Intolerância contra os católicos, sim! E orquestrada!

…os casos em que se produzem imagens inadequadas da identidade e dos valores cristãos por parte da mídia e da política, que levam a mal-entendidos e preconceitos.

O parecer da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa está corretíssimo e se aplica perfeitamente ao que está acontecendo agora, no Brasil, nessa campanha contra o bispo Dom José Cardoso em particular e contra a Igreja Católica em geral (ver o post seguinte).

A imprensa está caindo de pau. Eliane Cantanhêde e Kennedy Alencar, jornalistas especializados em escrever bobagens (devem ter feito alguma pós-graduação nisso), já deram seus palpites na Folha. Artigos irados circulam pela internet. Aqui mesmo neste blog que vos fala o número de visitações deu um salto e já veio gente aqui espinafrar e insultar a Igreja e suas autoridades.

O caso da menina de Alagoinha é somente um pretexto. Se estivessem com boas intenções, dariam oportunidade para que membros da Igreja explicassem o que é excomunhão, porque ela foi publicamente anunciada, quais as conseqüências de uma excomunhão. Claro que essa gente não tem vontade de debater ou dialogar, a baba ressentida que exalam mostra muito bem que descobriram uma ótima oportunidade para atacar gratuitamente a Igreja.

Até parece que se importam com a garotinha. Quem dera se importassem! Se tivessem alguma compaixão por ela, estariam lamentando o trágico fim das crianças concebidas em seu ventre. Estariam lamentando o trauma que essa criança vai ter que enfrentar para sempre por ter abortado seus filhos. Estariam preocupados com as seqüelas psicológicas e físicas as quais essa menina está sujeita a sofrer a partir de agora. Como já mencionei em post anterior, nos Estados Unidos 31% das mulheres sofrem complicações de saúde após praticarem aborto – e isso acontece em um país onde o aborto é legalizado.

Acusar os católicos de não se importarem com o sofrimento da menininha violentada tem um nome: vigarice. Na verdade, eu duvido muito que esses arautos da liberdade se preocupem com ela.

A preocupação dos militantes anti-cristãos é uma só: destruir a autoridade moral da Igreja Católica para transformá-la em um clubinho onde as pessoas vão apenas para se entreter. O objetivo da perseguição aos cristãos no mundo é constrangê-los, silenciá-los através da imposição de leis (a lei “anti-homofobia”, por exemplo), da ridicularização de sua doutrina (através da repetição exaustiva pelos “formadores de opinião” de adjetivos tais como “retrógada”, “arcaica” e “ultrapassada” para descrevê-la), da exposição de seus líderes fiéis ao ridículo pela imprensa e pela mídia, voltados a distorcer e deturpar a mensagem católica para confundir os fiéis.

O catolicismo está sendo vítima de uma onda de intolerância em todo o mundo. Quem afirma que é católico fiel à doutrina da Igreja é imediatamente taxado de “fundamentalista”. Esse rótulo não é apenas estúpido: ele é deliberadamente mentiroso. Faz parte de uma etapa de fundamental importância para esse processo de implosão da Igreja Católica: corroê-la por dentro, com a ajuda dos falsos católicos, que relativizam sua fé, acreditando apenas naquilo que os convém. Como escrevi em post anterior, quem nega ou relativiza um ensinamento da Igreja, ataca de frente toda a sua autoridade, pois a torna falível – uma instituição como outra qualquer.

O Católico instruído e fiel sabe, ao contrário dos católicos vira-latas, que sua Igreja é a Igreja fundada sobre Pedro por Nosso Senhor Jesus Cristo (Mateus 16,18-19). Sabe também que sua Igreja é assistida pelo Espírito Santo (João 20,21-23). Sabe que Jesus transmitiu sua autoridade, dada diretamente a Ele pelo Pai, à Igreja que fundou (Mateus 28,18-20); para um verdadeiro católico, a autoridade da Igreja Católica para ensinar vem de Deus. Transformar o catolicismo em uma “igreja qualquer”, tal como desejam muitos católicos e clérigos, e agem dentro da própria Igreja para isso, é a melhor estratégia para desacreditar a instituição.

Vocês duvidam que esteja acontecendo agora, neste momento, uma ação coordenada no mundo inteiro para desmoralizar por completo a Igreja Católica? Então, saibam que isso já aconteceu com a igreja anglicana – em apenas poucas décadas, essa instituição, que era a própria representação da tradição religiosa inglesa, vai deixar de existir. Sua autoridade moral, anteriormente abalada pela “ordenação” de mulheres, foi recentemente destruída por completo com a eleição de um bispo assumidamente homossexual. A igreja anglicana passa por um processo interno de desestruturação que parece ser irreversível e que vai terminar por destruí-la em um espaço razoável de tempo.

Católicos, reajam… Cabe a nós a defesa da Igreja do Senhor Jesus, não aos anjos do céu!

Bento XVI: Cristo “é o verdadeiro Senhor do mundo”. E as implicações disso na cultura ocidental

Transcrevo aqui um texto inspiradíssimo de Sua Santidade, pronunciado hoje na tradicional audiência geral das quartas-feiras. A partir dele, proponho uma reflexão. Vamos lá:

Para o mundo pagão, que acreditava em um mundo cheio de espíritos, em grande parte perigosos e contra os quais era preciso defender-se, aparecia como uma verdadeira libertação o anúncio de que Cristo era o único vencedor e de que quem estava com Cristo não tinha que temer ninguém. O mesmo vale para o paganismo de hoje, porque também os atuais seguidores destas ideologias vêem o mundo cheio de poderes perigosos. A estes é necessário anunciar que Cristo é vencedor, de modo que quem está com Cristo, quem permanece unido a Ele, não deve temer nada nem ninguém. Parece-me que isso é importante também para nós, que devemos aprender a enfrentar todos os medos, porque Ele está acima de toda dominação, é o verdadeiro Senhor do mundo.

