nucleares. Para os judeus, a ameça se torna cada vez mais real.

Para os políticos seculares ocidentais, o fundamentalismo religioso é um fenômeno estranho a eles. Quando o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad declarou em 2005 que Israel deveria deixar de existir, a descrença do então primeiro-ministro britânico Tony Blair era evidente: “nunca estive em uma situação de o presidente de um país dizer que quer eliminar outro”. Blair nunca esteve nem mesmo perto de entender as razões do ditador islâmico. Do mesmo modo, a União Européia propôs um manifesto que condenava o Irã por não ser “um membro da comunidade internacional maduro e responsável”.

A Igreja Católica entende muito bem que a ambição mórbida de Ahmadinejad não tem nada a ver com maturidade política. Antes da revolução islâmica de 1979, havia em torno de 250 mil católicos vivendo no Irã. Agora, há menos de 15 mil. A intolerância de um regime fanático provocou a debandada de vasto contingente de católicos do Irã. Trata-se da mesma intolerância que tentaria livrar o Oriente Médio do povo judeu.

Apesar das tentativas do regime iraniano, Bento XVI tem sabiamente se recusado a encontrar com Ahmadinejad. Sobre o desejo do Irã de obter armas nucleares, ele se pronunciou afirmando ser “um assunto de grande preocupação” e chamou insisten­temente o regime islâmico a alcançar uma “coexistência pacífica” com outros países do Oriente Médio.

Mais importante, contudo, Bento XVI – a despeito dos recentes acontecimentos – permanece sendo um dos líderes políticos mundiais mais favoráveis a Israel. Da mesma forma que seu conselheiro, o papa anterior, que chamou o povo judeu de “nossos irmãos mais velhos”, Bento XVI tem constantemente tentado demonstrar sua “total e inquestionável solidariedade” a Israel e ao povo judeu, tal como fez quando visitou Auschwitz três anos atrás. Quando visitar Israel em maio, receberá uma recepção provavelmente bem diferente de seu predecessor. Mas suas orações no Muro das Lamentações serão igualmente sinceras e seu gesto igualmente intenso. É este anseio por cooperação diante de novas e terríveis ameaças a Israel que deve permanecer como prioridade.

Fonte: The Jerusalem Post. Tradução e adaptação de Matheus Cajaíba. Para ler o texto original em inglês, clique aqui.

Bombardeio contra o Papa: Bento XVI sofre críticas da imprensa e de clérigos

A pressão sobre o Papa Bento XVI é enorme. Nos últimos dias, ele vem sendo criticado pelos meios de comunicação em geral, pelos Hans Küng da vida e até mesmo por bispos de tendências “pogreçistas”. Os movimentos do Papa para a reconciliação com a Sociedade São Pio X pipocaram uma reação violenta por parte das alas modernistas da Igreja – justamente, aquelas que estão repletas de traidores interessados na sua destruição. Para saber se Bento XVI está correto em seus atos, basta saber o que o Leonardo Boff acha de suas ações; se o teólogo dos holofotes estiver insatisfeito, pode saber que o Papa está no caminho certo.

Este carnaval todo em torno das declarações (infelizes) do bispo Williamson, minimizando o holocausto, é ampliado e aumentado, tomando proporções imensas pela campanha de desmoralização promovida pela imprensa em geral contra Bento XVI. Este assunto já estaria pra lá de encerrado se a razão fosse usada em detrimento do patrulhamento ideológico. Isso porquê:

  1. Williamson e os outros três bispos da SSPX foram aceitos na Igreja como seus membros; isso quer dizer que eles agora podem receber sacramentos licitamente. Ainda que Williamson negue o holocausto, isso não é um delito canônico passível de excomunhão. Ser idiota não é motivo para ser expulso da Igreja;
  2. Os quatro bispos que tiveram sua excomunhão levantada não foram imediatamente aceitos na hierarquia da Igreja Católica. Ao contrário: é sabido que eles não estão exercendo nenhuma função reconhecida pela Igreja, inclusive estando impedidos de celebrar sacramentos.
  3. Williamson já pediu desculpas ao Papa pelo estrago que causou e já foi até mesmo demitido de sua função como reitor de um seminário da SSPX na Argentina.
  4. D. Bernard Fellay, Superior Geral da Sociedade São Pio X”, afirmou: “um bispo católico não pode falar com autoridade eclesiástica se não se tratar de uma questão de fé ou moral”. Ou seja: até mesmo a SSPX desautorizou as declarações de Williamson, salientando que ele não fala em nome da Sociedade, muito menos da Igreja.
  5. E por fim: a SSPX ainda não goza, neste momento, de nenhum reconhecimento canônico por parte da Igreja Católica.

