Uma resposta católica a Gregório Duvivier

O texto abaixo foi escrito como réplica a texto publicado no site do jornal Folha de São Paulo, escrito pelo colunista Gregório Duvivier
(http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2014/01/1396869-pessimo-mau-gosto.shtml).

Autor: Daniel Pires.

Vou ser o mais sucinto possível porque não gosto de perder tempo com subcelebridades que pegam carona na moda covarde do momento: malhar os verdadeiramente oprimidos. Não poderei ser tão sucinto quanto desejo porque mentiras são difíceis de se desarmar, ao passo em que mentir é extremamente fácil.

Tanto Galileu quanto Giordano Bruno não foram condenados por suas teses científicas, mas por heresias derivadas de suas conclusões. As autoridades da época tinham pouca tolerância com quem desrespeita o sagrado e achavam que era aceitável se livrar de maneira definitiva de quem fosse considerado herege, já que isso poderia fazer com que a ira de Deus recaísse sobre a sociedade. Entende-se por “herege”: “chato que quer fazer a Mancha Verde torcer para o Corinthians”. É um tipo especial de chato que quer acabar com a unidade de um grupo. Ele não se contenta em se desassociar de uma determinada instituição com a qual já não tem mais compatibilidade. Ele quer continuar participando do grupo e falar em nome dele. Ou seja: Não há como ser herege fora da Igreja. O sujeito tem que se dizer católico e agir de maneira contraditória aos dogmas romanos. A toda instituição se reserva o direito de excluir dissidentes. Mas a ÚNICA instituição a quem se nega covardemente tal direito é a Igreja.

De tal modo, cabia (como ainda cabe) à Igreja determinar se alguém era herege ou não. Caso se verificasse a hipótese de heresia, quem tomava as providências cabíveis eram os representantes do poder local. Você poderia até criticar tal conduta, mas tropeçaria no relativismo cultural próprio da ideologia esquerdista de que todas as culturas têm valor igual e os povos têm autodeterminação. Perguntaríamos: A cultura europeia vale menos? O fato de que Giordano Bruno foi queimado vivo por autoridades europeias é errado? De acordo com qual código moral OBJETIVO? Você tem algum para nos apresentar? Por que você defende o direito ao aborto mas é contra queimar pessoas vivas? O feto é menos humano que o condenado?

Galileu, que tal qual grama, vive na boca imunda dos equinos (por opção), morreu católico, jurando fidelidade e amor à Igreja. Será que você viu algo que ele não viu? Porque a “vítima” aqui no caso era ele. Por que se condói a favor de quem sequer concorda com seus delírios? Ele inclusive não chegou a comprovar sua tese – Não derrubou a paralaxe estelar, hipótese mais aceita na época. É muito fácil concluir hoje, no século 21, depois que a história se desenrolou, que Galileu estava correto. Não era o caso na época.

Quanto ao sacerdócio de mulheres, o que você tem a ver com isso? Entra na Igreja quem quer. A Igreja é uma instituição PRIVADA com regras próprias. Se formos no reino da kibação, aka HQ do Porta dos Fundos, pedir para que aceitem católicos tradicionais e conservadores em seu quadro de humoristas, vocês fariam isso? Certamente que não. Mais uma vez verificamos a crença estapafúrdia de que todas as instituições podem se autogovernar, menos a Igreja. E nós é que somos opressores?

O mesmo cabe dizer quanto a métodos contraceptivos: Alguém é forçado a ser católico? Você teria essa pachorra de querer zombar de muçulmanos por não consumirem bacon? Faça isso, mas aumente significativamente sua “corajosa” audácia e vá fazê-lo no Irã. Não critique a religião aqui, no ocidente salvo pelos católicos nas cruzadas, em Lepanto, em Malta. Faça-o por lá. Vamos ver quanto tempo você dura.

Ou melhor ainda, faça-o onde não há religião alguma senão a estatolatria positivista que você tanto gosta: vá para a Coreia do Norte fazer piada com Kim Jong-Un.

