Caso da menina brasileira não muda ensinamento católico sobre aborto

Esclarecimento da Congregação para a Doutrina da Fé

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 10 de julho de 2009 (ZENIT.org).- Após as polêmicas surgidas sobre um artigo publicado no jornal vaticano pelo arcebispo presidente da Academia Pontifícia para a Vida sobre a menina brasileira que foi submetida ao aborto de gêmeos, a Santa Sé confirma que a doutrina da Igreja não mudou.

Explica-o um “Esclarecimento” publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, na edição diária de 11 de julho de L’Osservatore Romano, como o próprio documento explica, em resposta a “várias cartas, inclusive da parte de altas personalidades da vida política e eclesial, que informaram sobre a confusão que se criou em vários países, sobretudo na América Latina”.

“A Congregação para a Doutrina da Fé confirma que a doutrina da Igreja sobre o aborto provocado não mudou nem pode mudar”, sublinha o “Esclarecimento”.

O documento se refere ao artigo publicado pelo L’Osservatore Romano no dia 15 de março de 2009, com o título “A favor da menina brasileira”, no qual o arcebispo Rino Fisichella, presidente da Academia Pontifícia para a Vida, analisava o caso da menina que, aos 9 anos, foi estuprada repetidamente pelo seu jovem padrasto, ficando grávida de gêmeos e que depois foi obrigada a abortar no quarto mês de gestação.

No artigo, Dom Fisichella confirmava que “o aborto provocado sempre foi condenado pela lei moral”.

Pois bem, em resposta às crônicas publicadas pelos jornais, o arcebispo considerava que, segundo seu parecer, não era adequado que o bispo do lugar anunciasse de maneira tão pública e rápida a excomunhão – “algo que se aplica de maneira automática”, esclarecia – dos envolvidos, pois desta forma não se ajuda a mostrar o rosto materno da Igreja.

O “Esclarecimento” vaticano informa que, como foi possível saber depois, a menina “tinha sido acompanhada com toda delicadeza pastoral, em particular pelo então arcebispo de Olinda e Recife, sua excelência Dom José Cardoso Sobrinho”.

O próprio Dom Fisichella, em declarações posteriores à mídia, havia esclarecido que, antes de escrever o artigo, dada a urgência de responder rapidamente à enorme polêmica que havia sido suscitada, não tinha podido falar com Dom Cardoso Sobrinho, motivo pelo qual não estava informado deste fato.

O documento da Congregação para a Doutrina da Fé, cujo presidente é o cardeal americano Willian Levada, não entra nos detalhes concretos deste caso, mas se limita a ilustrar os textos de referência do magistério da Igreja sobre o aborto, em particular os números 2270-2272 do Catecismo da Igreja Católica.

O texto cita também várias passagens da encíclica Evangelium vitae, assinada por João Paulo II no dia 25 de março de 1995, em particular o número 58, no qual se esclarece que o aborto provocado nunca pode ser justificado, ainda que aconteça em “situações difíceis e complexas”, seja para o bebê ou para a mãe.

No que se refere ao problema de determinados tratamentos médicos para preservar a saúde da mãe, o texto esclarece que “é necessário distinguir bem entre dois fatos diferentes: por um lado, uma intervenção que diretamente provoca a morte do feto, chamada em ocasiões de maneira inapropriada de aborto ‘terapêutico’, que nunca pode ser lícito, pois constitui o assassinato direto de um ser humano inocente”.

Algo totalmente diferente, continua indicando o “Esclarecimento”, é “uma intervenção não-abortiva em si mesma, que pode ter, como consequência colateral, a morte do filho”.

Para explicar este ensinamento da Igreja, a nota cita um famoso discurso de Pio XII, de 27 de novembro de 1951, no qual afirma: “Se, por exemplo, a salvação da vida da futura mãe, independentemente de seu estado de gravidez, requerer urgentemente uma intervenção cirúrgica, ou outro tratamento terapêutico, que teria como consequência acessória, de nenhum nenhum modo querida nem pretendida, mas inevitável, a morte do feto, um ato assim já não se poderia considerar um atentado direto contra a vida inocente”.

“Nestas condições, a operação poderia ser considerada lícita, igualmente a outras intervenções médicas similares, sempre que se trate de um bem de elevado valor –como é a vida– e que não seja possível postergá-la após o nascimento do filho, nem recorrer a outro remédio eficaz”, dizia o Papa Eugenio Pacelli nesse discurso.

No que se refere ao papel dos médicos nestes casos, o documento lhes recorda, com a Evangelium vitae (n. 89), “a intrínseca e imprescindível dimensão ética da profissão clínica, como já reconhecia o antigo e sempre actual juramento de Hipócrates, segundo o qual é pedido a cada médico que se comprometa no respeito absoluto da vida humana e da sua sacralidade”.

O documento vaticano não entra em detalhes sobre a aplicação automática da excomunhão no caso do aborto.

Fonte: Zenit.

Aborto em Recife: um crime sem investigação

Dois gêmeos foram mortos; a menina e sua mãe estão incomunicáveis

Por Padre Luiz Carlos Lodi.

No dia 4 de março de 2009, em Recife foi praticado um crime de aborto em uma menina de nove anos, natural de Alagoinha (PE), que havia sido transportada à capital para o procedimento pré-natal. Os gêmeos abortados, com cerca de vinte semanas de vida, provavelmente respiraram e choraram antes de morrer. Até agora ninguém informou em qual lata de lixo eles foram lançados.

Na noite do dia anterior, a menina grávida e sua mãe foram transferidas às pressas do hospital em que se encontravam (o Instituto Materno Infantil de Recife – IMIP) para outro (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros – CISAM), onde os médicos fizeram o aborto. Membros do grupo pró-aborto Curimim, financiados pela International Women’s Health Coalition (IWHC), foram ao IMIP e convenceram a mãe analfabeta a pedir a alta da filha. Mãe e filha foram transportadas para o CISAM em companhia de Dra. Vilma Guimarães, ginecologista e coordenadora do Centro de Atenção à Mulher do IMIP.

A pressa dos abortistas tinha razão de ser, uma vez que o pai biológico da menina Sr. Erivaldo (que vive separado da mãe), contrário ao aborto, estava dirigindo-se ao IMIP, acompanhado de um advogado, para pedir a alta da filha. Para os defensores do aborto havia o risco iminente de que o IMIP fosse obrigado a deixá-la sair, uma vez que, mesmo após a separação, o pai biológico continuava, por lei, a exercer o poder familiar sobre a filha. E mais: havia o risco – nada pequeno – de que a gravidez prosseguisse normalmente e que fossem dadas à luz, por cesariana, duas lindas crianças, que seriam batizadas pessoalmente pelo próprio Arcebispo de Olinda e Recife Dom José Cardoso Sobrinho! Imagine-se o ônus para a causa abortista se uma gravidez gemelar em uma menina de nove anos se convertesse em ícone da causa pró-vida!

Com “uma ação ágil e coordenada de grupos feministas” [1], o aborto foi feito por médicos do CISAM. Mediante a divulgação sistemática de mentiras pelos meios de comunicação social, o caso se transformou em um grande espetáculo em favor dos abortistas e contra o Arcebispo Dom José Cardoso Sobrinho. Após o crime consumado, a menina, a mãe e uma irmã da menina, de 13 anos, também ela vítima de abuso sexual, foram colocadas em um “abrigo” [2] desconhecido e inacessível, onde se encontram até hoje guardadas (ou encarceradas?), impedidas de se comunicar com o Conselho Tutelar de Alagoinha (unanimemente contrário ao aborto) e com o próprio pai Sr. Erivaldo.

A seguir alguns importantes esclarecimentos sobre o triste episódio.

O QUE SE DIZ… A VERDADE
No Brasil o aborto é legal em dois casos, previstos no Código Penal.
Art. 128 – Não se pune o aborto praticado por médico:
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
No Brasil, o aborto diretamente provocado é sempre crime, haja ou não pena associada a ele. O artigo 128, CP, não diz que o aborto “é permitido”. Nem sequer que “não é crime”. Diz apenas “não se pune”. A lei pode deixar de aplicar a pena ao criminoso após o crime consumado (por exemplo, fica isento de pena o furto praticado entre parentes – art. 181, CP), mas não pode dar permissão prévia para cometer um crime.
Se a gestante estiver correndo risco de vida, o médico que pratica o aborto fica isento de pena. Para que o médico autor do crime fique isento de pena, não é suficiente que a gestante tenha corrido “risco de vida”. É necessário provar que não havia outro meio – a não ser o aborto – para salvar a vida da gestante.
Já em 1965, o médico legal Dr. Costa Júnior dizia que essa hipótese jamais ocorre, pois o aborto é mais perigoso para a mãe que o prosseguimento da gravidez. E advertia: “não envolvam a Medicina no protecionismo ao crime desejado” [3]
A menina de nove anos grávida de gêmeos corria risco iminente de morrer, caso o aborto não fosse praticado. Na manhã do dia 3 de março, o diretor do IMIP Dr. Antônio Figueira, disse a Dom José Sobrinho, na residência episcopal e na presença de toda uma equipe de profissionais convocada para estudar o caso, que a menina não corria risco iminente de vida e que, se os pais o desejassem, a gestação poderia ser levada a termo com os cuidados do hospital.

Na tarde do mesmo dia, o IMIP deu alta à menina, a pedido da mãe [4], sob influência do grupo Curumim, alegando que não havia risco iminente para a menina.

Como a gravidez da menina resultou de um estupro, os médicos que praticaram o aborto ficam isentos de pena. Para que os autores do crime gozem da não aplicação da pena, não basta que a gravidez tenha resultado de um estupro. É necessário que o aborto tenha sido precedido do consentimento da gestante. No caso, como a gestante é incapaz, é necessário que tenha havido o consentimento de ambos os pais, que a representam legalmente.
O consentimento da mãe da menina foi suficiente para isentar os médicos da pena. Provavelmente, o consentimento da mãe foi obtido mediante fraude, o que torna a conduta dos médicos enquadrada no artigo 126, parágrafo único, CP, ou seja, reclusão de três a dez anos.
O consentimento do pai biológico da menina não era necessário para isentar os médicos da pena. Ainda que a mãe tenha dado livre e validamente o seu consentimento, isso não é suficiente para deixar os médicos impunes, uma vez que havia a oposição do pai biológico. Compete a ambos os pais representar os filhos incapazes nos atos da vida civil (art. 1634, V, CC), e o poder familiar não se extingue pela separação dos pais (art. 1632, CC).
Faltando o consentimento do pai, a conduta dos médicos enquadra-se no artigo 125, CP (“provocar aborto, sem o consentimento da gestante”), cuja pena é reclusão de três a dez anos.
O destino dado aos bebês abortados é irrelevante para o caso. Sendo o aborto um crime que deixa vestígios, é indispensável o exame de corpo de delito (art. 158, CPP), que deve ser feito nos cadáveres dos gêmeos e na menina submetida ao aborto. A ocultação dos cadáveres serve para encobrir o crime.
A ocultação da menina, de sua irmã e da mãe é necessária para que elas fiquem a salvo do assédio da imprensa. A ocultação da menina, de sua irmã e da mãe interessa aos abortistas, a fim de que não seja possível a investigação sobre o crime. “O rapto de menores com ocultamento dos pais para realizar um aborto supostamente legal já foi praticado várias outras vezes na América Latina por organizações feministas. Já ocorreu pelo menos três vezes na Bolívia e uma vez na Nicarágua, mas é a primeira vez que ocorre no Brasil” [5]
O aborto foi feito por motivos humanitários, em benefício da própria menina. O aborto foi feito por interesses espúrios, instrumentalizando a menina para a propaganda abortista financiada internacionalmente pela International Women’s Health Coalition (IWHC), que patrocina o grupo Curumim.
Dom José Cardoso Sobrinho excomungou os médicos que fizeram o aborto. O Arcebispo não excomungou ninguém. Apenas informou que, segundo o Código de Direito Canônico, “quem provoca aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententie (automática)” (cânon 1398).
Se a excomunhão é automática, Dom José não precisaria ter avisado. Justamente por ser um pena automática, é necessário que os fiéis sejam avisados de sua existência. De acordo com o Direito Canônico, para que alguém incorra na excomunhão automática, é necessário que conheça essa pena anexa ao crime (cânon 1324, §1, n.9 e §3). Dom José cumpriu seu dever ao anunciar a pena de excomunhão, a fim de que os médicos católicos, ao menos por temor da pena, poupassem a vida dos gêmeos. Foi um último recurso tentado para salvar os inocentes.
Não é justo que seja excomungada uma menina de nove anos. A menina não foi excomungada, uma vez que não é passível de nenhuma pena canônica quem, no momento do delito, não tinha completado 16 anos. Provavelmente a mãe também não foi excomungada, se foi coagida por medo grave a dar consentimento ao aborto (cânon 1323, n. 1 e n. 4).

Para concluir, transcrevemos as interrogações do pároco de Alagoinha Pe. Edson Rodrigues, inseridas em seu blog no dia 24.04.2009:

Dois meses depois, em que deu o caso da menina? [6]

Já se passaram dois meses do triste episódio aqui de Alagoinha e ainda estamos querendo entender alguns fatos que até hoje ninguém explica. Muitos merecem um esclarecimento, visto que se trata de vidas que estão em jogo. Como Pastor de uma comunidade que deve se questionar a cada sobre as conseqüências do infeliz fato de nossa pequena de 9 anos ter engravidado de gêmeos do próprio padrasto e, lamentavelmente, não ter tido o direito de ver as suas duas filhas, pergunto:

1 – Onde estão a menina e a sua mãe, visto que aqui na cidade nenhum de nós (pai biológico da criança, Conselho Tutelar, Polícias, Autoridades constituídas, Igrejas e a própria comunidade) não tem conhecimento sequer de onde estejam?

2 – Por que tanto sigilo. Entendo que se queira preservar a garota e sua mãe do assédio da mídia para que não estrague mais o fato do que já estragou. Mas as pessoas citadas acima, nenhuma delas é jornalista. Por que tanto mistério até para o pai biológico da criança? O que está por trás disso?

3 – “Aborto realizado, caso encerrado”, assim dizem alguns. Será? Eu diria, “aborto realizado, crime consumado”. Neste país, crimes são passíveis de punições, pelo menos deveriam ser. E este? De quem é a culpa da morte das duas meninas? Quem deve pagar por isso?

4 – Onde estão as provas reais da “legalidade” deste aborto até hoje devidas pelo Hospital ao Conselho Tutelar de Alagoinha?

5 – Por que o Conselho Tutelar daqui, que acompanhou o fato do início ao seu trágico fim, foi banido do caso, sem que receba nenhuma informação?

6 – A questão da “excomunhão” amplamente divulgada pela imprensa nacional e internacional quis, como de fato conseguiu, desviar a atenção pública para um fato bem mais sério: o aborto, uma  decisão imperiosa da parte de “especialistas que juraram um dia preservar a vida”, e que hoje se dão ao direito de decidir sobre quem vive ou deve deixar de viver entre nós. O que é mais grave e merece mais atenção de nossa parte?

Estes e outros tantos questionamentos estão ainda em nossa mente e em nosso coração. Quem vai respondê-los? Isso a gente também gostaria de saber.

[1]Aborto: Caso de Pernambuco é questão de Direitos Humanos. Comissão de Cidadania e Reprodução. Disponível em: <http://www.ccr.org.br/uploads/noticias/EditorialCCR5-mar.pdf>.

[2] MENINA recebe alta e vai para abrigo com mãe e irmã. Diário de Pernambuco, 7 mar. 2009. Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/03/07/urbana5_0.asp>.

[3] COSTA JÚNIOR, João Batista de O. Por quê, ainda, o abôrto terapêutico? Revista da Faculdade de Direito da USP, São Paulo, v. IX, p. 312-330, 1965.

[4] MÃE pede alta de menina estuprada por padrasto. JC Online 3 mar 2009. Disponível em: <http://jc3.uol.com.br/tvjornal/2009/03/03/not_177412.php>.

[5] Disponível em: <http://www.pesquisasedocumentos.com.br/silencioabortolegal.pdf>.

[6] http://padreedson.blogspot.com/2009/04/dois-meses-depois-em-que-deu-o-caso-da.html.

JORNADA CRISTÃ entrevista Dra. Alice Teixeira: “Aborto em seguida a um estupro é uma segunda violência”

Frente à ofensiva abortista que tomou grande ímpeto com o triste caso da menina de Alagoinha (PE), abusada sexualmente pelo padrasto e, grávida de gêmeos, foi submetida a um aborto, procurei para esclarecimentos a Dra. Alice Teixeira, médica e professora do Departamento de Biofísica na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), onde ministra aulas de Bioética. Militante pró-vida, com experiência de mais de quarenta anos na medicina, é Doutora em Biologia Molecular pela Escola Paulista de Medicina em 1971, com Pós-Doutorado na Research Division of Cleveland Clinic Foundation, Cleveland, Ohio, Estados Unidos em 1972.

