A cena se situa na sinagoga de Nazaré. Jesus, em pé, lê uma profecia especialmente querida e esperada pelos fiéis judeus: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor». Uma leitura mais ou menos conhecida e desejada, mas, enfim, uma leitura. O sucesso vem a seguir, quando Ele devolve o livro e, diante de todos os que estavam na sinagoga e que «tinham os olhos fixos nele», diz: «Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir». Toda a carga emotiva daquela cena estava neste advérbio: «hoje». Ele dizia: já, hoje é tempo de boas notícias. Como quando os anjos anunciaram aos pastores ao nascimento de Jesus: «Hoje vos nasceu um salvador»; ou como quando Jesus encontrou Zaqueu e lhe disse «Hoje, a salvação entrou nesta casa»; ou quando diz ao bom ladrão, Dimas: «Eu te asseguro que hoje estarás comigo no paraíso». A catequese dos primeiros cristãos, a que Lucas faz com Teófilo, não consiste em contar coisas de Jesus, mas na transmissão de uma Palavra e de uma presença vivas!
Dom Jesús Sanz Montes.