Ao que tudo indica, você se considera superior aos fetos deficientes ou frutos de estupro. Só faltou justificar: Por que você seria melhor que eles? Acaso não são humanos? E se são, com que autoridade você não só tenta negar seus direitos humanos, universais por natureza, como ainda quer repreender quem reconhece a dignidade da mais indefesa das classes? Seu utilitarismo vê as pessoas como ferramentas: Se não servem mais, que sejam abortadas, eutanasiadas. Descartadas. E enche a boca para falar de amor entre indivíduos do mesmo sexo? O que você entende de amor? Desde quando quem ama é homicida? Acha que amor é tratar um ao outro como um boneco inflável? O seu “amor” é um conceito abstrato e meloso utilizado para dar ares de pretensa superioridade ao seu discurso. Não resiste a um olhar mais minucioso sem se provar falso.

Nós, “opressores”, do outro lado, somos os abolicionistas de nossa época. Pedimos que se respeite a vida e nossa individualidade. Que absurdo, não? Quanto a você et caterva, a história relegará aquele que discrimina uma pessoa por ser doente ou estar dentro da barriga ao patamar dos escravagistas. A história pune, quando o ambiente acadêmico não está viciado por ideologias políticas.

Por fim, termino dizendo que você não é um humorista, mas uma mera prostituta. Seu último parágrafo o expõe – não somente como um mercenário, mas como um ignorante que fala do que não entende. Um estudo de teologia aprofundada, muito além do repressivo ambiente acadêmico brasileiro, faria muito bem para sua alma morta e cínica.

P.S.: Células-tronco embrionárias são um sumidouro de bilhões que nunca rendeu resultados significativos, só aberrações. Já as células-tronco adultas, apoiadas pela Igreja… (http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/10/nobel-de-medicina-premia-cientistas-por-trabalho-com-celulas-tronco.html)

Download: “O Cristianismo visto por um agnóstico”

Um dos textos que considero mais importantes para a minha formação como católico apresento hoje aqui em JORNADA CRISTÃ. Trata-se de uma matéria entitulada “O Cristianismo Visto por um Agnóstico“, publicada na revista Pergunte e Responderemos em 1988. Padre Tonico me deu este texto de presente em 1992, pouco antes de eu entrar no curso de História da FAFICH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas) da UFMG.

Trata-se de uma entrevista do jornalista Vittorio Messori com o professor universitário belga Léo Moulin. Moulin, um agnóstico convicto, estudou profundamente a Idade Média e a História do Cristianismo, tornando-se ele próprio um apologista da Igreja Católica. Para todo católico, este texto é imprescindível. Normalmente, não conhecemos nada sobre a Igreja, sua doutrina, seus ritos, sua liturgia… e também sua gloriosa História, tão difamada pelos meios de comunicação e pelos “intelectuais” anticristãos.

Nesta entrevista, o professor enumera as contribuições do Cristianismo para a civilização européia e a humanidade: os valores humanos, o desenvolvimento econômico, artístico e tecnológico da Idade Média, o florescimento da democracia, a regra de São Bento e a própria mensagem de Jesus Cristo.

Veja o recado que o professor dá aos católicos:

Reagi vós, católicos, contra aquele injusto masoquismo que se apoderou de vós após o Concílio do Vaticano II. A propaganda mentirosa que se iniciou no século XVIII, ou talvez antes, conseguiu a sua maior vitória, incutindo-vos uma consciência pesada; persuadiu-vos de que sois culpados de todas as desgraças do mundo e herdeiros de uma história que é preciso esquecer. Ora, na verdade não é assim. Estudai a vossa história, e vereis que o ativo destes dois mil anos supera de longe o passivo. E não vos esqueçais de comparar os frutos de Jesus e dos seus discípulos como Bento, Francisco, Domingos… com os frutos de outras árvores. O confronto vos abrirá de novo os olhos.

Para refletir: o professor Léo Moulin, agnóstico, era muito mais “católico” que tantos dentre nós que o somos apenas de nome… O católico tem por dever amar a sua Igreja. E ninguém ama aquilo que não conhece. Conhecer a História da Igreja Católica é, portanto, essencial para defendê-la das calúnias e injúrias as quais somos submetidos diariamente pela imprensa e pelos (de)formadores de opinião.