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Foto: Revista Catolicismo

Eu aconselharia a assitir o vídeo “O Grito Silencioso” para ver que mesmo o aborto por aspiração a vácuo é uma ação mais violenta que o próprio estupro. O aborto químico com cytac e RDU pode induzir hemorragias perigosas e difíceis de controlar

Dra. Alice participa ativamente do movimento pela vida em nosso país, tendo publicado artigos a respeito da proposta de legalização do aborto e da pesquisa com células-tronco embrionárias, salientando o momento da concepção como início da vida de um indivíduo humano. Gentilmente, a professora concedeu-me a seguinte entrevista, através de email:

JORNADA CRISTÃ: Nesse episódio de Alagoinha, falou-se muito na interferência da Igreja em um assunto que, em tese, pertenceria apenas ao estado, repetindo-se continuamente o jargão “estado laico”. A imprensa em geral criticou a atitude do bispo Dom José Cardoso, que anunciou publicamente a excomunhão de todos os envolvidos na prática do aborto – exceto a menina. O que a senhora pensa a respeito?

Dra. Alice: Sociedade laica significa que tem liberdade religiosa, e não que se trata de sociedade ateia, além do mais tem muito ateu que é contra o aborto. Quanto à excomunhão automática, só é excomungado quem se diz católico. Ora, as “católicas pelo direito de decidir”, ao apoiar o aborto, estão todas automaticamente excomungadas, ou seja, são as “excomungadas pelo direito de decidir”, e devem reconhecer isto não usando o nome de católicas em vão. Mas não tem problema, caso se arrependam sinceramente serão acolhidas pela Igreja. Por isto, rezamos e pedimos a Deus que elas se arrependam. Atualmente, não entendo como o termo “excomunhão” causa tal impacto. Afinal, se eu pertencer a uma associação qualquer e desrespeitar alguma de suas normas eu sou desligada da mesma. Parece que há fatos que são proibidos de acontecer. Esta questão da excomunhão católica está parecendo o caso do Adriano, auto-excomungado do futebol.

JORNADA CRISTÃ: São numerosos os casos de gravidez em decorrência de estupro? Os casos têm aumentado ou diminuído nos últimos anos?

Dra. Alice: Estupro: nas favelas ou na miséria de nosso país, a mulher é vista como objeto sexual. Uma mulher deve sempre ter um homem, senão ela é de TODOS. Mesmo que seu amasio seja um pinguço vagabundo, ela tem de mantê-lo. Esses homens, geralmente chamados de “padastros”, usam sexualmente das filhas de suas mulheres com o consentimento das mesmas, pois elas querem manter seus homens. No nordeste é pior, pois as filhas, meninas ainda, são vendidas às “autoridades” que promovem a prostituição infantil.

Humberto Costa, quando ministro da saúde em 2005, facilitou a vida destes exploradores de mulheres ao introduzir a norma técnica de não ser necessário o boletim de ocorrência para se realizar o aborto em caso de estupro. Assim, fica difícil de se fazer uma pesquisa confiável sobre casos de estupro e dizer se aumentaram ou diminuiram. Vale qualquer número.

Sociedade laica significa que tem liberdade religiosa, e não que se trata de sociedade ateia

JORNADA CRISTÃ: É verdade que a maioria das mulheres que sofrem violência sexual e engravidam em decorrência disso imediatamente escolhem abortar?

Dra. Alice: Num levantamento feito em 2004 no nosso serviço de atendimento às mulheres que sofreram tal violência, 80% recusaram o aborto. Muitas delas ficaram satisfeitas com seus filhos e felizes por terem feito tal opção. Afinal, o aborto é uma segunda violência e não existe aborto seguro. Eu aconselharia a assitir o vídeo “O Grito Silencioso” para ver que mesmo o aborto por aspiração a vácuo é uma ação mais violenta que o próprio estupro. O aborto químico com cytac e RDU pode induzir hemorragias perigosas e difíceis de controlar.

JORNADA CRISTÃ: O aborto, em caso de estupro, é realmente um alívio psicológico?

Dra. Alice: Não é, pois neste caso se trata de uma segunda violência. Por outro lado, a mãe pode encaminhar a criança para a adoção, como fez a própria Jane Roe (Norma Mc Corvey, do processo Roe x Wade). Atualmente, ela é ativamente contra o aborto; diz que mentiu no processo, que não havia sido estuprada. Norma diz que “o aborto fere a mulher”. De acordo com ela, está longe de ser um alívio.

JORNADA CRISTÃ: Passado um prazo maior de tempo, como se comportam as mulheres violentadas que decidiram abortar seus bebês e as que decidiram seguir adiante com a gravidez? Existe algum acompanhamento? Existem pesquisas a respeito?

Dra. Alice: Da mesma forma que as feministas que defendem o aborto, temos também DVDs com testemunhos de mulheres que estão realizadas como mães por terem decidido pela vida de seus filhos. Quanto à adoção, no nosso serviço de Amparo Maternal à Mãe Solteira, nem todas dão seu filhos e tem-se uma fila de dois anos de espera.

Humberto Costa, quando ministro da saúde em 2005, facilitou a vida destes exploradores de mulheres ao introduzir a norma técnica de não ser necessário o boletim de ocorrência para se realizar o aborto em caso de estupro

JORNADA CRISTÃ: Uma criança concebida através de um estupro tem um comportamento diferente? Torna-se um trauma para a mãe e para a família? A senhora tem informações a respeito?

Dra. Alice: Não constitui trauma e frequentemente são bem recebidas. Doris Hipólito, diretora da Associação Nacional das Mulheres pela Vida, que trabalha em prol de mulheres pobres da Baixada Fluminense, pode lhe dar testemunho e provas do que afirmo. Estas são as verdadeiras feministas, que exigem do SUS tratamento digno das mulheres e de seus filhos. Em 16 anos, 1920 mulheres foram dissuadidas de praticarem o aborto por esta Associação, que também lhes dá cursos profissionalizantes para melhor poderem cuidar de suas familias. Não tem ajuda de governo e nem dos dólares que as ONGs abortistas recebem para promover o aborto no Brasil.

JORNADA CRISTÃ: A criança de Alagoinha tinha condições físicas de levar sua gravidez adiante ou realmente corria sérios riscos de vida? Ela corria riscos com o procedimento abortivo? Como poderia ser realizado um parto em uma menina de 9 anos grávida de gêmeos?

Dra. Alice: A menina de Alagoinha foi utilizada como engôdo pelas abortistas, que usaram-na para promover o aborto no pais. Os médicos do Instituto da Infância de Pernambuco pretendiam dar seguimento à gestação e também o amparo necessário à menina. Ela acabou sendo seqüestrada pela assistente social e levada para a ONG Curumin para realizar o aborto sob a pressão de que corria risco de vida. Pai e mãe foram pressionados para aceitar tal fato e não permitiram acesso a vozes contrárias, pois se tratava de uma ótima oportunidade de comover o pais e tornar a opinião pública favorável ao aborto.

JORNADA CRISTÃ: Psicologicamente, o aborto foi o melhor para a menina? Por que ela deveria levar a gravidez adiante?

Dra. Alice: Não sabemos. Mas o abortamento foi complicado, pois os gêmeos não saíram em seqüência e se relata grande hemorragia. Correu maior risco de vida do que se fosse a gestação acompanhada pelos médicos do IAMP. Na mesma época, surgiu o caso da menina de 11 anos do Rio Grande do Sul grávida e que se negou a fazer o abortamento. Devidamente acompanhada, a menina de Alagoinha poderia levar a gravidez adiante.

Dra. Elizabeth Cerqueira, de Jacareí, já fez parto em menina de 10 anos. Podemos ficar chocados, mas um nordestino, da estirpe dos “coronéis”, nos disse alguns dias atrás, comentando o fato de Alagoinha: “A menina que já menstruou já é mulher, está pronta para o uso. Afinal a gente já não cruza a cadela em seu primeiro cio, apesar de estar jovenzinha?” Como já disse, isto é da nossa cultura; perversa, mas nossa.

JORNADA CRISTÃ: Quais as conseqüências de um aborto para a mulher, a curto e longo prazos? O estupro serve para justificar um aborto? Dos pontos de vista psicológico e fisiológico: é melhor para a mulher que foi violentada ter o bebê ou abortá-lo?

Dra. Alice: Uma mulher, quando grávida, é fisiologicamente preparada para a maternidade por uma variedade de hormônios. O aborto é uma interrupção abrupta dessas alterações e produz um grande impacto. Costumam comparar com a retirada de um computador ligado da tomada. A reação psicológica também é desastrosa. No Japão, onde já foram realizados milhões de abortos desde 1945, testemunhei em Tokio, num templo cheio de budistas, num dia de festa, centenas de mulheres, muitas em pranto, trocando os babadores vermelhos destas estátuas que representam seus filhos abortados, colocando doces e brinquedos, dizendo: “Perdão, pois não deixei você brincar com este brinquedos. Perdão, pois não deixei você comer estes doces gostosos”. Se isto não for amargo arrependimento, não sei classificá-lo.

Um nordestino, da estirpe dos “coronéis”, nos disse alguns dias atrás, comentando o fato de Alagoinha: “A menina que já menstruou já é mulher, está pronta para o uso. Afinal a gente já não cruza a cadela em seu primeiro cio, apesar de estar jovenzinha?” Como já disse, isto é da nossa cultura; perversa, mas nossa

JORNADA CRISTÃ: Gostaria de pedir a sra. que desse detalhes sobre a pesquisa da UNIFESP, onde segundo a sra. afirmou, “verificou-se que 80% destas mulheres grávidas por estupro se recusaram a abortar, e estão contentes com os filhos, enquanto que as 20% que realizaram o aborto estão arrependidas.”

Dra. Alice: Foi uma pesquisa feita por um dos nossos alunos do Curso Biomédico, em 2004, por iniciativa própria. Ele estava em dúvida se o aborto em caso de estupro era aceitável ou não. Ele foi ao nosso serviço e fez o levantamento por conta própria. Este serviço é controlado por abortistas da nossa universidade, de modo que não permitirão a publicação destes dados nunca. No caso de Perola Byington também se tem o predomínio dos abortistas, começando pelo seu diretor, Dr. Jefferson, que proíbe aos seus residentes, ao fazerem o ultra-som das gestantes de estupro, mostrarem as imagens de seus filhos, tais como o coração batendo, o pezinho, os dedinhos da mão, etc., pois as mães desistem imediatamente do abortamento. De modo que está totalmente distorcido o discurso abortista.

D. José Cardoso Sobrinho premiado pela firme defesa da vida e do ordenamento canônico da Igreja

Num auditório superlotado por cerca de 1.200 pessoas, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, recebeu em Recife o Prêmio Cardeal Von Galen, concedido pela instituição internacional Human Life International (HLI).

A HLI agiu em nome das associações católicas pró-vida de mais de 80 países do mundo.

“Foi uma surpresa muito grande para mim”, comentou o prelado. D. José ressaltou que o prêmio não é pessoal, dele, mas da Igreja Católica.

Ele acrescentou “apenas ter seguido os princípios da Igreja e do Direito Canônico.” O egrégio prelado recebeu inúmeras manifestações de simpatia e apoio.

E até a solidariedade de pessoas de países longínquos como Austrália e Suécia, segundo informou o site da Abril.

O arcebispo esclareceu que se tivesse guardado silêncio diante do crime, teria sido cúmplice, “quase conivente”. “Cumpri meu dever”, resumiu.

É todo um exemplo para outros bispos que possam vir a estar na mesma difícil situação.

Ele explicou o significado do Prêmio:

“O Prêmio leva o nome do Bem-Aventurado Clemens August von Galen (1878-1946), o qual foi bispo de Münster (Alemanha) durante a era nazista (foto).

“Levantou sua voz em defesa dos pobres e dos doentes, protestando contra a eutanásia, a perseguição dos judeus e a expulsão dos religiosos. Por causa de sua coragem, ficou conhecido como o “Leão de Münster”.

“O lema que escolheu quando foi eleito bispo foi “Nem elogios nem ameaças” [me distanciarão de Deus]. E verdadeiramente viveu conforme o seu lema.

“Dom José Cardoso Sobrinho se destacou pelo empenho com que lutou pelos dois gêmeos nascituros daquela pobre menina grávida de apenas 9 anos de idade, em face de tanto negativismo, tanto dentro como fora da Igreja.”

Na cerimônia participaram monsenhor Ignacio Barreiro, JD, STD, chefe do bureau da Human Life International em Roma, representado ao Rev. Padre Thomas Euteneuer, Presidente do Human Life International, e o próprio Raymond de Souza.

Diante do auditório lotadíssimo, “dom José Cardoso reafirmou o fato de que todos os católicos que concorrem para a realização de um aborto provocado se põem automaticamente (latae sententiae) fora da comunhão eclesial e deixam de receber os benefícios advindos dos Céus pelos méritos intercessórios da Igreja”, escreveu o blog “Por quê não dizem a verdade?“.

Muita oportuna a escolha do Prêmio. A ofensiva contra a vida reedita a promoção nazista do eugenismo.

E a conduta de certos órgãos da grande imprensa, políticos e teólogos “da Libertação”, a agressividade laicista e deformação dos fatos por eles ostentada, relembra os sórdidos tempos de Goebbels, Hitler e colaboradores.

Tempos esses de silenciamento e difamação hitlerista contra os corajosos resistentes católicos, como o glorioso Cardeal Von Galen, hoje glorificado nos altares.

Fonte: Valores inegociáveis: respeito à vida, à família e à religião.

Grupo pró-aborto internacional conspirou com hospital para matar bebês gêmeos em gestação em famoso caso brasileiro

Parte I

Por Matthew Cullinan Hoffman, correspondente do LifeSiteNews na América Latina

RECIFE, BRASIL, 9 de abril de 2009 (LifeSiteNews.com) – Uma organização pró-aborto internacional conspirou com equipe pró-aborto de hospital para provocar o agora famoso aborto numa menina brasileira de nove anos, de acordo com testemunhas.

LifeSiteNews recebeu informação de que, ao contrário das alegações repetidas nos principais meios de comunicação do Brasil, o hospital onde ela foi originalmente internada reconheceu publicamente que a vida dela não estava em perigo na época em que o aborto foi realizado.

O aborto, que atraiu a atenção da mídia internacional quando o arcebispo local excomungou os participantes, foi executado depois que se ficou sabendo que uma menina cujo nome não foi revelado estava grávida de gêmeos depois de ter sido estuprada por seu padrasto durante vários anos. Ele confessou o crime e agora está preso.

Embora outros bispos brasileiros e até mesmo uma autoridade do Vaticano tenham se distanciado da excomunhão, relatos de testemunhas e declarações públicas feitas à imprensa indicam que os motivos dados para justificar o aborto são longe de acurados.

De acordo com o Pe. Edson Rodrigues, um sacerdote católico da cidade natal da menina de Alagoinha que estava presente durante o momento difícil, os pais da menina declararam sua oposição ao aborto em geral e ao aborto em particular proposto para sua própria menina. Contudo, depois que a menina foi internada no Instituto de Medicina Infantil de Pernambuco (IMIP), ela e sua mãe foram isoladas pela equipe do hospital, que declarou que um aborto era necessário para salvar a vida de sua filha.

Em 28 de fevereiro, “chegamos ao IMIP por volta das 15h”, escreve Rodrigues numa declaração no site de sua diocese de Pesqueira. “Subimos ao quarto andar onde estavam a menina e sua mãe em apartamento isolado. O acesso ao apartamento era restrito, necessitando de autorização especial”.

“Ao apartamento apenas tinham acesso membros do Conselho Tutelar, e nem tidos. Além desses, pessoas ligadas ao hospital. Assim sendo, à área reservada tiveram acesso naquela tarde as conselheiras Jeanne Oliveira, de Recife, e Maria José Gomes, de nossa cidade”, continua Rodrigues.

“Com a proibição de acesso ao apartamento onde menina estava me encontrei com a mãe da criança ali mesmo no corredor. Profunda e visivelmente abalada com o fato, expôs para mim que tinha assinado ‘alguns papéis por lá’. A mãe é analfabeta e não assina sequer o nome, tendo sido chamada a pôr as suas impressões digitais nos citados documentos”.

“Perguntei a ela sobre o seu pensamento a respeito do aborto. Valendo-se se um sentimento materno marcado por preocupação extrema com a filha, ela me disse da sua posição desfavorável à realização do aborto. Essa palavra também foi ouvida por Robson José de Carvalho, membro de nosso Conselho Paroquial que nos acompanhou naquele dia até o hospital… Saímos, pois, do IMIP com a firme convicção de que a mãe da menina se mostrava totalmente desfavorável ao aborto dos seus netos, alegando inclusive que ‘ninguém tinha o direito de matar ninguém, só Deus'”.

Na segunda-feira seguinte, o Pe. Rodrigues chegou com o pai da menina, que tinha claramente declarado sua oposição ao aborto, e dois conselheiros. O grupo tentou chegar até o quarto andar para visitar a mãe e a menina, mas foram impedidos.

O Pe. Rodrigues escreve que “quando chegamos ao primeiro andar, um funcionário do IMIP interrompeu nossa subida e pediu que deixássemos o elevador e fôssemos à sala da Assistente Social em outro prédio. Chegando lá fomos recebidos por uma jovem assistente social chamada Karolina Rodrigues”.

O Pe. Rodrigues observa que, apesar do fato de que o pai não havia dado consentimento para a realização do aborto, a assistente social informou ao grupo que “com base no consentimento assinado pela mãe da criança em prol do aborto, os procedimentos médicos deveriam ser tomados pelo IMI dentro de poucos dias. Sem compreender bem do que se tratava, questionei a assistente no sentido de encontrar bases legais e fundamentos para isto. Ela, embora não sendo médica, nos apresentou um quadro clínico da criança bastante difícil, segundo ela, com base em pareceres médicos, ainda que nada tivesse sido nos apresentado por escrito”.