Esses pontos já seriam por si só suficientes para encerrar qualquer conversa. Os quatro bispos foram aceitos novamente como católicos, mas não como clérigos. E negar o holocausto não é um pecado passível de excomunhão, portanto o levantamento da excomunhão do bispo Williamson nem remotamente tem relação com suas declarações revisionistas.

Mas, qual o quê! As declarações de Williamson deram munição para os inimigos do Papa e os anti-católicos do mundo inteiro. E eles estão disparando seu veneno. Pior: muitos dos críticos pertencem à hierarquia da própria Igreja Católica…

Padre influente de Chicago diz que a teologia de Bento XVI contribui para a controvérsia do holocausto

(CWNews.com) – O padre John Pawlikoski, diretor do Programa de Estudos Judaico-Católicos da União Teológica Católica, disse que a “eclesiologia ahistórica” do Papa Bento XVI contribuiu para a controvérsia que se seguiu ao levantamento da excomunhão do bispo Williamson.

O texto publicado no site Catholic Culture (original em inglês aqui) prossegue com as falácias do padre Pawlikoski, que culpa a Igreja por omissão diante do holocausto, fazendo coro aos farsantes que repetem as baboseiras de sempre contra Pio XII. A matéria lembra as afirmações públicas contundentes do Papa Bento XVI condenando o antissemitismo.

Na verdade, hoje foi o dia da malhação do Papa. O jornal Los Angeles Times se pergunta em editorial (resumido aqui, em inglês, com link para o original): “como o Papa pôde reabilitar um sujeito como Williamson sem realizar uma investigação completa?” Provavelmente, se o Papa soubesse das declarações de Williamson, não teria levantado as excomunhões – não antes de se certificar sobre o estrago que tais afirmativas do bispo poderiam provocar. O texto afirma que o Papa deveria ser mais prudente em suas ações. E os inimigos da Igreja, eles devem ser prudentes ao criticá-la?

Ainda assim, insisto: esse assunto deveria ser irrelevante. As opiniões de Williamson sobre o holocausto podem ser estúpidas e fantasiosas – e o são, mas não o impedem de ser católico. E Bento XVI, ao levantar sua excomunhão, quis dizer apenas que ele e seus três colegas estavam reintegrados na Igreja Católica. Seu gesto não quis dizer que eles se tornaram parte integrante da hierarquia sacerdotal da Igreja Católica. O assunto já deveria estar devidamente esquecido, mas a verdadeira campanha da mídia não é em favor da verdade, e sim da desmoralização do Sumo Pontífice e o enfraquecimento da sua autoridade moral – o que comprometeria gravemente a própria solidez da Igreja Católica.

Mais notícias sobre a repercussão do levantamento das excoumunhões

Não é fácil ser católico, um católico fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Sua Igreja – não estou falando de ser católico vira-lata, para isso, basta latir besteiras contra o Magistério da Igreja, o Papa… e ainda ter a cara de pau de dizer “eu sou católico, mas…” Isso é muito fácil. Difícil é ser católico de verdade.

Imaginem então ser padre. Agora, imagine ser bispo… E imagine ser Papa.

Bento XVI levantou as excomunhões aos bispos lefebvrianos e despertou a ira de setores da Igreja Católica e de líderes judaicos. Até o vigarista do Hans Küng abriu sua boca para proferir suas costumeiras imbecilidades.

Posto aqui links para duas matérias jornalísticas de interesse:

Papa se aproxima de tradicionalistas
Perdão a bispos excomungados em 1988 provoca diálogo entre setores da Igreja Católica

O Vaticano, os lefebvrianos e o antissemitismo

Faz parte das obrigações de um católico fiel estar bem informado sobre o que acontece em sua Igreja!