Depois de descobrir que o pai estava presente, a assistente social insistiu em conversar com ele sozinho, sem a presença do Pe. Rodrigues ou dos dois conselheiros tutelares, de acordo com Rodrigues. Depois de 25 minutos de conversa, o pai mudou de idéia, diz Rodrigues. Ele declara que o pai mais tarde contou que ele havia sido informado de que sem o aborto, sua filha morreria, e assim era melhor abortar os gêmeos em gestação.

Parte II – 192.445 meninas de 10 a 14 anos de idade deram a luz entre 2000 e 2006 no Brasil

Reportagem investigativa de Matthew Cullinan Hoffman, correspondente na América Latina

RECIFE, BRASIL, 10 de abril de 2009 (LifeSiteNews.com) – Depois de ficar sabendo que a equipe do hospital no Instituto de Medicina Infantil de Pernambuco (IMIP) estava buscando manipular os pais de uma menina de nove anos grávida para que aprovassem um aborto para ela, o Pe. Edson Rodrigues diz que os funcionários do IMIP impediram que os conselheiros tutelares e o próprio Pe. Rodrigues tivessem acesso aos pais e à menina.

Contudo, depois que o pai saiu do IMIP, o Pe. Rodrigues diz que ele e os dois conselheiros tutelares puderam conversar com ele. O pai, Erivaldo Francisco, disse que uma assistente social chamada Karolina Rodrigues – uma mulher sem nenhuma especialização médica – o havia convencido da necessidade de um aborto. Apesar das manchetes do jornal local afirmando que ele e a mãe da menina estavam sendo guiados por uma equipe de especialistas médicos no hospital, ele reconheceu que não chegou a conversar com um único médico.

Mas o que disseram a Francisco não era verdade. Aliás, conforme o IMIP mais tarde confessaria publicamente, a filha dele não estava em perigo na época em que o aborto foi feito. Além disso, as próprias estatísticas do Brasil revelam que gravidezes em meninas de menos de 14 anos de idade têm uma mortalidade mais baixa do que nas mulheres em geral.

De acordo com as estatísticas fornecidas pelo Grupo Curumin, que é pró-aborto, e extraídas do serviço DATASUS/MS do governo brasileiro, entre 2000 e 2006 192.445 meninas de 10 a 14 deram a luz no Brasil, enquanto 105 morreram durante a gravidez, parto ou aborto, isto é, 55 de cada 100.000 (http://grupocurumim.blogspot.com/2009/03/coletiva-sobre-caso-da-menina-de.html). Mesmo que presumíssemos que nenhuma dessas mortes foi causada por abortos provocados, que é uma suposição improvável, essa taxa de mortalidade é mais baixa do que a taxa média de mortalidade materna para todas as idades no Brasil, que é 75 de cada 100.000 (veja http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2007/c03.htm).

A taxa pode ser mais baixa porque tais casos, sendo relativamente incomuns, recebem atenção especial no Brasil. Os hospitais monitoram rigorosamente tais gravidezes, e uma operação cesariana pode ser feita para proteger a menina das dificuldades na hora do parto.

A Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira, obstetra brasileira, disse em declaração pública sobre o caso que “não sei de ninguém que morreu por causa da idade precoce com que engravidou, se recebeu acompanhamento adequado”, e que ela pessoalmente sabe de casos de meninas de 10 anos que deram a luz e estão bem de saúde. Ela acrescentou que o aborto provavelmente provocará graves danos psicológicos à menina, e comentou que poderia-se induzir um parto prematuro em algum ponto depois das 22 semanas, em vez de um aborto. Os gêmeos já estavam na 20ª semana de gestação quando foram mortos.

Ironicamente, na mesma época em que a equipe do IMIP estava querendo um aborto para a sua jovem paciente, uma menina de nove anos no Peru estava dando a luz sem nenhum problema, se tornando a mãe mais jovem do Peru. Ela havia sido sexualmente abusada por um parente, e estaria recebendo aconselhamento e assistência financeira do governo peruano, noticiou a AP (veja o artigo em http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/12/02/ult34u169397.jhtm).

Entretanto, apesar da ausência de perigo para a mãe, médicos pró-aborto nos níveis mais elevados do hospital conspiraram para provocar a morte de seus gêmeos em gestação. Vilma Guimarães, coordenadora do Centro de Atenção à Mulher do IMIP, defendeu publicamente um aborto já em 27 de fevereiro, muito embora ela admitisse que nunca havia examinado a menina. “Em situações de gravidez de risco para a mãe o melhor é interromper a gestação”, ela disse ao jornal Diário de Pernambuco. Com base em tal padrão, daria para se justificar abortos em todas as gravidezes, pois a gravidez sempre traz algum grau de risco.

O Pe. Rodrigues observa que Vilma Guimarães era uma das duas pessoas que tinham acesso à mãe e sua filha no IMIP. A outra era o diretor do hospital, Antonio Figueiras. Não se sabe se Guimarães induziu a mãe da menina a dar consentimento ao aborto.

Depois dos eventos no IMIP, Rodrigues e os conselheiros tutelares entraram em contato com o Bispo Francisco Biasin de Pesqueira, a diocese em que a menina residia, e explicou a situação. Por sua vez, Biasin fez contato com o Arcebispo José Cardoso Sobrinho da Arquidiocese de Olinda e Recife, onde estava localizado o IMIP. Os dois começaram a se consultar com advogados e médicos para decidir o que deveriam fazer para salvar os bebês gêmeos em gestação dentro da menina. Durante o período em que a controvérsia estava pegando fogo, o Arcebispo Cardoso diz que ele estava trabalhando 15 horas por dia no caso.

Cardoso convocou uma reunião na manhã de 3 de março na residência episcopal, comparecida pelo diretor do IMIP, Antonio Figueiras. Depois de ser informado da conduta manipulativa da equipe do hospital, Figueiras concordou em cancelar os planos para realizar o aborto dos gêmeos em gestação no IMIP.

Além disso, a arquidiocese de Olinda e Recife começou procedimentos legais para deter o aborto. Na tarde de 3 de março, Figueiras e Erivaldo compareceram diante do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, e o juiz expressou desejo, conforme saiu na imprensa, de impedir a realização do aborto. Erivaldo Francisco ficou convencido de que ele havia cometido um engano ao dar consentimento para a realização do aborto, e assinou uma declaração retirando a permissão do procedimento, que ele havia entregue ao hospital. O hospital reconheceu publicamente para o jornal O Globo que Francisco havia retirado a permissão para realizar o aborto.

No entanto, no meio tempo, o arcebispo Cardoso havia recebido uma ligação de Figueiras, relata Rodrigues. Membros de uma organização feminista pró-aborto chamada Grupo Curumim haviam entrado no hospital com dois técnicos da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, e haviam convencido a mãe a assinar um documento para tirar sua filha do hospital. Rodrigues diz que ele foi informado de que ela então saiu, acompanhada da pró-aborto Vilma Guimarães. O hospital afirmou que não sabia onde elas haviam ido, e não tinha meios de fazer contato com Guimarães.

O Grupo Curumim, que incita a opinião pública a apoiar a legalização do aborto no Brasil, é uma organização financiada pelo lobby pró-aborto internacional, comenta Alberto Monteiro, um conhecido ativista pró-vida do Brasil.

“O Grupo Curumim afirma ser uma organização cujo trabalho é financiado pela IWHC… A IWHC é uma entidade feminista e uma das maiores promotoras internacionais do aborto clandestino”, escreve Monteiro num email público sobre o caso (Nota: o texto deste email está disponível aqui, em sua íntegra). “A entidade foi praticamente fundada por Adrianne Germain, uma socióloga que antes de haver fundado a IWHC havia trabalhado no Conselho Populacional de Nova York, uma das Organizações Rockefeller que desencadeou, nos anos 50, todo o trabalho de controle populacional e de promoção do aborto ao qual assistimos hoje a nível internacional sem saber de onde estas coisas procedem”.

Quando perguntados pelo jornal O Globo sobre como a menina foi liberada do hospital, o jornal relata que “O hospital argumenta que foi obrigado a conceder a alta, uma vez que a garota não corria risco de morte e esse é um direito que assiste a quem tem a guarda da criança”, assim admitindo publicamente que a menina não estava, na realidade, em perigo de morte (veja o artigo original aqui: http://oglobo.globo.com/pais/cidades/mat/2009/03/04/igreja-catolica-tenta-impedir-aborto-de-gemeos-de-menina-de-9-anos-abusada-por-padrasto-em-pernambuco-754680349.asp)

Chegando ao hospital com Francisco e um médico e psicóloga enviados pela arquidiocese, Rodrigues relata que depois de serem obrigados a esperar, eles foram informados de que a menina havia sido removida pela sua mãe, e ninguém sabia onde elas haviam ido. Rodrigues realizou uma coletiva à imprensa denunciando a transferência.

No dia seguinte, 4 de março, a imprensa revelou que a menina havia sido levada para o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM) da Universidade de Pernambuco. Ali, a equipe médica abertamente pró-aborto abortou os gêmeos.

O Dr. Rivaldo Mendes de Albuquerque, que realizou o aborto, declarou publicamente que o caso “mostra que a questão do aborto é um assunto de saúde pública no Brasil, e tem de ser considerado caso a caso. Leis restritivas não melhoram a saúde pública, principalmente a saúde das mulheres”, numa entrevista com a BBC.

Ele também afirmou na mesma entrevista que “as leis religiosas foram escritas pelos clérigos, e não traduzem exatamente as palavras de Deus. Isso nos dá paz de espírito, e reconhecemos que a Igreja Católica cometeu, e continuar a cometer, erros, e principalmente com relação aos direitos das mulheres no Brasil e no resto do mundo. A Igreja está se metendo inapropriadamente nesses direitos, que são reconhecidos internacionalmente como direitos humanos”.

Parte III – Arcebispo pró-vida brasileiro abandonado por colegas bispos e por autoridade do Vaticano por excomungar médicos aborteiros

Artigo de monsenhor Fisichella no jornal L’Osservatore Romano provocou “danos incalculáveis à causa pró-vida”

Por Matthew Cullinan Hoffman, correspondente na América Latina

RECIFE, BRASIL, 11 de abril de 2009 (LifeSiteNews.com) – O arcebispo Cardoso de Recife, depois de dias tentando salvar a vida dos bebês gêmeos em gestação, os filhos de uma menina tragicamente engravidada com a idade de nove, disse que se sentiu angustiado com a notícia da morte deles.

O caso ficou amplamente conhecido no Brasil, tendo sido noticiado nos grandes jornais desde 27 de fevereiro. Em 3 de março, um dia antes do aborto, Cardoso anunciou a excomunhão dos médicos e qualquer outra pessoa envolvida no procedimento. Ele teve o cuidado de especificar que a própria menina não foi excomungada, devido à sua falta de controle sobre a situação.

Cardoso mais tarde explicou que a excomunhão pela participação direta no aborto é automática sob a lei canônica da Igreja Católica, e assim sua declaração foi simplesmente o cumprimento de um fato que ele se sentiu obrigado em consciência a anunciar.

“Eu quero dizer que estou com a minha consciência tranqüila”, disse o arcebispo para a revista Veja vários dias depois. “Cumpri o meu dever. Não podia prever essa reação em nível nacional e internacional, mas remorso eu sentiria se tivesse ficado em silêncio. Humanamente falando, é muito mais cômodo cruzar os braços e fechar os olhos. Eu estou tranquilíssimo”.

“Espero que os fiéis católicos se conscientizem da gravidade de um aborto. Nós sabemos que no mundo inteiro acontecem 50 milhões de abortos por ano. No Brasil, há 1 milhão a cada ano. Quero lembrar o que aconteceu na II Guerra Mundial. Hitler, aquele ditador, queria eliminar o povo judaico e dizem que ele chegou a matar 6 milhões de judeus. Não podemos esquecer esse delito”.

“Agora, eu pergunto: por que vamos ficar em silêncio quando estão acontecendo 50 milhões de abortos no mundo? Eu chamo isso de o holocausto silencioso. E nós, cristãos, não podemos ficar quietos”.

Embora Cardoso tenha recebido uma carta de elogio do Cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação dos Bispos em Roma, e tenha sido inicialmente apoiado por seus colegas bispos, suas ações provocaram uma grande oposição no Brasil, onde o público foi levado a crer que o aborto foi necessário para salvar a vida da menina, uma noção que os meios de comunicação repetiram, sem receberem críticas, durante a cobertura inteira do caso (grifo meu).

Os médicos envolvidos no aborto expressaram menosprezo público pela declaração do arcebispo. “Graças a Deus estou no rol dos excomungados”, disse Fátima Maia, que se descreve como “católica” e que declarou que ela “teria feito tudo novamente”, e que o “Cisam fez e vai continuar fazendo, estamos preparados, qualificados e referenciados para esse tipo de atendimento há 16 anos”, completou”.

O gerente médico do Cisam, Sérgio Cabral, que conforme a imprensa ajudou no aborto, disse não ter nenhum problema de consciência. “Estou cumprindo um trabalho perante a população pobre de Pernambuco”, afirmou ele.

O Grupo Curumim, a organização feminista pró-aborto que recebe financiamento internacional e que ajudou a convencer a mãe da menina a dar consentimento para o aborto, também usou a mesma conversa. Repetindo a falsa afirmação de que a vida da menina estava em perigo, a coordenadora Paula Viana disse que “assusta achar que a vida de uma menina vale menos que o pensamento de um religioso fundamentalista” (grifo meu).

O presidente Lula, que defende publicamente a legalização do aborto, uniu-se ao coro de denúncias, junto com seu ministro da saúde pró-aborto, José Gomes Temporão, e vários membros do Congresso Nacional.

“Como cristão e católico, lamento profundamente que um bispo da Igreja Católica tenha um comportamento conservador como esse. Não é possível que uma menina estuprada por um padrasto tenha esse filho, até porque a menina corria risco de vida”, Lula disse aos meios de comunicação.

A imprensa brasileira, que de maneira geral é considerada socialmente como esquerdista e simpatizante do aborto, noticiou denúncias de longe, inclusive da Itália, enquanto virtualmente ignorando aqueles que apoiaram o arcebispo.

Nos dias seguintes, a liderança da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começou a recuar em face das críticas. Depois das declarações iniciais de apoio ao arcebispo, o secretário-geral da CNBB, Dimas Lara Barbosa, disse que a excomunhão não se aplicava à mãe porque ela agiu sob pressão, e estava tentando salvar a vida de sua filha. Com relação aos médicos, Barbosa disse que “não temos os meios de dizer qual médico foi excomungado e qual não foi. Depende do grau de compreensão de cada um”.

Entretanto, Barbosa foi além, insinuando que de certa maneira Cardoso havia criado “confusão” ao anunciar a excomunhão. “Segundo ele [Barbosa], a repercussão da excomunhão dos médicos envolvidos mudou o foco da situação e esvaziou o debate da sociedade”, noticiou a Agência Brasil, citando declaração de Barbosa dizendo que “esse aspecto tão repugnante do que foi o crime praticado, se diluiu diante da história da excomunhão”.

Contudo, a resposta do arcebispo Salvatore “Rino” Fisichella, o presidente da Pontifícia Academia pela Vida, representou a rejeição mais devastadora das ações do arcebispo Cardoso.

Usando linguagem que ecoa a retórica de organizações pró-aborto, Fisichella acabou com Cardoso no jornal L’Osservatore Romano em 15 de março, defendendo os médicos que realizaram o aborto, negando que eles mereciam ser excomungados da Igreja Católica, e denunciando Cardoso por ter agido “precipitadamente”.

Parecendo insinuar de certa forma que cometeu-se uma ofensa contra a menina de nove anos grávida, Fisichella intitulou seu artigo, “Do Lado da Menina Brasileira”, e escreveu que “Carmen deveria ter em primeiro lugar sido defendida, abraçada, acariciada para fazê-la sentir que estamos todos com ela, todos, sem nenhuma distinção”.

“Antes de considerar a excomunhão, era necessário e urgente proteger a vida inocente e retorná-la a um nível de humanidade da qual os homens da Igreja deveriam ser pregadores e mestres especializados”, continuou ele. “Mas não foi desse jeito, e, infelizmente, afetou a credibilidade de nosso ensino que parece aos olhos de muitos como insensível, incompreensível e cruel”.

A menina, cujos gêmeos haviam sido abortados, “representa uma história de violência diária e virou manchetes de jornais só porque o arcebispo de Olinda e Recife apressadamente anunciou a excomunhão dos médicos que a ajudaram a interromper a gravidez”, escreveu Fisichella, usando o eufemismo da indústria do aborto para se referir ao aborto. Contudo, o caso foi noticiado com destaque na mídia brasileira por mais de uma semana antes que a excomunhão fosse anunciada.

O arcebispo também fez a afirmação, comum entre organizações pró-aborto, de que o aborto foi “Uma decisão difícil para os médicos e para a própria lei moral. Escolhas como essa, ainda que sejam de uma classificação diferente, são enfrentadas diariamente na salas de emergência e a consciência do médico se acha sozinha no ato de ter de decidir a melhor coisa a fazer. Ninguém, porém, chega a uma decisão desse tipo com desleixo; é injusto e ofensivo até mesmo levar isso em consideração”.

Ele também repetiu a afirmação de que o aborto foi necessário para salvar a vida da menina, declarando que “O médico carrega em si sua história e sua experiência; uma escolha como essa de ter de salvar uma vida, sabendo que está colocando uma segunda vida em sério risco, jamais é uma experiência fácil”.

Embora reconhecesse que a lei automaticamente excomunga aqueles que estão envolvidos em abortos diretos, Fisichella concluiu declarando sua opinião de que os médicos e outros que estavam envolvidos no aborto não “mereciam” excomunhão.

Dirigindo-se à menina, Fisichella escreveu que “Outros merecem excomunhão e nosso perdão, não aqueles que permitiram que você vivesse e que ajudarão você a recuperar a esperança e a confiança, apesar da presença do mal e da perversidade de muitos”.

O artigo do arcebispo Fisichella virou manchete no Brasil e no mundo inteiro. A Associated Press anunciou que “prelado do Vaticano defende o aborto para menina de nove anos” e a manchete do Washington Post foi semelhante: “Autoridade do Vaticano Defende Aborto para Menina”.

O Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, presidente do Pró-Vida de Anápolis, disse para LifeSiteNews que “o artigo do monsenhor Fisichella no L’Osservatore Romano provocou danos incalculáveis à causa pró-vida”, e acrescentou que “a Igreja Católica no Brasil nunca passou por uma perseguição nesse nível”.

Lodi escreveu uma carta ao arcebispo Fisichella, chamando o arcebispo Cardoso de herói e pedindo que Fisichella “esclareça sua posição com relação ao aborto executado na pobre menina”.

“Esse caso já está sendo usado pelos abortistas para promover a legalização do aborto no Brasil. É necessário evitar qualquer aparência de aceitação por parte da autoridade da Igreja”, escreveu Lodi.

De acordo com a imprensa, Fisichella recebeu queixas de outras organizações e indivíduos pró-vida. Entretanto, até o momento ele vem se recusando a se retratar de suas declarações.

Apesar de ter sido abandonado por muitos na hierarquia, o arcebispo Cardoso recebeu apoio de líderes pró-vida internacionais e membros de sua própria administração diocesana, bem como da vizinha Diocese de Pesqueira. Vários deles, inclusive o Pe. Rodrigues (o padre da paróquia onde a menina reside), o Vigário Geral e o Reitor do Seminário de Olinda e Recife, e o advogado diocesano, escreveram uma carta opondo-se a Fisichella e respondendo suas declarações.

Chamando o artigo de Fisichella de “uma direta afronta à defesa pela vida das três crianças feita veementemente por Dom José Cardoso Sobrinho” os autores da carta disseram que o prelado do Vaticano falou “sobre o que não conhecia, e o que é pior, sequer deu-se ao trabalho de conversar anteriormente com o seu irmão no episcopado…”

Informações de contato

Congregation for the Bishops
Giovanni Battista Re, Cardinal, Prefect
Francesco Monterisi, Secretary
Palazzo della Congregazioni,
00193 Roma,
Piazza Pio XII, 10
Phone: 06.69.88.42.17
Fax: 06.69.88.53.03

S. E. R. Mons. Salvatore FISICHELLA,
Titular Archbishop of Voghenza
President, Pontifical Academy for Life
Via della Conciliazione 1
00193 Roma
Tel. +39 06 69882423 / 06 69881693
Fax +39 06 69882014

Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com. Para ler os originais em inglês, clique aqui: Parte I, Parte II e Parte III.

Articulação mundial contra o Papa

Por Olavo de Carvalho.

Tão logo o Papa Bento XVI anunciou a reintegração da Igreja tradicionalista na ordem pós-conciliar – o que de si já é uma ironia, pois a novidade não pode reintegrar em si a tradição, e sim ao contrário -, desencadeou-se contra ele uma das mais maliciosas campanhas de ódio já vistas na mídia mundial.

Três episódios marcaram os seus pontos altos.

Primeiro veio o bispo Williamson – um factóide na mais plena acepção do termo. Até a véspera, ninguém o conhecia. Quando o descobriram entre os milhares de sacerdotes e fiéis beneficiados pela suspensão de uma pena eclesiástica coletiva, saiu do anonimato e tornou-se repentinamente um perigo para a espécie humana, por ter emitido numa igreja de bairro, ante umas poucas dezenas de fiéis se tanto, uma opinião antijudaica. Por toda parte ergueram-se gritos de escândalo, significativamente voltados não contra o bispo, mas contra o Papa. Como se a revogação do castigo não viesse do simples reconhecimento de um erro judicial velho de quatro décadas, e sim do endosso papal às convicções pessoais do bispo – até então ignoradas não só do Vaticano, mas do mundo – sobre matéria alheia ao seu sacerdócio, à fé católica, às razões da penalidade e às da respectiva suspensão. Forçando a inculpação por osmose até o último limite do artificialismo, lançava-se sobre toda a Igreja tradicionalista e, de quebra, sobre o Papa que a acolhera de volta, a vaga mas por isso mesmo envolvente suspeita de anti-semitismo. Não por coincidência, entre os mais inflamados denunciantes encontravam-se aqueles que tanto mais se esforçam para proteger os judeus contra perigos inexistentes quanto mais se devotam a entregá-los, inermes, nas mãos de seus inimigos armados.

Depois, veio o episódio das camisinhas. Não há como medir os gritos de horror, as lágrimas de escândalo, as gesticulações frenéticas de abalo moral com que a grande mídia reagiu à declaração blasfema de que esses sacrossantos dispositivos não protegem eficazmente contra a Aids. Na verdade, não protegem nada. Edward C. Green, diretor do Projeto de Pesquisas sobre Prevenção da Aids no Harvard Center for Population and Development Studies, informa que a revisão mundial dos resultados obtidos nos últimos 25 não mostra o menor sinal de que as camisinhas impeçam a contaminação. O único método que funciona, diz Green, é a redução drástica do número de parceiros sexuais. Uganda, que por esse método e com forte base religiosa reduziu os casos de Aids em 70 por cento, é o único – repito: o único – caso de sucesso espetacular já obtido contra essa doença. Mas que importam esses dados? A camisinha não vale pela eficácia, ó materialistas prosaicos. Ela é um símbolo, a condensação elástica dos mais belos sonhos da utopia pansexualista, onde as criancinhas praticarão sexo grupal nas escolas, sob a orientação de professores carinhosos até demais (sem pedofilia, é claro), e nas praças os casais gays darão lições de sodomia teórica e prática, para encanto geral do público civil, militar e eclesiástico. De que vale a verdade, de que valem as estatísticas, de que valem as vidas dos ugandenses, diante de imagens tão radiosas da civilização pós-cristã que a ONU, o Lucis Trust, a mídia bilionária e todos os pseudo-intelectuais do mundo almejam para a humanidade? É em defesa desses altos valores que se ergueram gritos de revolta contra o Papa, esse estraga-prazeres, esse iconoclasta sacrílego.

Por fim, veio o documentário da BBC, onde o ex-cardeal Ratzinger é acusado de proteger padres pedófilos, determinando que fossem removidos de paróquia em vez de punidos. É claro que a coisa já estava pronta fazia tempo, aguardando a oportunidade política, que veio com os esforços de Bento XVI para restaurar a unidade da Igreja, algo que os apóstolos da nova civilização temem como à peste. A BBC, outrora uma estação respeitável, tornou-se uma central de propaganda esquerdista tão fanática e desavergonhada que o que quer que venha dela deve ser recebido a cusparadas, mas em todo caso vale lembrar que um padre formalmente condenado na justiça por pedofilia não tem como ser removido de paróquia, pois já está removido para a cadeia. Restam os padres meramente acusados, sem provas judiciais válidas. A mídia quer que a Igreja os castigue assim mesmo, a priori, à primeira palavra que se publique contra os desgraçados. O cardeal Ratzinger é acusado, no fim das contas, de não ter feito isso. É preciso toda a técnica cinematográfica da BBC para dar a impressão de que se trata de coisa imoral, até mesmo vagamente criminosa. Mas, nesses casos, a realidade não importa nada. A impressão é tudo.

Destaco esses três episódios só como amostras, no meio de um bombardeio multilateral, incessante e crescente, no qual só a estupidez voluntária pode enxergar uma simples confluência de casualidades, sem nenhuma coordenação ou planejamento.

Fonte: site de Olavo de Carvalho.

A gravidade do aborto

Por Dom Fernando Arêas Rifan.

Na polêmica suscitada em torno da questão da menina violentada em Pernambuco, alvo depois de um aborto provocado, há o perigo de se desviar o foco do ponto central de toda a questão: a gravidade do pecado do aborto voluntário.

Considerando-se o feto como um ser humano, apesar de ainda em formação, – como, aliás, também o é um bebê recém-nascido – com código genético, conjunto de cromossomos e personalidade independente da sua mãe, como o comprova a própria ciência moderna, a sua morte provocada vem a se constituir em um voluntário e direto ato de se tirar a vida de um ser humano inocente, ato ilícito perante a lei natural e a lei positiva de Deus.

A conseqüência dessa consideração é que nada poderá justificar o tirar diretamente a vida de um inocente, nenhuma razão ou pretexto, por mais louváveis e bem intencionados que sejam, como proteger a vida de outrem, salvar a honra de alguém, diminuir a pobreza da família, evitar o escândalo, etc. É princípio básico de moral que não se pode fazer diretamente o mal para se obter um bem. E quando se trata de princípios, não adianta tentar contradizê-lo apelando para argumentos sentimentais.

Assim como a Igreja, o Estado também considera como o maior bem a vida humana.

A excomunhão é uma pena aposta pela Igreja a um pecado grave, com o objetivo de alertar os católicos sobre a gravidade de tal ato, no nosso caso, o pecado grave do aborto voluntário e o prejuízo irreparável causado ao inocente morto. Isso não quer dizer que outros pecados graves, que não tenham sobre si tal pena, sejam permitidos ou com culpabilidade diminuída. A Igreja está tomando a defesa de um inocente, que não tem voz nem outros meios de se defender, o feto no útero materno.

Mas existe sim uma gradação na gravidade dos pecados. Jesus disse a Pilatos que quem o havia entregue a ele tinha maior pecado do que ele, Pilatos (Jo 19,11).

Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, que tem toda a nossa solidariedade, não excomungou os que diretamente provocaram tal aborto, apenas anunciou que tal ato constituía um delito canônico punido automaticamente com a excomunhão. Nem muito menos defendeu o crime hediondo do padrasto.

Ademais, há que se ter em conta uma segunda opinião de médicos abalizados: a menina não corria risco de vida imediato e a gravidez poderia ter sido levada até mais adiante, quando os fetos já seriam considerados viáveis, fazendo-se então até mesmo um parto cesariano, se fosse preciso. Assim se teriam salvado duas vidas, sem o trauma do aborto para a mãezinha e sem o pecado diante de Deus.

Infelizmente, só quem defendeu essas duas vidas que se perderam foi a Igreja. E a voz delas foi a única que não se ergueu contra a Igreja.

Fonte: Folha da Manhã, de Campos.

A mentira e a confusão orquestradas pelos abortistas – menina violentada grávida de gêmeos não corria risco de vida: o aborto era desnecessário

Começo esse importantíssimo post respondendo a um comentário enviado:

Ora, parem de inventar desculpas esfarrapadas. As palavras foram de uma autoridade do Vaticano, superior ao bispo de Olinda e Recife. E felizmente isso demonstra como existe gente sensata e serena na Santa Sé, ao contrário do prepopente bispo que acabou causando o efeito contrário: a população em massa condenou veemente sua atitude intempestiva e precipitada. Destaque para as palavras do monsenhor Rino Fisichella: “Há outros que merecem a excomunhão e o perdão, não aqueles que salvaram sua vida (a da menina) e a ajudarão a recuperar a esperança e a fé”.

Está havendo realmente uma confusão generalizada sobre o que aconteceu em Alagoinha e as repercussões do caso. Em primeiro lugar, o missivista está erradíssimo quando diz: “As palavras foram de uma autoridade do Vaticano, superior ao bispo de Olinda e Recife”. As únicas autoridades eclesiásticas superiores a um bispo são o Papa e um Concílio Ecumênico. A CNBB não tem autoridade sobre nenhum bispo, e muito menos um palpiteiro do Vaticano o tem. Essas palavras expressam a opinião de um clérigo, nada mais que isso, e não correspondem necessariamente ao posicionamento da Igreja Católica enquanto instituição.

Pelo que pude perceber, a definição que o missivista faz da palavra “sensatez” é “dar palpites sobre um assunto sem ter o conhecimento necessário”. Há que ser dito novamente: os médicos não salvaram a vida da menina coisíssima nenhuma. Não havia risco iminente de morte – embora sua gravidez pudesse ser considerada sim de alto risco. O que os médicos fizeram foi matar dois bebês que já se encontravam quase no quinto mês de gestação, com a ajuda de funcionários de uma ong abortista. Por isso, todos os envolvidos no aborto estão excomungados pela lei da Igreja – nenhuma autoridade eclesiástica está acima do Direito Canônico.

Dom José Cardoso cumpriu seu papel de pastor ao advertir a todos os católicos: quem pratica o aborto está automaticamente excomungado. E ponto final. Podemos até relativizar a culpa da mãe da menininha grávida neste caso de Alagoinha – tudo leva a crer que ela foi manipulada pelos abortistas, por isso, dada à pressão psicológica que sofreu, sua culpa é mínima – portanto não estaria excomungada. Mas a lei da Igreja é clara: o aborto é um pecado passível de excomunhão automática, aplicada independentemente do pronunciamento de qualquer autoridade eclesiástica – nem o Papa precisa declarar a excomunhão. Dom José apenas avisou o que está no Direito Canônico. Repetindo pela enésima vez: Dom José Cardoso não excomungou ninguém.

O blog Deus Lo Vult! publicou muitos textos interessantes sobre todo o caso. Destaco quatro dentre todos. Sem pedir licença ao Jorge (ele vai entender…), vou linkar aqui seu texto “Comentando o artigo de Dom Fisichella“, sobre o artigo publicado no L’Osservatore Romano, objeto da declaração da Arquidiocese de Olinda e Recife publicada aqui neste site, que por sua vez motivou o comentário que abre este post.

Outros dois textos são pareceres médicos acerca do caso, publicados originalmente no Orkut. Republico aqui, pela sua importância, ao mesmo tempo que linko a publicação do blog do Jorge. Novamente, os grifos em negrito são meus:

1) Luiz Fontes (São Paulo)

Lamento informar que os nossa imprensa, quando faz uma pesquisa sob “moderação” (= CENSURA), publica apenas aquilo que lhes interessa e vai de encontro à opinião pessoal do “moderador”. É a 2a e última vez que manifesto minha opinião nesses fóruns nada democráticos. Vai logo abaixo a minha mensagem encaminhada ontem (11/03/09) por volta das 16:55h e censurada, provavelmente por não atender as “normas” do forum.
Também vai no final a mensagem de um homônimo, escrita com toda a educação que lhe foi transmitida em casa e na escola.

Abraço do

Luiz Fontes – CRM 62317 – São Paulo
Médico Ginecologista e Obstetra
Médico Legista

A MENSAGEM NÃO PUBLICADA

Sou médico ginecologista e obstetra, faço partos desde 1985. A equipe médica de Pernambuco agiu intempestivamente e cometeu dois erros grosseiros:

1- toda gestação gemelar e toda gestação em adolescente é considerada de alto risco. No caso em apreço (idade materna de 9 anos), de adolescente em idade fértil (pois ovulou e engravidou), não existe, nem de longe, a condição exigível para a prática do aborto, nem sob o ponto de vista médico nem jurídico: iminente risco de vida materna em decorrência do estado gravídico. Havia apenas uma gestação de alto risco (risco bem menor do que o de gestantes com patologias graves), que se bem conduzida não traria conseqüências danosas à mãe e aos conceptos.

2- interromperam gestação decorrente de estupro, sendo que um crime (estupro) não justifica a prática de outro crime mais grave (aborto).

Não sou católico, mas a decisão do Bispo, de aplicar o que consigna o Código Canônico Católico, foi correta. A equipe médica portou-se como bando de assassinos.

2) Elizabeth Cerqueira

Meus amigos,

– Todo o fato é terrível – não é isso que se está discutindo – porém acho importante fazermos algumas reflexões pois o aborto não era a única nem a melhor solução:

a) Devem ter usado Cytotec (?) – que tem protocolo muito claro para tratamento de úlceras gástricas – não há experiência suficiente de seu uso em meninas de 9 anos grávidas (mesmo que tenham usado outra droga – sempre se está atirando meio no escuro pois é de se convir que é raro uma gravidez gemelar aos 9 anos) – portanto houve risco na indução do aborto;

b) A menina não corria risco de vida agora – não havia esta pressa nem indicação de intervenção no momento para salvar a sua vida;

c) De onde vem a estatística que ela corria o risco de 90% de morte ou de qualquer outra %? Estatística deve ser registrada em trabalho médico de pesquisa e com amostragem significativa para ter valor;

d) Haveria possibilidade que tivesse parto prematuro ou até aborto (espontâneo) – mas, quando espontâneo, o processo é mais simples e de menor risco;

e) Se levasse a gravidez pelo menos até 22 semanas, teríamos 15 a 20% de chance de sobrevivência para os gêmeos (mesmo que fosse 10% de chance – estaríamos tentando salvar as crianças sem aumento de risco para a mãezinha);

f) psicologicamente, esta menina foi usada como um trapo pelo homem, destruída como pessoa, percebendo-se marcada inconscientemente como algo sem valor – e por 3 longos anos. Ao experimentar a destruição dos filhos como lixo, o inconsciente registra – “viu, sou lixo e de mim só pode sair lixo”. Sabe-se lá como se fará para recuperar todo esse novelo em sua cabecinha. Por outro lado, imagine-se: ela sentindo-se rodeada por atenção, amor, cuidado e experimentado a valorização das crianças que trazia dentro de si – mesmo que a análise racional não fosse predominante – poderia estar começando aí o seu resgate como pessoa integral;

g) sei de meninas que deram a luz com 10 anos e continuam muito bem após anos e anos;

h) Não sei de ninguém que morreu por causa da idade precoce com que engravidou, se recebeu acompanhamento adequado. Vou pesquisar mais e comunico a vocês se houver algum trabalho nesse sentido.

Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira
Médica ginecologista-Obstétrica; integrante da Comissão de Ética e Coordenadora do Depto. de Bioética do Hospital São Francisco, em Jacareí, São Paulo, Diretora do Centro Interdisciplinar de Bioética da Associação “Casa Fonte da Vida”; especialista em Logoterapia e Logoteoria aplicada à Educação.

Por fim, o mais importante dos textos. Trata-se de um dossiê escrito por Alberto R. S. Monteiro que denuncia os fatos acontecidos em Pernambuco com extremo esmero. Sua leitura é capital. O texto chama-se: “Urgente: aborto em Recife – Brasil”.

Transcrevo aqui um trecho. Os grifos são meus:

O que foi divulgado a este respeito foi o que a imprensa quis que o público soubesse. As pessoas diretamente envolvidas no caso expuseram aos jornalistas que os procuraram todos os detalhes do que está relatado nesta mensagem, mas nada foi publicado. As pessoas têm o direito de saber a verdade, e de compreender o quanto o público e as próprias vítimas estão sendo manipulados em função de interesses internacionais com os quais o governo do presidente Lula é conivente.

(…)

O que aconteceu esta semana no Recife não é o primeiro caso deste tipo. Há grupos que recebem financiamentos milionários de Fundações internacionais para que estes eventos sejam explorados ao máximo. Cabe aos que defendem a dignidade da vida humana, tomar consciência do que está acontecendo e posicionar-se para que não venham mais a repetir-se fatos vergonhosos como este, em que pessoas simples são enganadas, fatos são escondidos e informações são manipuladas e um povo inteiro é ludibriado com o único fim de produzir mudanças profundas na opinião pública em função das agendas de organismos internacionais.

(…)

Os que puderem ler esta mensagem até o fim compreenderão mais claramente o que isto significa. A democracia pressupõe cidadãos que busquem a consciência do que verdadeiramente sucede na sociedade. Para não ser ideologicamente enganado é preciso buscar informação sólida e coerente. Isto não se pode fazer com chavões ou pequenos bilhetes. Se desejamos um Brasil que seja modelo de democracia, este com certeza é um dos primeiros pontos onde começar.

(…)

O BRASIL ESTÁ ENFRENTANDO O MAIOR E O MAIS SOFISTICADO ATAQUE JÁ DESENCADEADO CONTRA A DIGNIDADE DA VIDA HUMANA QUE JÁ HOUVE EM TODA A SUA HISTÓRIA. O problema transcende o próprio Brasil e representa o coroamento de investimentos estrangeiros de várias décadas que pretendem impor o aborto não só ao Brasil como também a toda a América Latina e a todo o mundo.

(…)

Quantas foram as crianças que ficaram grávidas, que tiveram um bom acompanhamento pré-natal e fizeram parto cesariano morreram no Brasil nos últimos dez anos? A resposta é uma só: provavelmente nenhuma, e foram muitas as crianças que engravidaram nestes dez anos. O DataSus informa que 27610 crianças menores de 14 anos deram à luz crianças nascidas vivas no Brasil em 2006. Em dez anos são cerca de trezentas mil crianças. Este número impressionante mostra que a gravidez de menores não é um evento raro. Estas trezentas mil crianças incluem as que tiveram e não tiveram acompanhamento pré-natal e parto por cesariana. A pergunta é: quantas crianças menores de 14 anos que tiveram acompanhamento pré natal e parto cesariano morreram por causa da gravidez? O Datasus não tem registro de nenhuma. Provavelmente nenhuma criança menor de 14 anos que teve acompanhamento pré natal e possibilidade de parto cesariano morreu no Brasil nos últimos dez anos. O fato da gravidez ser de risco não significa necessariamente que a mãe irá morrer, mas sim que precisará de um acompanhamento especial. Simples assim e todo médico sabe disso.

Por que então os médicos que sabem destas coisas calam-se e não as declaram publicamente? O motivo é simples. No Brasil onde o governo Lula assina acordos internacionais para implantar o aborto totalmente livre e o Comitê de Ética do Partido dos Trabalhadores se prepara para processar e expulsar dois deputados pelo único crime de terem sido contra o aborto, não é politicamente correto dizer estas coisas para o público.

Mais difícil porém é explicar por que médicos, para-médicos e funcionários de organizações não governamentais, sabendo que estão mentindo ao induzir o público a acreditar que e menina irá morrer por causa de uma gravidez, insistem tão abertamente em espalhar a desinformação a todo o povo brasileiro. Tentaremos explicar por que se mente desta maneira, conscientemente, com a conivência e o aplauso da imprensa, durante o restante desta mensagem.

Entretanto o que é certo é que a mãe e o pai da criança eram claramente contrários ao aborto. Sendo assim eles teriam que ter o direito de serem informados claramente a respeito. E não o foram. Como veremos a seguir, foram informados do modo mais vergonhosamente fraudulento.

Esse é só o “aperitivo”. Leiam o restante aqui. E estejam avisados: o texto é grande, assim como grande é a sujeira que a imprensa está escondendo de forma deliberada.

Ainda o caso de Alagoinha: veja importante declaração da Arquidiocese de Olinda e Recife

A respeito do artigo intitulado “Dalla parte della bambina brasiliana” e publicado no L´OSSERVATORE ROMANO no dia 15 de março, nós, abaixo assinados, declaramos:

1. O fato não aconteceu em Recife, como diz o artigo, mas sim na cidade de Alagoinha (Diocese de Pesqueira).

2. Todos nós – começando pelo pároco de Alagoinha (abaixo assinado) -tratamos a menina grávida e sua família com toda caridade e doçura. O Pároco, fazendo uso de sua solicitude pastoral, ao saber da notícia em sua residência, dirigiu-se de imediato à casa da família, onde se encontrou com a criança para lhe prestar apoio e acompanhamento, diante da grave e difícil situação em que a menina se encontrava. E esta atitude se deu durante todos os dias, desde Alagoinha até Recife, onde aconteceu o triste desfecho do aborto de dois inocentes. Portanto, fica evidente e inequívoco que ninguém pensou em primeiro lugar em “excomunhão”. Usamos todos os meios ao nosso alcance para evitar o aborto e assim salvar as TRÊS vidas. O Pároco acompanhou pessoalmente o Conselho Tutelar da cidade em todas as iniciativas que visassem o bem da criança e de seus dois filhos. No hospital, em visitas diárias, demonstrou atitudes de carinho e atenção que deram a entender tanto à criança quanto à sua mãe que não estavam sozinhas, mas que a Igreja, ali representada pelo Pároco local, lhes garantia a assistência necessária e a certeza de que tudo seria feito pelo bem da menina e para salvar seus dois filhos.

3. Depois que a menina foi transferida para um hospital da cidade do Recife, tentamos usar todos os meios legais para evitar o aborto. A Igreja em momento algum se fez omissa no hospital. O Pároco da menina realizou visitas diárias ao hospital, deslocando-se da cidade que dista 230 km de Recife, sem medir esforço algum para que tanto a criança quanto a mãe sentissem a presença de Jesus Bom Pastor que vai ao encontro das ovelhas que mais precisam de atenção. De tal sorte que o caso foi tratado com toda atenção devida da parte da Igreja e não “obrigativamente” como diz o artigo.

4. Não concordamos com a afirmação de que “a decisão é árdua… para a própria lei moral”. Nossa Santa Igreja continua a proclamar que a lei moral é claríssima: nunca é lícito eliminar a vida de um inocente para salvar outra vida. Os fatos objetivos são estes: há médicos que explicitamente declaram que praticam e continuarão a praticar o aborto, enquanto outros declaram com a mesma firmeza que jamais praticarão o aborto. Eis a declaração escrita e assinada por um médico católico brasileiro: “(…) Como médico obstetra durante 50 anos, formado pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, e ex chefe da Clínica Obstétrica do Hospital do Andaraí, onde servi 35 anos até minha aposentadoria, para dedicar-me ao Diaconato, e tendo realizado 4.524 (quatro mil quinhentos e vinte e quatro) partos, muitos de menores de idade, nunca precisei recorrer ao aborto para “salvar vidas”, assim como todos os meus colegas íntegros e honestos em sua profissão e cumpridores de seu juramento hipocrático. (…)”.

5. É falsa a afirmação de que o fato foi divulgado nos jornais somente porque o Arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão. Basta ver que o caso veio a público em Alagoinha na quarta-feira, dia 25 de fevereiro, o Arcebispo se pronunciou na imprensa no dia 03 de março e o aborto se deu no dia 4 de março. Seria demasiado imaginar que a imprensa brasileira, diante de um fato de tamanha gravidade, tenha silenciado nesse intervalo de seis dias. Assim sendo, a notícia da menina (“Carmen”) grávida já estava divulgada nos jornais antes da consumação do aborto. Somente então, interrogado pelos jornalistas, no dia 3 de março (terça-feira), o Arcebispo mencionou o cânon 1398. Estamos convictos de que a divulgação desta penalidade medicinal (a excomunhão) fará bem a muitos católicos, levando-os a evitar este pecado gravíssimo. O silêncio da Igreja seria muito prejudicial, sobretudo ao constatar-se que no mundo inteiro estão acontecendo cinqüenta milhões de abortos cada ano e só no Brasil um milhão de vidas inocentes são ceifadas. O silêncio pode ser interpretado como conivência ou cumplicidade. Se algum médico tem “consciência perplexa” antes de praticar um aborto (o que nos parece extremamente improvável) ele – se é católico e deseja observar a lei de Deus – deve consultar um diretor espiritual.

6. O artigo é, em outras palavras, uma direta afronta à defesa pela vida das três crianças feita veementemente por Dom José Cardoso Sobrinho e demonstra quanto o autor não tem bases e informações necessárias para falar sobre o assunto, por total desconhecimento dos detalhes do fato. O texto pode ser interpretado como uma apologia ao aborto, contrariando o Magistério da Igreja. Os médicos abortistas não estiveram na encruzilhada moral sustentada pelo texto, ao contrário, eles praticaram o aborto com total consciência e em coerência com o que acreditam e o que ensinam. O hospital que realizou o aborto na menininha é um dos que sempre realizam este procedimento em nosso Estado, sob o manto da “legalidade”. Os médicos que atuaram como carrascos dos gêmeos declararam e continuam declarando na mídia nacional que fizeram o que já estavam acostumados a fazer “com muito orgulho”. Um deles, inclusive, declarou que: “Já fui, então, excomungado várias vezes”.

7. O autor arvorou-se do direito de falar sobre o que não conhecia, e o que é pior, sequer deu-se ao trabalho de conversar anteriormente com o seu irmão no episcopado e, por esta atitude imprudente, está causando verdadeiro tumulto junto aos fiéis católicos do Brasil que estão acreditando ter Dom José Cardoso Sobrinho sido precipitado em seus pronunciamentos. Ao invés de consultar o seu irmão no episcopado, preferiu acreditar na nossa imprensa declaradamente anticlerical.

Recife-PE, 16 de março de 2009

Pe Edson Rodrigues

Pároco de Alagoinha-PE – Diocese de Pesqueira

Mons. Edvaldo Bezerra da Silva

Vigário Geral – Arquidiocese de Olinda e Recife

Pe Moisés Ferreira de Lima – Reitor do Seminário Arquidiocesano

Dr. Márcio Miranda – Advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife.

Fonte: Blog do padre Joãozinho, scj.

Caso da menina violentada no Brasil não se pode reduzir à questão da excomunhão

Presidente da CNBB lamenta «diluição» do episódio

BRASÍLIA, sexta-feira, 13 de março de 2009 (ZENIT.org).- O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou que o caso da menina violentada no interior do Estado do Pernambuco não se pode reduzir à questão da excomunhão.

A menina de nove anos sofria violência sexual por parte do padrasto, na cidade de Alagoinha, do que resultou gravidez de gêmeos, interrompida na semana passada.

Dom Geraldo Lyrio expressou nesta nesta sexta-feira, em Brasília -segundo informa a Sala de Imprensa da CNBB-, seu pesar diante do episódio. O organismo episcopal havia divulgado nota sobre a questão na sexta-feira passada.

«Eu fico pensando na situação da mãe desta criança e nos demais familiares. É um enorme sofrimento, uma humilhação ter uma criança sendo explorada sexualmente pelo padrasto desde os seis anos de idade», afirmou.

«Isto é uma coisa repugnante e me causa estranheza que este aspecto tão repugnante tenha se diluído diante da história da excomunhão, que precisa, sim, ser tratada. Porém reduzir uma problemática deste porte unicamente ao episódio da história da excomunhão é esvaziar uma questão sobre a qual a consciência nacional precisa ser despertada», disse.

Ainda de acordo com a Sala de Imprensa da CNBB, Dom Geraldo esclareceu que excomunhão não é sinônimo de condenação ao inferno, mas trata-se de um ato disciplinar da Igreja.

«A excomunhão existe para chamar atenção para a gravidade do ato. O aborto traz consigo essa pena porque está se diluindo a gravidade do aborto até mesmo entre os cristãos. Quem viola isto, se coloca fora da comunidade eclesial», esclareceu.

Segundo o presidente da CNBB, o estupro não é penalizado com a excomunhão porque todos já têm consciência de que se trata de um ato repugnante.

«O estupro é uma coisa tão repugnante que a Igreja não precisa chamar a atenção para ele, está na consciência de todos. O aborto não, por isso a excomunhão não é só para punir, mas para que quem praticou o ato possa perceber a gravidade e buscar sua reconciliação», afirmou Dom Geraldo.

O secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara, explicou que o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, «não excomungou ninguém», apenas lembrou uma norma que existe no Direito Canônico.

«Em alguns casos especiais se prevê este tipo de pena, como por exemplo, a profanação do Santíssimo Sacramento, ou o caso do padre que revela um segredo de confissão, em que a pessoa, pelo simples fato de cometer este tipo de ato, se coloca fora da comunhão da Igreja», explicou. É a chamada excomunhão latae sententiae.

Dom Dimas disse que, para incorrer em excomunhão, a pessoa precisa ter consciência da gravidade do ato e liberdade para praticá-lo.

Ainda de acordo com a Sala de Imprensa da CNBB, o secretário-geral disse que a Igreja considera o aborto um ato grave, sobretudo por aqueles que o praticam conscientemente.

«Os que praticam o aborto com consciência e as clínicas de aborto não estão em comunhão com o pensamento cristão em defesa da vida», afirmou.

O bispo deixou claro também que a criança violentada não incorreu em excomunhão. «Eu acredito que a mãe dela também não [incorreu na excomunhão] porque ela agiu sob pressão», disse.

Fonte: Zenit.

Truque besta

Por Olavo de Carvalho.

O sr. presidente da República mostra-se escandalizado, chocado, abalado até o fundo de seus sentimentos éticos mais nobres quando a Igreja discorda de sua singela opinião de que para proteger uma criança deve-se matar duas.

Se ele fosse ateu, budista ou membro da Seicho-no-Ie, tudo o que os católicos poderiam fazer diante de seu discurso abortista seria resmungar. Mas ao defender o aborto como dever moral ele insiste em enfatizar que o faz “como cristão e católico”, o que o enquadra, sem a mais mínima possibilidade de dúvida, na categoria dos heresiarcas. Heresia, para quem não sabe, não é qualquer doutrina adversa à da Igreja: é falsa doutrina católica vendida como católica – exatamente como o discurso presidencial contra Dom José Cardoso Sobrinho.

Mas, no fundo, isso não faz a menor diferença. Por seu apoio continuado e impenitente aos regimes e partidos comunistas, Lula já está excomungado latae sententiae faz muito tempo e não precisa ser excomungado de novo. A excomunhão latae sententiae, isto é, “em sentido amplo” decorre automaticamente de ações ou palavras, independentemente de sentença oficial e até mesmo de aviso ao excomungado. Na mesma categoria encontra-se a sra. Dilma Roussef. A presença de qualquer um desses dois num templo católico – quanto mais junto ao altar, na condição de co-celebrantes – é uma ofensa intolerável a todos os fiéis, e só o oportunismo de um clero corrupto até à medula explica que ela seja tolerada e até festejada entre sorrisos de subserviência abjeta. Neste caso, como em todos os similares, a covardia e a omissão não explicam tudo. Alguém manda nos covardes e omissos, e este alguém não é nada disso: é ousado e ativíssimo a serviço do comunismo.

Quanto ao exército inteiro dos que se fingem de indignados junto com o sr. presidente – e ainda o apóiam nesse paroxismo de hipocrisia que é o “Dia Nacional de Luta contra a Hipocrisia” -, seu papel no caso é dos mais evidentes. Os estupros de crianças, cujo número crescente escandaliza e choca a população, são constantemente alegados por essa gente como pretextos para debilitar a autoridade dos pais e submeter as famílias a controles governamentais cada vez mais invasivos. A ONU, os partidos de esquerda, a mídia iluminada, os educadores progressistas e uma infinidade de ONGs – as mesmas entidades que promoveram o feminismo, o divórcio, o gayzismo e todos os demais movimentos que destruíram a integridade das famílias – posam hoje como os heróicos defensores das crianças contra o risco permanente de ser estupradas por seus próprios pais. Toda a credibilidade dessas campanhas advém da ocultação sistemática de um dado estatístico inúmeras vezes comprovado: a quase totalidade dos casos de abuso sexual de crianças acontecem em casas de mães solteiras, cujo namorado – ou namorada – é o autor preferencial desse tipo de delitos. Na Inglaterra, os filhos de mães solteiras sofrem 73 vezes mais abusos fatais – e 33 vezes mais abusos sérios sem morte – do que as crianças criadas em famílias completas. Nos EUA, 55 por cento dos assassinatos de menores de idade acontecem em casas de mães solteiras. Raríssimos casos de abusos de menores acontecem em lares íntegros, com um pai e uma mãe regularmente casados. A presença de um pai é, hoje como sempre, a maior garantia de segurança física para as crianças. Aqueles que removeram esse pai, entregando as crianças à mercê dos amantes de suas mães, são diretamente culpados pela epidemia crescente de violência contra crianças, e são eles mesmos que tiram proveito dela, arrogando-se cada vez mais autoridade para solapar a da família constituída e colocar um número cada vez maior de crianças sob a guarda de assistentes sociais politicamente corretos.

A seqüência dialética é de uma nitidez impressionante. Tese: a pretexto de proteger mulheres e crianças, procede-se à demolição da autoridade paterna, bem como dos princípios morais que a sustentam; antítese: nas famílias desfeitas – surpresa! -, proliferam os estupros e a gravidez infantil; síntese: o aborto é elevado à categoria de obrigação moral, e em seu nome o Estado condena a religião como imoral e desumana e se autoconstitui em guia espiritual da sociedade.

Pensando bem, é um truque simples, até besta. Mas o tempo decorrido entre a tese e a síntese torna invisível a continuidade do processo aos olhos da multidão.

Fonte: site de Olavo de Carvalho.

Estupro, aborto e valores distorcidos

Por Carlos Ramalhete.

Têm sido espantosas as reações à declaração de dom Cardoso, arcebispo de Olinda e Recife, acerca das excomunhões dos responsáveis pelo aborto das duas crianças geradas no estupro de uma menina de nove anos de idade. O que ele fez foi apenas o seu dever: comunicar ter ocorrido a excomunhão automática dos responsáveis pela morte de duas crianças inocentes. Quem lesse as reações à comunicação, contudo, teria a impressão de que havia uma vida apenas em risco, e esta seria a vida da mãe das crianças. Não é o caso. A vida dela estava, sim, em um certo grau de risco, não maior nem menor que o de muitas mulheres grávidas com alguma complicação. Casos muito piores já chegaram a um final feliz.

Neste caso, contudo, aproveitando-se de uma falsa brecha legal – o fato de o Direito brasileiro não prever punição para o aborto de crianças geradas por estupro ou em caso de risco de vida para a mãe, exatamente como não prevê punição para o furto cometido por um filho contra o pai – grupos de pressão interessados na legalização do aborto apressaram-se, contra a vontade da mãe e de seus responsáveis legais, a matar o quanto antes as crianças que cometeram o crime de terem sido concebidas no transcurso de um repulsivo estupro. Os filhos são punidos com pena de morte pelo crime do pai.

A violência das reações à declaração de dom Cardoso, contudo, mostra claramente o alcance – em alguns setores bastante vocais da classe média urbana – de uma pseudoética apavorante. As crianças mortas simplesmente não entram na equação, não são consideradas. O próprio estupro só é mencionado de passagem. O risco de vida para a mãe é transformado em uma certeza de sua morte. São saudados como heróis salvadores os carniceiros que arrancaram do ventre da mãe duas crianças perfeitamente saudáveis e atiraram os cadáveres em uma cesta de lixo, onde provavelmente estava uma cópia mofada do juramento de Hipócrates que fizeram quando se formaram médicos.

Isto ocorre por ter sido perdida a noção do valor da vida. A vida, em si, para os defensores do aborto, não vale nada. Ao invés dela, o que teria valor seria o resultado final de uma equação que tem como componentes o bem-estar da pessoa e sua utilidade para a sociedade. As crianças abortadas não têm valor para a sociedade, logo podem ser mortas. Mais ainda, não merecem menção. A única criança digna de menção é a mãe, e olhe lá.

Ela mesma, a mãe das crianças abortadas, tem seu sofrimento deixado de lado. Uma menina de nove anos de idade que sofreu a violência de um estupro, provavelmente reiteradas vezes; uma criança ela mesma, vivendo mais que provavelmente em condições miseráveis (sabe-se que sua mãe não sabe ler e escrever, o que serviu bem aos que simplesmente mandaram que apusesse a impressão do polegar aos papéis que, como depois ela veio a saber, eram a sentença de morte de seus netos), foi levada de um lugar para o outro, teve os filhos que ela desejava manter arrancados de seu ventre e mortos, sendo tratada apenas como excelente exemplo de portadora biológica de material a abortar.

É de crer que provavelmente os defensores do aborto teriam de bom grado preferido que ela também tivesse sido abortada: o resultado da equação de utilidade social e bem-estar que usam para valorizar uma vida dificilmente seria alto o suficiente no caso dela para garantir-lhe a sobrevivência.

O estupro, mais ainda, o estupro reiterado e contumaz de uma criança indefesa é um crime asqueroso, que poderia em justiça merecer a pena de morte (não percebi, aliás, em nenhuma das numerosas e estridentes reações pró-aborto à declaração de dom Cardoso, alguém pedindo que fosse estendida ao estuprador a pena de morte que sofreram seus filhos). Quem o comete vê em sua vítima apenas um orifício cercado por forma humana, um receptáculo fraco e indefeso, logo acessível a suas taras. É já uma negação da humanidade da vítima: ela não merece, crê o estuprador, ter direito de opinião sobre o que é feito com seu corpo.

A mesma negação feita pelo estuprador contra sua vítima foi reiterada sobre seus filhos: ela foi estuprada; eles foram mortos. Desumanizada pela primeira vez pelo estuprador, ela o foi novamente, juntamente com seus próprios filhos – a flor de esperança e de vida que poderia ter saído do lodo da violência – pelos que não consideram que a vida tenha, por ser vida humana, algum valor. Agora, esperam eles, esgotado seu valor de propaganda, ela pode rastejar de volta à miséria de seu barraco e deixá-los tocar em paz a campanha pró-aborto.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo.

Aviso! Carta do Papa sobre o levantamento das excomunhões e a entrevista do bispo Williamson

O excelente blog La Buhardilla de Jerónimo (em espanhol) tem novidades: “O Papa enviará uma carta humilde e enérgica a todos os bispos”.

O blog transmite uma importante notícia publicada pelo vaticanista Andrea Tornielli (notícia em italiano aqui):

Será tornada pública, ao meio-dia de quinta-feira, uma carta de sete páginas que Bento XVI enviará a todos os bispos da Igreja Católica para abordar o caso do levantamento das excomunhões aos bispos lefebvrianos e às polêmicas decorrentes da entrevista emitida pelo bispo Williamson, negando à existência das câmaras de gás.

Aguardemos.

“Morte ao bispo!”

Por Percival Puggina.

No Brasil e em diversos lugares onde ainda persistem restrições ao aborto, o Dia Internacional da Mulher foi assinalado por passeatas e manifestações favoráveis à sua legalização. Esse polêmico tema, sem dúvida, é o que mais claramente define sobre quais bases morais uma sociedade deseja situar-se.

Sou contra o aborto porque, com robusta base científica e filosófica, sei que a vida do embrião e do feto é vida humana distinta da vida da mãe e que nenhum direito pode prevalecer contra o direito à vida de um ser humano inocente. Ponto. Embora católico e conhecedor da doutrina da Igreja sobre o assunto, tenho-a como totalmente dispensável para fundar minha convicção como cidadão. Aliás, a orientação da Igreja sobre o tema mudou acompanhando a Ciência. Foi ela, a Ciência, foram os médicos, foram os embriologistas que informaram ser humana a vida do embrião e do feto.

A posição da lei brasileira é clara e boa: a) o aborto é crime; b) esse crime só não implica penalização em caso de gravidez decorrente de estupro ou que ponha em risco a vida da mãe. Não preciso mencionar aqui os atropelos administrativos e legais praticados no Brasil com portarias que violentaram o crime de estupro com o objetivo de favorecer o aborto, fazendo com que, para sua realização, seja suficiente a declaração da vítima. É como emitir-se norma dispensando a perícia para o pagamento de indenização a vítimas de incêndio com danos materiais. Falou, está falado.

Os defensores do aborto tentam fazer chover para cima. Usam sofismas berrantes e sustentam, com o ar mais sério do mundo, tolices que constrangeriam um ruminante. Assim, por exemplo, uma desembargadora gaúcha aposentada declarou outro dia, num debate de tevê, que “se a lei não penaliza o aborto em certas condições, então ela o autoriza”. Até o parafuso que sustenta o quadro instalado na minha parede, ao lado do aparelho de TV, balançou a cabeça em reprovação. Se não penalizar for o mesmo que autorizar, então, doutora, a lei brasileira autoriza o crime de menor! Ora bolas! O que a lei brasileira faz, mesmo reconhecendo a natureza sempre criminosa do ato, é levar em conta, nesses dois casos, que suas condicionantes são tão graves que a condenação criminal seria uma violência inaceitável.

O caso da menina pernambucana potencializa todas essas condições: a vítima do estupro tem nove aninhos, o estuprador era seu padrasto e a gravidez, para agravar ainda mais o quadro, era de gêmeos. Temos aí um criminoso que deveria passar o resto da vida atrás das grades, para nunca mais chegar perto de uma criança e uma mãe corresponsável pela inominável violência praticada contra sua filha, porque, ou ela sabia o que estava acontecendo ou tinha a obrigação de saber o que estava acontecendo. Mas quem vem sendo execrado perante a opinião pública? O bispo, que simplesmente enunciou um princípio, tornando clara uma pena espiritual que os próprios envolvidos se autoaplicaram e à qual não parecem atribuir maior importância.

“Morte ao bispo!” clama, quase uníssona, a mídia internacional. Um tarado, uma mãe com muito a explicar a respeito do que acontecia sob seu teto, mas o monstro da história é … o bispo.

Atravessamos o border line da esquizofrenia social. Vivemos numa sociedade que jogou os valores morais no lixão de suas próprias desordens e libertinagem. Ela não mais aceita que alguém insinue que existe o certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e a mentira. O certo, o bem e a verdade são impronunciáveis porque implicam coisas tão infames quanto exame de consciência, juízo moral, sentimento de culpa, arrependimento, perdão e reparação. Estamos construindo um mundo sem essas coisas e aparece um bispo para estuprar nossa insensibilidade! Moral é coisa que só se cobra de políticos, não é mesmo?

Fonte: Percival Puggina: a política como ela deve ser.

Intolerância contra os católicos, sim! E orquestrada!

…os casos em que se produzem imagens inadequadas da identidade e dos valores cristãos por parte da mídia e da política, que levam a mal-entendidos e preconceitos.

O parecer da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa está corretíssimo e se aplica perfeitamente ao que está acontecendo agora, no Brasil, nessa campanha contra o bispo Dom José Cardoso em particular e contra a Igreja Católica em geral (ver o post seguinte).

A imprensa está caindo de pau. Eliane Cantanhêde e Kennedy Alencar, jornalistas especializados em escrever bobagens (devem ter feito alguma pós-graduação nisso), já deram seus palpites na Folha. Artigos irados circulam pela internet. Aqui mesmo neste blog que vos fala o número de visitações deu um salto e já veio gente aqui espinafrar e insultar a Igreja e suas autoridades.

O caso da menina de Alagoinha é somente um pretexto. Se estivessem com boas intenções, dariam oportunidade para que membros da Igreja explicassem o que é excomunhão, porque ela foi publicamente anunciada, quais as conseqüências de uma excomunhão. Claro que essa gente não tem vontade de debater ou dialogar, a baba ressentida que exalam mostra muito bem que descobriram uma ótima oportunidade para atacar gratuitamente a Igreja.

Até parece que se importam com a garotinha. Quem dera se importassem! Se tivessem alguma compaixão por ela, estariam lamentando o trágico fim das crianças concebidas em seu ventre. Estariam lamentando o trauma que essa criança vai ter que enfrentar para sempre por ter abortado seus filhos. Estariam preocupados com as seqüelas psicológicas e físicas as quais essa menina está sujeita a sofrer a partir de agora. Como já mencionei em post anterior, nos Estados Unidos 31% das mulheres sofrem complicações de saúde após praticarem aborto – e isso acontece em um país onde o aborto é legalizado.

Acusar os católicos de não se importarem com o sofrimento da menininha violentada tem um nome: vigarice. Na verdade, eu duvido muito que esses arautos da liberdade se preocupem com ela.

A preocupação dos militantes anti-cristãos é uma só: destruir a autoridade moral da Igreja Católica para transformá-la em um clubinho onde as pessoas vão apenas para se entreter. O objetivo da perseguição aos cristãos no mundo é constrangê-los, silenciá-los através da imposição de leis (a lei “anti-homofobia”, por exemplo), da ridicularização de sua doutrina (através da repetição exaustiva pelos “formadores de opinião” de adjetivos tais como “retrógada”, “arcaica” e “ultrapassada” para descrevê-la), da exposição de seus líderes fiéis ao ridículo pela imprensa e pela mídia, voltados a distorcer e deturpar a mensagem católica para confundir os fiéis.

O catolicismo está sendo vítima de uma onda de intolerância em todo o mundo. Quem afirma que é católico fiel à doutrina da Igreja é imediatamente taxado de “fundamentalista”. Esse rótulo não é apenas estúpido: ele é deliberadamente mentiroso. Faz parte de uma etapa de fundamental importância para esse processo de implosão da Igreja Católica: corroê-la por dentro, com a ajuda dos falsos católicos, que relativizam sua fé, acreditando apenas naquilo que os convém. Como escrevi em post anterior, quem nega ou relativiza um ensinamento da Igreja, ataca de frente toda a sua autoridade, pois a torna falível – uma instituição como outra qualquer.

O Católico instruído e fiel sabe, ao contrário dos católicos vira-latas, que sua Igreja é a Igreja fundada sobre Pedro por Nosso Senhor Jesus Cristo (Mateus 16,18-19). Sabe também que sua Igreja é assistida pelo Espírito Santo (João 20,21-23). Sabe que Jesus transmitiu sua autoridade, dada diretamente a Ele pelo Pai, à Igreja que fundou (Mateus 28,18-20); para um verdadeiro católico, a autoridade da Igreja Católica para ensinar vem de Deus. Transformar o catolicismo em uma “igreja qualquer”, tal como desejam muitos católicos e clérigos, e agem dentro da própria Igreja para isso, é a melhor estratégia para desacreditar a instituição.

Vocês duvidam que esteja acontecendo agora, neste momento, uma ação coordenada no mundo inteiro para desmoralizar por completo a Igreja Católica? Então, saibam que isso já aconteceu com a igreja anglicana – em apenas poucas décadas, essa instituição, que era a própria representação da tradição religiosa inglesa, vai deixar de existir. Sua autoridade moral, anteriormente abalada pela “ordenação” de mulheres, foi recentemente destruída por completo com a eleição de um bispo assumidamente homossexual. A igreja anglicana passa por um processo interno de desestruturação que parece ser irreversível e que vai terminar por destruí-la em um espaço razoável de tempo.

Católicos, reajam… Cabe a nós a defesa da Igreja do Senhor Jesus, não aos anjos do céu!

Carta aos professores Rivaldo Albuquerque e Olímpio de Moraes, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, extensiva ao reitor Carlos Calado – assunto: o aborto da menina de 9 anos de Alagoinha (PE)

Prezados leitores:

Este talvez seja o post mais importante já publicado aqui em JORNADA CRISTÃ. Trata-se de uma carta enviada aos professores Rivaldo Albuquerque e Olímpio de Moraes, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco, extensiva ao reitor Carlos Calado. Os referidos professores Rivaldo e Olímpio fizeram parte da equipe de médicos que realizaram o aborto na menininha de nove anos violentada pelo padrasto em Alagoinha (PE).

O autor da carta é o estudante do 10º período da referida instituição, Artur Costa, que de forma corajosa sai em defesa do arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho, explicando o que é uma excomunhão “latae sententiae”. Em seguida, faz algumas considerações sobre a atribuição da moral em contraponto à função da medicina. Finalmente, vai direto ao ponto:

“Até que alguém me prove o contrário, a gravidez da menina era cientificamente viável. Todos nós sabemos que a medicina é imprevisível, e é assim como devemos encará-la. E na minha opinião, a conduta correta deveria ser esperar a evolução do caso, acompanhar de forma contínua a gravidez, e induzir o parto se necessário, sempre procurando SALVAR VIDAS, que é a verdadeira atribuição da medicina. Se alguém me provar o contrário com o devido respaldo da ciência, EU mudo de opinião”.

Aos católicos: frente à profusão de matérias caluniosas, tendenciosas, destilando ódio, preconceito e intolerância contra a Igreja Católica, fiquemos firmes e fieis aos sucessores dos apóstolos! Procurem ver a argumentação do lado católico, neste momento marginalizado e relegado à obscuridade pelos grandes órgãos de imprensa. Lembrem-se da perseguição movida contra a Igreja Católica, o clero católico e o cristianismo pelos meios de comunicação social. Lembrem-se que a postura dos jornalistas, em 99% dos casos, é a de se portarem contra a Igreja, tendo como objetivo último minar a sua autoridade moral e desacreditar os membros de sua hierarquia.

É exatamente isso que está acontecendo agora: a postura da Igreja, na pessoa do arcebispo D. José Cardoso Sobrinho, foi em primeiro lugar, como é permitido por lei, demover a mãe da menininha da idéia de fazer o aborto; em segundo lugar, novamente usando da liberdade de expressão, sem em nenhum momento ir contra a lei civil, comunicar publicamente a excomunhão dos envolvidos no aborto – como prevê o Código de Direito Canônico. A pena da excomunhão é única e exclusivamente eclesiástica, sem nenhum efeito prático para a lei civil: diz respeito apenas aos católicos, que têm o dever de seguirem a doutrina católica.

Enviem esse texto a amigos, conhecidos e colegas católicos; façamos nossa parte em defesa da fé católica e dos bispos escravos do evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

*****

Estimados professores Rivaldo e Olimpio e reitor Carlos Calado.

Sou estudante do 10 período da FCM – UPE, e estou escrevendo este e-mail para prestar a minha solidariedade ao Arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho. Em primeiro lugar, Dom José não excomungou ninguém, segundo a imprensa, que é maldosa e tendenciosa, informou. Como, boa parte de vocês declaram ser católicos, apesar de não entender a doutrina, vou explicar algumas coisas.

De acordo com o código de direito canônico, existem 7 ocasiões que levam um católico a ser excomungado latae sententiae:

1 – Profanação do santíssimo sacramento
2 – Agressão física à pessoa do Papa
3 – Revelação por parte do sacerdote de segredos de confissão
4 – Absolvição por um sacerdote do cúmplice do pecado da carne
5 – Ordenação sacerdotal de Bispos por outros bispos sem autorização do Papa
6 – Apostasia e Cisma por parte de um católico bem informado.
7 – ABORTO

Logo, com isso, chegaremos à conclusão que o Bispo não excomungou ninguém, uma vez que todos os que participaram do procedimento já foram excomungados AUTOMATICAMENTE. Excomunhão Latae sententiae significa isso: EXCOMUNHÃO AUTOMÁTICA NO MOMENTO DO ATO. E o Arcebispo nada mais fez do que lembrar o que está previsto pela lei canônica, que é uma lei promulgada pelo Papa, e consequentemente de Deus, uma vez que o Papa quando se pronuncia em questão de fé e de MORAL, se pronuncia in persona christi. Cristo deu as chaves dos céus para o Papa, para que o mesmo tivesse esse poder de ligar e desligar de forma infalível. Logo, a condição para ser católico é acreditar nisso. Quem não acredita nessa questão de fé, não é católico. NINGUÉM É OBRIGADO A SER CATÓLICO.

A outra atitude de Dom José foi procurar a família da menina, e tentar intervir no processo para que o procedimento não fosse feito. Em momento nenhum a integridade moral do senhor professor foi ferida, e nem sequer Dom José faltou com respeito a ninguém. Muito pelo contrário, o que eu só ouvi por parte das pessoas que convivo ao redor foram manifestações de ridicularização e ofensas ao nosso Arcebispo. As pessoas, a imprensa, a declaração universal dos direitos humanos defendem tanto a liberdade de expressão… Agora o Bispo é uma exceção, e deveria ser proibido de se expressar? Que hipocrisia é essa? Que ditadura do relativismo é essa?

Por acaso é atribuição da medicina decidir o que é moralmente correto ou errado? Que eu saiba, a função da medicina é a de salvar vidas, de amenizar o sofrimento. NUNCA MATAR, não importa os argumentos sentimentalóides que costumeiramente se propagam por aí. Decidir o que é moralmente correto ou errado é atribuição da filosofia. Isso está fora do campo da medicina, embora deva caminhar junto. Por sinal, todo sacerdote para ser ordenado precisa ter estudo de filosofia e teologia, coisa que nós médicos e estudantes da medicina não temos. Logo, é competência de Dom José intervir na questão moral sim. E a sua opinião não pode ser ridicularizada nem impedida por ninguém. É direito dele se expressar, desde que não falte ao respeito com ninguém.

Qual a atribuição da moral? Nada mais nada menos que interpretar a lei natural. A declaração universal dos direitos humanos nada mais é do que uma tentativa de interpretação da lei natural. E o que é a lei natural? É a lei que rege a inclinação natural de todos os seres vivos. Um exemplo disso é que todo ser humano é inclinado a fazer o bem. Todo ser humano sabe que é certo fazer o bem, e é errado fazer o mal. Está no coração de todo ser humano que é errado matar uma pessoa inocente. E aí poderemos citar vários exemplos. A lei natural está no coração de todos os homens. E a declaração universal dos direitos humanos nada mais é que uma tentativa de interpretação disso. Os 10 mandamentos nada mais são do que um resumo dessa lei natural. Uma vez que a lei natural é fato concreto, chegaremos à conclusão que o bem e o mal são absolutos. A relativização do certo e do errado significa dizer que qualquer crime ou absurdo pode ser uma atitude correta de acordo com o ponto de vista das pessoas. É a negação completa da lei natural e da existência de Deus. Logo, a mesma deve ser levada em consideração sempre. E Dom José interveio dentro desse contexto, que NÃO É UM CONTEXTO CIENTÍFICO, mas moral!

Sabendo que é intríncecamente mal matar um ser inocente, e que nunca podemos ver no mal uma solução, chegaremos ao assunto Aborto. Perceberam que o assunto fé não entrou aqui em nenhum momento? E realmente não é questão de fé. É questão de ética. Coisa que todo ser humano tem o direito de intervir e opinar. E quando discutimos o que é certo e errado, a razão, e somente a razão deve fazer parte do discussão. O que a gente vê frequentemente por meio da mídia e das pessoas em geral são argumentos sentimentalóides, que estrapolam os limites da razão, e que não medem as consequências das atitudes. Evitemos isso!

Menina de 9 anos de idade foi estuprada várias vezes pelo padrasto, e engravidou, pior ainda! Gravidez gemelar. Todos vocês sabem que uma menina de 9 anos pode engravidar e pode dar à luz, como já ocorreu em outras situações. Gravidez na infância e na adolescência é uma triste realidade do nosso mundo. Toda gravidez tem o seu risco. Não é a toa que se usa os termos “baixo risco” e “alto risco. O CISAM é especializado em alto risco. E a medicina, como falei antes, tem a atribuição de salvar a vida da mãe e a vida do filho. O bom tratamento da mãe é o melhor tratamento para a vida intra-uterina. Até que alguém me prove o contrário, a gravidez da menina era cientificamente viável. Todos nós sabemos que a medicina é imprevisível, e é assim como devemos encará-la. E, na minha opinião, a conduta correta deveria ser esperar a evolução do caso, acompanhar de forma contínua a gravidez, e induzir o parto se necessário, sempre procurando SALVAR VIDAS, que é a verdadeira atribuição da medicina. Se alguém me provar o contrário com o devido respaldo da ciência, EU mudo de opinião, e ainda explicarei pessoalmente a situação ao Arcebispo Dom José, que certamente também mudará de opinião e voltará atrás.

Se foi estupro, se foi acidente, se foi o alienígena, NADA justifica pela razão a destruição da vida intra-uterina. Consequências psicológicas… abortando ou não, a menina carregará pra sempre da mesma maneira. Não existe estudo científico de credibilidade que prove algum benefício ou malefício a esse respeito. Argumentos sentimentalóides não substituem a razão, mesmo estando previsto por lei a autorização do procedimento. Professores Rivaldo e Olímpio, respeito muito vocês, tenho uma simpatia especial pelo prof. Rivaldo, vejo em vocês professores comprometidos com a FCM – UPE, mas é FATO que vocês são defensores ferrenhos da legalização do aborto em todas as ocasiões, e que essa foi uma oportunidade de instigar a população e propagar o que vocês pensam. Eu sei disso.

Bem, caros professores, estou à disposição de vocês, espero não os ter ofendido com nenhuma palavra. Espero inclusive artigos científicos que contribuam para esclarecer o caso e para contribuir para minha formação acadêmica. Estou disposto também a realizar iniciação científica com vocês dentro da área dos riscos que envolvem a gravidez na infância e adolescência, caso vocês se interessem.

Um Abraço,

Artur Costa.

O fanático sou eu!

Uau! Eu não sabia que era tão importante. Já tô recebendo ameaças por aqui. Fico lisonjeado, embora reconheça estar assustado, por isso. Ao me manifestar contra o aborto dos gêmeos concebidos através de estupro de uma menina de nove anos, além de expressar meu apoio ao bispo que notificou (veja bem: apenas notificou, ele não excomungou ninguém, apenas expôs o que está na lei da Igreja) a excomunhão de todos os envolvidos no aborto (exceto a menininha), estou sendo chamado dos nomes mais bonitos que vocês possam imaginar. E já veio um imbecil dizendo coisas sobre eu apagar comentários, mas não posso fazer isso na rua… Provavelmente, ele quer me pegar no braço. Pois é, isso é coisa de gente esclarecida, inteligente, iluminada, tolerante… Quer que eu lhe mande meu endereço pra você vir aqui na minha casa, me bater?

E o fanático sou eu!

Caso Williamson: porta-voz vaticano pede mais objetividade aos jornalistas

Pe. Lombardi afirma que é o momento de virar a página

Por Kris Dmytrenko

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de março de 2009 (ZENIT.org).- O sacerdote jesuíta Federico Lombardi pede aos meios de comunicação que não cedam à tentação de apontar com o dedo com tanta facilidade os defeitos de comunicação dentro da Igreja.

Em uma entrevista concedida a ZENIT, o diretor da Sala de Informação da Santa Sé defende o sistema de comunicação interno e externo da Santa Sé, muito criticado nos últimos dias.

Os jornalistas que cobrem o Vaticano descreveram de diferentes maneiras o gesto de Bento XVI de revogar a excomunhão dos quatro bispos lefebvristas, julgando o fato muitas vezes como um «tropeço», quando não como um «desastre».

«Falar desta crise em termos apocalípticos me parece excessivo -observa o padre Lombardi. O ano passado foi um ano de grandes êxitos comunicativos para o pontificado».

O porta-voz recorda a viagem apostólica de 2008 aos Estados Unidos, definindo-a de «esplêndida», e também destaca a «ótima comunicação» durante o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus e durante a visita papal à França.

«Esquece-se muito depressa dessas experiências positivas -comenta. Isso não é justo, mas, lamentavelmente, é parte de nosso mundo, assim como a comunicação».

Frente aos riscos do sensacionalismo, o padre Lombardi pediu que os jornalistas olhem os fatos «com um pouco de distanciamento e objetividade».

Leia o restante da matéria aqui.

Católicos e judeus devem estar juntos diante do islamismo

Por Will Heaven.

Pela primeira vez desde a morte do Papa João Paulo II, as relações entre católicos e judeus se tornaram hostis. O Papa Bento XVI, em um esforço para remediar um cisma de vinte anos na Igreja Católica, permitiu o retorno de um negador do holocausto a seu rebanho. Mas as opiniões de um bispo lunático devem encerrar o diálogo interreligioso? Certamente, não. Agora, mais que em qualquer outra época de nossa turbulenta história, católicos e judeus devem estar juntos contra a ameaça do islamismo.

O negador do holocausto, bispo Williamson, é, de qualquer maneira, um homem desagradável e ignorante. Apesar de ter estudado na Universidade de Cambridge, ele rejeita a existência das câmaras de gás nos campos de concentração nazistas. Fazendo isso, ele nega o holocausto como evento histórico, alegando que “apenas” 300 mil judeus pereceram.

Para os católicos romanos, essas opiniões são intoleráveis. O Papa expressou sua desaprovação com palavras as mais duras, dizendo a uma delegação de judeus norte-americanos: “o ódio que foi manifestado durante o holocausto foi um crime contra Deus e a humanidade. Este capítulo terrível de nossa história jamais poderá ser esquecido”. Ele acrescentou: “a humanidade inteira deve continuar a lamentar a selvagem brutalidade que se abateu sobre o povo judeu”.

Suas palavras foram de extrema importância, e o rabino David Rosen elogiou as condenações do Papa à negação do holocausto como “absolutamente inequívocas”. Mas a lentidão do Vaticano em responder aos protestos não pode escapar às críticas.

A mídia internacional, que mal tinha acabado de atacar a guerra de Israel contra o Hamas, decidiu “reequilibrar a balança”, incitando sentimentos de anti-catolicismo. Mas os patéticos conselheiros do Papa, que estava “desinformado” sobre o antissemitismo público de Williamson (apesar de o fato ter sido relatado na página principal do jornal The Catholic Herald, ano passado) não deram importância ao assunto. Depois de colocarem perigosamente em risco vinte anos de progresso nas relações entre católicos e judeus, eles deveriam ser afastados.

Quando João Paulo II morreu em 2005, sua morte foi lamentada não somente por católicos romanos, mas por judeus em todo o mundo. Durante seu pontificado de 26 anos, o polonês Karol Wojtyla transformou a maneira da Igreja Católica se relacionar com o povo judeu.

Ele foi o primeiro Papa desde os dias da Igreja primitiva a entrar em uma sinagoga, e foi figura chave para o estabelecimento de relações diplomáticas entre o Vaticano e Israel, em 1994. Ele publicamente admitiu a falha de muitos católicos em agir contra os nazistas, e pediu perdão por seu comportamento. Em 2000, durante sua visita a Israel, aos 79 anos, ele pessoalmente prestou homenagens às vítimas do holocausto em Yad Vashem, inclusive se encontrando com sobreviventes.

Mas quando confrontado com problemas internos de sua Igreja, o Papa Wojtyla não foi tão bem sucedido. No fim dos anos 80, ele falhou em conter a ruptura de um movimento tradicionalista com Roma. E apesar da ligação com o fundador da Sociedade São Pio X, quatro bispos foram ordenados em desafio às leis da Igreja, o que lhes colocou em excomunhão automática.

O atual papa – na época, cardeal Ratzinger – foi mandado para restaurar a ordem. Apesar das numerosas dificuldades, ele iniciou o longo processo de reconciliação e esforçou-se para trazer os bispos rebeldes e seus seguidores de volta à Roma. Durante seu mandato como papa, e particularmente desde que restaurou a liturgia católica tradicional, este processo avançou firme rumo a seu objetivo.

O levantamento das excomunhões foi um assunto interno que resultou, para óbvio pesar do papa, em conseqüências externas catastróficas. Embora nenhum dos quatro esteja autorizado a ensinar na Igreja, a cicatrização de uma fratura quase levou ao surgimento de outra. O papa e seus conselheiros incompetentes estiveram perto de causar um desastre nas relações entre católicos e judeus. O resultado disso poderia ser desastroso para os dois lados.

Em 2009, boas relações entre a Igreja Católica e o povo judeu são mais importantes que nunca. A maior ameaça à estabilidade de Israel vem do Irã, na mais rancorosa expressão do Islamismo. O Hamas, em Gaza e na Cisjordânia, e o Hizbullah, no Líbano, estão sob a influência do regime iraniano que não reconhece o direito de existência a Israel. E agora este regime está próximo de ser capaz de fabricar armas nucleares. Para os judeus, a ameça se torna cada vez mais real.

Para os políticos seculares ocidentais, o fundamentalismo religioso é um fenômeno estranho a eles. Quando o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad declarou em 2005 que Israel deveria deixar de existir, a descrença do então primeiro-ministro britânico Tony Blair era evidente: “nunca estive em uma situação de o presidente de um país dizer que quer eliminar outro”. Blair nunca esteve nem mesmo perto de entender as razões do ditador islâmico. Do mesmo modo, a União Européia propôs um manifesto que condenava o Irã por não ser “um membro da comunidade internacional maduro e responsável”.

A Igreja Católica entende muito bem que a ambição mórbida de Ahmadinejad não tem nada a ver com maturidade política. Antes da revolução islâmica de 1979, havia em torno de 250 mil católicos vivendo no Irã. Agora, há menos de 15 mil. A intolerância de um regime fanático provocou a debandada de vasto contingente de católicos do Irã. Trata-se da mesma intolerância que tentaria livrar o Oriente Médio do povo judeu.

Apesar das tentativas do regime iraniano, Bento XVI tem sabiamente se recusado a encontrar com Ahmadinejad. Sobre o desejo do Irã de obter armas nucleares, ele se pronunciou afirmando ser “um assunto de grande preocupação” e chamou insisten­temente o regime islâmico a alcançar uma “coexistência pacífica” com outros países do Oriente Médio.

Mais importante, contudo, Bento XVI – a despeito dos recentes acontecimentos – permanece sendo um dos líderes políticos mundiais mais favoráveis a Israel. Da mesma forma que seu conselheiro, o papa anterior, que chamou o povo judeu de “nossos irmãos mais velhos”, Bento XVI tem constantemente tentado demonstrar sua “total e inquestionável solidariedade” a Israel e ao povo judeu, tal como fez quando visitou Auschwitz três anos atrás. Quando visitar Israel em maio, receberá uma recepção provavelmente bem diferente de seu predecessor. Mas suas orações no Muro das Lamentações serão igualmente sinceras e seu gesto igualmente intenso. É este anseio por cooperação diante de novas e terríveis ameaças a Israel que deve permanecer como prioridade.

Fonte: The Jerusalem Post. Tradução e adaptação de Matheus Cajaíba. Para ler o texto original em inglês, clique aqui.

Os picaretas contra o Papa

Existem alguns picaretas como Leonardo Boff e “Frei” Betto que são dia e noite paparicados pela imprensa, como se fossem pessoas realmente muito importantes, inteligentes, íntegras, como se tivessem alguma coisa de valor a apresentar ou dizer. Na verdade, sempre que podem esses dois bocós exercitam o esporte preferido dos católicos vira-latas: meter a lenha na Igreja, descer o cacete no Papa, fazer críticas à doutrina milenar do Cristianismo e bradar aos quatro ventos (com direito a uma performance bem teatral, aproveitando os holofotes…) que há uma necessidade profunda de mudanças. Afinal de contas, a Igreja precisa modernizar-se – como se a Verdade estivesse sujeita a quaisquer mudanças de costumes e Deus devesse dar muitas satisfações aos seres humanos, e não o contrário.

Falando no Küng, ele deu uma entrevista para a revista Isto É da semana passada, brilhantemente comentada pelo blog A Igreja Católica é a Igreja Una e Santa. No mesmo blog, há ainda outros posts sobre a reação de Küng e de Boff sobre a retirada das excomunhões dos bispos ordenados por dom Marcel Lefebvre.

Olha, em se tratando de Igreja, eu sempre presto atenção no que Boff e Küng dizem. A probabilidade de estarem falando alguma idiotice é de quase 100 por cento. São dois liberais que desejam a destruição da Igreja Católica, e trabalham ativamente para isso. E não estão sozinhos em sua luta: outra recente polêmica na Igreja foi a nomeação do padre Gerhard Wagner para bispo auxiliar da cidade de Linz, na Áustria. A reação dos bispos modernistas austríacos foi a de quase promover uma rebelião contra o Papa. A pressão foi tão grande que o padre Wagner pediu ao Papa que retirasse sua nomeação como bispo. Informações sobre essa crise enfrentada por Bento XVI (mais uma…) temos aqui no blog Fratres in Unum.

Rezemos pelo Papa, porque a coisa está feia. Os modernistas e modernosos vão lutar contra ele com todas as forças e se utilizando de todas as armas.

Podcast Olavo de Carvalho: declarações do bispo Williamson são um “episódio pequeno”

Trecho do podcast de Olavo de Carvalho desta semana que passou, em que comenta sobre a polêmica decorrida das declarações do bispo Williamson:

Vocês sabem que aquele bispo, Williamson, que foi um dos quatro bispos que foram reintegrados na Igreja agora pelo Papa Bento XVI, o sujeito foi excomungado no tempo do Concílio [nota: na verdade em 1988, 23 anos depois do encerramento do Vaticano II] por ter sido sagrado bispo contra a vontade do Papa, sem autorização do Papa, pelo cardeal Lefebvre. Acontece que, examinando direitinho as leis, Bento XVI chegou à conclusão de que esse negócio era inválido, essa excomunhão era inválida, então ficou sem efeito. Não é que ela foi suspensa, ela foi declarada nula, quer dizer: pelo Código de Direito Canônico, ela não valia no instante em que foi decretada. Foi só isso que o Papa fez.

Acontece que, vinte anos depois desse acontecimento [a excomunhão], esse bispo Williamson andou lendo lá uns negócios do tal do revisionismo e chegou à conclusão de que o holocausto não aconteceu e disse isso. Agora, o mundo inteiro já está protestando: “Não, não pode tirar a excomunhão dele, porque ele falou que o holocausto não existiu”. Mas isso é inteiramente absurdo: você, por conta de um novo delito, e que não é um delito eclesiástico, é um delito civil (…), você vai manter uma penalidade canônica anterior, referente a outro crime, e que é juridicamente inválida? Você querer que o Papa faça isso, ora se um Tribunal Eclesiástico fizesse isso, qualquer primeiroanista de direito iria rir da cara desse tribunal, ele iria se desmoralizar completamente. Vocês querem fazer algo contra o bispo Williamson, vocês metam um processo nele, o Papa não tem absolutamente nada a ver com isso. Agora, fica até esse Hans Küng exigindo a renúncia do Papa… Hans Küng é uma besta quadrada, um vendido, comunistinha, o que o Hans Küng diz só tem importância na Folha de São Paulo. (…) É um Leonardo Boff alemão, entendem?

Veja: o pessoal do Grão Rabinato de Israel rompeu relações com o Vaticano por causa disso. Mas que estupidez, meu saco! Nessa hora, em que o mundo inteiro está descendo o cacete em Israel, Israel precisando de todo o apoio que possa angariar, eles vão arrumar uma briga com o Vaticano por causa disso? Não tem motivo para arrumar briga, porque primeiro: o bispo Williamson já pediu perdão ao Papa por ter dito isso do holocausto; segundo, o Vaticano já emitiu a declaração, dizendo que isso aí é muito errado, que isso é um pecado e ele nunca podia ter feito isso. Se o sujeito cometeu o pecado, foi lá para o Papa e pediu perdão, o Papa é obrigado a perdoar (…), vocês não entendem? Não dá para o cara pedir desculpas, não dá para o cara voltar atrás? (…)

Isso aí é coisa de intrigante, que quer criar problemas, quer criar ruptura entre Israel e os cristãos, por quê? Porque os cristãos são hoje os maiores aliados de Israel, então, tem que quebrar essa aliança (…). Vai um cara, sopra na orelha do rabino, “aqui, o cara negou o holocausto, bla bla bla”, para criar um rolo, o idiota cai e faz uma coisa dessas. Isso aí é o seguinte: o Papa já fez o que tinha que fazer, e o bispo Williamson também já fez, já pediu desculpas em público, e pronto, acabou. O que mais se pode fazer depois disso? Querer criar um caso diplomático internacional por causa de uma coisa que já foi, que o cara já se desculpou… Que maluquice é essa? Isso é querer explorar um episódio pequeno para  criar uma crise que pode prejudicar seriamente não o Vaticano, pode prejudicar Israel. (…) Acontece isso, e os terroristas esfregam as mãos, “oba, agora eles vão brigar com o Vaticano, e todo mundo vai descer o cacete neles”.

Vale a advertência costumeira: não se assustem com os palavrões! Para ouvir o podcast na íntegra, clique aqui.

Haja saco!

E as besteiras ditas pelo bispo Williamson ainda repercutem. E repercutem porquê? Porque os inimigos da Igreja estão sempre vigilantes, esperando acontecer e regojizando-se quando descobrem deslizes de seus membros. Será que a Igreja é responsável como um todo pela declaração infeliz de um católico? “Ah, mas o Williamson teve sua excomunhão levantada, e voltou a fazer parte da hierarquia da Igreja”. Alto lá: o levantamento da excomunhão não significou o retorno de Williamson às suas funções episcopais. Ele agora pode receber os sacramentos, mas não pode celebrá-los licitamente.

Além disso, manifestar-se relativizando o holocausto, por mais estúpido que seja, não é motivo para manter uma excomunhão. É claro que é uma declaração irresponsável, inclusive por suas repercussões, que fizeram estremecer as relações entre judeus e o Vaticano de uma forma descabida. E, não nos esqueçamos, serviram de prato cheio para a imprensa praticar um de seus esportes preferidos: cair de pau na Igreja Católica e no Papa.

E a novela continua. Vejam o que saiu hoje na Zenit:

Papa e chanceler Merkel condenam Holocausto

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, domingo, 8 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI e a chanceler alemã Angela Merkel mantiveram uma conversa telefônica na qual mostraram sua coincidência na visão sobre a Shoá como advertência à humanidade, segundo explicou neste domingo a Santa Sé através de um comunicado.

A conversa aconteceu a pedido da senhora Merkel, cristã protestante, e se desenvolveu «em um clima de grande respeito», no qual tanto o Papa como a chanceler «expressaram seus respectivos pontos de vista», afirma a nota.

Esta conversa, segundo declararam conjuntamente os dois porta-vozes, o senhor Ulrich Wilhelm pela parte alemã e o Pe. Federico Lombardi, S.J. pela parte vaticana, foi «cordial e construtiva» e esteve «marcada pela comum e profunda adesão à advertência sempre válida da Shoá para a humanidade».

Ambos falaram, segundo explica a nota, sobre as declarações realizadas pelo Papa Bento XVI em 28 de janeiro passado, ao término da audiência geral, e sobre as de Ángela Merkel na terça-feira passada.

Nessa ocasião, o Papa havia pronunciado um comunicado, no qual afirmava que a Shoá devia ser para todos» uma advertência contra o esquecimento, contra a negação e o reducionismo».

O Papa afirmava ter «na memória as imagens recolhidas em minhas repetidas visitas a Auschwitz, um dos campos de concentração nos quais se consumou o brutal massacre de milhões de hebreus, vítimas inocentes de um cego ódio racial e religioso».

«Enquanto renovo com afeto a expressão de minha total e indiscutível solidariedade com nossos irmãos destinatários da Primeira Aliança, desejo que a memória da Shoá leve a humanidade a refletir sobre o imprevisível poder do mal quando conquista o coração do homem», acrescentava.

Estas declarações haviam sido consideradas como «insuficientes» segundo declarou na terça-feira passada, 3 de fevereiro, Ángela Merkel.

«Por parte do Vaticano e do Papa tem que ficar definitivamente claro que não se permite o negacionismo e que deve haver um trato positivo com o judaísmo», havia afirmado a chanceler alemã.

Leia o restante da matéria aqui.

É compreensível a preocupação expressada pela chanceler alemã sobre o tema. Mas é inaceitável que ela considere “insuficientes” as declarações do Papa a respeito do assunto. No último dia 29 de janeiro, ele afirmou em audiência:

Vêm-me à memória as imagens recolhidas em minhas repetidas visitas a Auschwitz, um dos lugares nos quais se consumou o brutal massacre de milhões de hebreus, vítimas inocentes de um cego ódio étnico e religioso (…) enquanto renovo com afeto a expressão de minha total e indiscutível solidariedade com nossos irmãos destinatários da Primeira Aliança, auguro que a memória da Shoá induza a humanidade a refletir sobre o imprevisível poder do mal quando conquista o coração do homem.

Essa declaração foi suficiente para satisfazer o diretor geral do Rabinato de Israel, Oded Wiener, que afirmou:

Creio que foi um grande passo adiante e uma importante declaração para resolver esta questão, ainda que devemos discutir junto com os membros da Comissão da Santa Sé e do governo de Israel sobre o que pode ser acrescentado para colocar fim a este problema.

Mais detalhes aqui, nesta ótima e explicativa matéria da Zenit. No mesmo texto, uma declaração do embaixador de Israel na Santa Sé, Mordechay Lewy, afirmando que a declaração do Papa foi de alto nível, “que esclarece e ajuda a superar os equívocos”. O comentário do Pe. Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, foi tão contundente que parecia ter encerrado definitivamente a questão.

O que mais querem que o Papa diga a respeito? Mas a imprensa continua repercutindo o caso. Não seria má vontade contra a Igreja e Bento XVI? Será que não estão exagerando as afirmações desastradas de um bispo com o objetivo de atingir a imagem do Papa? Autoridades judaicas já se abriram ao diálogo e a imprensa continua a jogar gasolina na fogueira.

Por falar em imprensa, não percam os ótimos textos do blog Pai, perdoai-lhes; eles não sabem o que escrevem, do qual sou fã número 1, sobre este assunto, comentando os erros cometidos por jornalistas ao noticiarem e comentarem esta polêmica.

Mais notícias sobre a repercussão do levantamento das excoumunhões

Não é fácil ser católico, um católico fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Sua Igreja – não estou falando de ser católico vira-lata, para isso, basta latir besteiras contra o Magistério da Igreja, o Papa… e ainda ter a cara de pau de dizer “eu sou católico, mas…” Isso é muito fácil. Difícil é ser católico de verdade.

Imaginem então ser padre. Agora, imagine ser bispo… E imagine ser Papa.

Bento XVI levantou as excomunhões aos bispos lefebvrianos e despertou a ira de setores da Igreja Católica e de líderes judaicos. Até o vigarista do Hans Küng abriu sua boca para proferir suas costumeiras imbecilidades.

Posto aqui links para duas matérias jornalísticas de interesse:

Papa se aproxima de tradicionalistas
Perdão a bispos excomungados em 1988 provoca diálogo entre setores da Igreja Católica

O Vaticano, os lefebvrianos e o antissemitismo

Faz parte das obrigações de um católico fiel estar bem informado sobre o que acontece em sua Igreja!

Polêmica sem fim: o Concílio Vaticano II – ruptura ou continuidade?

Esses últimos dias foram bastante movimentados para nós, católicos. A revogação da excomunhão aos bispos ordenados pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre reascendeu a discussão sobre a validade do Concílio Vaticano II e à obediência a seus decretos. Zenit publicou ontem artigo relacionado ao assunto. Transcrevo um trechinho:

Concílio, eixo do magistério de Bento XVI, segundo cardeal Bertone

Rejeita que o Concílio tenha suposto «uma ruptura» na história da Igreja

ROMA, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Alguns sustentam que o Concílio Vaticano II supôs uma nova ‘Constituição’ na Igreja, mas isso é absurdo», como manifestaram todos os papas até agora, inclusive Bento XVI: assim explicou o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado Vaticano, em uma conferência sobre o pensamento do Papa Bento XVI, por ocasião do 60º aniversário da fundação do Círculo de Roma, segundo recolhe L’Osservatore Romano em sua edição de ontem.

O cardeal Bertone afirmou que a tese que uma ruptura entre a Igreja anterior e posterior ao Concílio é «falsa», pois «a constituição essencial da Igreja vem do Senhor, que se entregou a nós para que pudéssemos alcançar a vida eterna e, partindo desta perspectiva, estamos em situação de iluminar também a vida no tempo e o próprio tempo».

Para o purpurado, o Vaticano II gerou «duas interpretações opostas: a da descontinuidade e a ruptura, que obteve simpatia da mídia e de uma parte da teologia moderna», e «a da reforma e a renovação na continuidade da única Igreja que o Senhor deu, e que é a que está, silenciosamente, mas cada vez de modo mais visível, dando fruto».

Portanto, o Papa atual, acrescentou, «inscreve-se a título pleno no grupo de pontífices que disse ‘não’ à hermenêutica da descontinuidade e ‘sim’ à da reforma, tal como explicou João XXIII na abertura do Concílio e confirmou Paulo VI no discurso de conclusão».

Leia o restante da matéria aqui.

O cardeal Bertone parece afirmar o que os tradicionalistas negam veementemente: a validade do que ensina o Concílio Vaticano II. Ao mesmo tempo, desmente a idéia modernista de que o Concílio fez surgir uma “nova Igreja”, o que é um absurdo, dado que a Igreja de Cristo sempre foi assistida pelo Espírito Santo desde sua fundação e o próprio Senhor Jesus lhe prometeu proteção e assistência até o fim dos tempos (Mt 16,18-19; Mt 28,18-20). Portanto, a idéia de uma Igreja “renovada” é descabida, afinal de contas o Espírito Santo jamais deixou de assisti-la.

E qual a minha opinião? Nenhuma. Minha opinião é irrelevante. Pretendo estudar com carinho todos os 21 concílios ecumênicos realizados no decorrer da História da Igreja – mas isso fica pra depois que eu encerrar meu mestrado. Claro, pretendo estudar também o Concílio Vaticano II, e somente aí serei capaz de dizer alguma coisa que valha a pena ser lida. Mas, por enquanto, apenas relato aqui de forma tímida o que está acontecendo.

Revogação de excomunhão a «lefebvristas», «início» no «final» de um caminho

Afirma o cardeal Jean-Pierre Ricard, membro da Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei»

BORDÉUS, terça-feira, 27 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O levantamento da excomunhão imposta em 1988 aos 4 bispos ordenados ilegitimamente pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre, divulgado pela Congregação para os Bispos em 24 de janeiro passado, «não é o final, mas o começo de um processo de diálogo», no qual ainda restam questões a serem esclarecidas.

Assim afirmou o cardeal Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordéus e membro da Comissão Pontifícia «Ecclesia Dei», em uma declaração divulgada pela Conferência Episcopal Francesa, também em 24 de janeiro passado.

Segundo o purpurado, ainda falta regular duas questões fundamentais para que o cisma possa ser considerado terminado: por um lado, «a integração da estrutura jurídica da Fraternidade de São Pio X na Igreja», e por outro, «um acordo em questões dogmáticas e eclesiológicas».

Entre estes temas a debater, o cardeal Ricard se referiu à questão do Concílio Vaticano II como «texto magisterial de primeira importância. Isso é fundamental».

Leia mais aqui.

Levantamento da excomunhão imposta aos bispos ordenados pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre

Como sou um completo ignorante nesse assunto, não fiz até agora nenhum comentário e, sinceramente, não pretendo fazê-lo, sob pena de proferir alguma besteira. A minha opinião sobre esse assunto em especial é irrelevante. Um bom texto, didático e bem explicativo da situação, é o do blog de Wagner Moura, que pode ser lido aqui. O texto tem alguns links externos, com ligações para outros textos explicativos, como muitas informações, o que é bom para ignorantes como eu saberem com mais detalhes o que realmente está acontecendo na Igreja.