Para ler todo o texto, que faz parte de uma série de reflexões sobre São Paulo, dentro do Ano Paulino (estamos comemorando dois mil anos de seu nascimento), clique aqui.

O que me chamou a atenção nesta passagem foi o seguinte ponto: para quem acompanha este blog, apenas alguns dias atrás citei uma fala de Olavo de Carvalho, que relaciona o desenvolvimento da razão com a idéia de um Deus transcendente, que está além da natureza. Transcrevo novamente a referida explicação:

Henrique Garcia me pergunta: “Qual sua opinião sobre certas correntes de idéias, presentes sobretudo no meio liberal, que trabalham incessantemente por achincalhar a fé face à razão, atribuindo-a ao obscurantismo, quando não à irracionalidade pura e simples?” Olha aqui, Henrique: o pessoal que faz isso só mostra que é um bando de ignorantes, eles não sabem nem o sentido da palavra razão. A idéia da razão surge na Grécia exatamente como, vamos dizer, a tendência da alma para a contemplação do transcendente. É só a idéia do transcendente que permite o surgimento da razão. A idéia de um Deus transcendente é a idéia fundamental da razão, idéia que na verdade era impossível numa fase anterior da civilização, onde tinha aquela idéia dos “deuses espalhados” aí pela natureza, deuses mais ou menos fundidos na natureza. Na hora em que a idéia da divindade se destaca da natureza cósmica e se abre para a mente humana a idéia do Deus transcendente, do Deus que está para lá do universo, um Deus absolutamente invisível, infinito, aí é que começa a razão, isso é a base da razão. Agora, esses idiotas nem sabem o que é razão!

Esta idéia, de um Deus que transcende a natureza, surge na Grécia pagã, mas se concretiza com o advento do Cristianismo, já que a natureza foi completamente dismistificada pela nova religião – as antigas divindades gregas estavam diretamente associadas a forças da natureza. Para os cristãos, só existe um único Deus, personificado em Jesus Cristo, e a natureza é Sua criação – ou seja: a natureza é obra de Deus, e sua manifestação não tem, em si, nada de divina ou sobrenatural. Essa separação entre “criador” (Deus) e “criatura” (natureza) vai ser de fundamental importância no desenvolvimento do pensamento ocidental. Lembrei-me de outra explicação, bastante didática, do brilhante jornalista português João Pereira Coutinho. Publico aqui um fragmento do texto publicado na Folha Online (íntegra, aqui), que trata sobre a polêmica do Papa com o Islam, ao citar em discurso proferido em uma universidade alemã uma frase que teria ofendido os “sentimentos religiosos muçulmanos”. Este é outro assunto, eu quero é chamar a atenção para o primeiro parágrafo do texto:

O Papa Bento 16 visitou uma antiga universidade alemã e resolveu falar sobre as relações difíceis entre a fé e a razão. Digo “relações difíceis”, mas Ratzinger discorda: para Bento, não existe nenhuma incompatibilidade entre a “fé” e a “razão” porque a razão é uma dádiva de Deus. A tese não constitui uma originalidade do atual Papa. É tese ortodoxa da Igreja Católica e, mais, foi precisamente um tal entendimento que permitiu a emergência da (expressão perigosa) “civilização ocidental”: do renascimento carolíngeo à cultura monaquista da Idade Média (que salvou os textos clássicos que era possível salvar), o convívio entre as coisas do espírito e os trabalhos da mente contribuiu para a fundação das primeiras universidades (de Bologna a Paris) e até para lançar as bases do pensamento científico. Como? Pela “despersonalização” da natureza. Ao contrário do que sustentavam as antigas culturas animistas, a idéia de um universo criado por Deus implica a idéia de um criador que dotou o mundo de leis que só a razão humana pode descobrir.

Parece-me que os três fragmentos acima têm uma relação entre si. Ao proclamar Cristo, Deus Encarnado, o Senhor do mundo, submetendo todas as coisas a Si, o Cristianismo anuncia um Deus transcendente à natureza, infinito, situado muito além da matéria e da própria racionalidade humana; mas ao mesmo tempo indica ao homem a sua própria superioridade sobre a natureza, partindo do que está escrito no Gênesis, logo no comecinho da Bíblia (1, 26-28):

26. Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra.”
27. Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher.
28. Deus os abençoou: “Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.”

Esses versículos são alguns dos mais importantes trechos da história do pensamento humano. Através da leitura atenta deles, podemos concluir:

  1. Deus criou o ser humano, e somente ele, à sua semelhança (notem o verbo na primeira pessoa do plural, Façamos, vejam a Trindade em ação!). Ou seja: o homem é a criatura mais importante da Criação.
  2. Que ele reine: o homem é o rei dos animais. Ele é soberano, tem vontade e expressa suas vontades. Ele subjuga, domina a tudo. Ao dominar a natureza, torna-se capaz de transformá-la.
  3. Essa ação humana de transformar a natureza tem as bênçãos do próprio Deus. Mas, não nos esqueçamos: esse domínio sobre a Criação é uma dádiva do Criador; não é um mérito do próprio homem.
  4. E Deus não somente abençoa ao homem, mas também à mulher, e a mulher também foi criada à sua imagem e semelhança. É coincidência a questão da igualdade de direitos entre homens e mulheres ter sido levantada justamente no ocidente? Qual era o tratamento dispensado às mulheres nas culturas anteriores ao advento do Cristianismo?

Um mundo sem espíritos, sem superstições, sem divindades traiçoeiras, mas com um único Deus, Criador de tudo, que coloca homem e mulher juntos como ponto alto de sua Criação e os instiga a submeterem a Sua própria Criação, a fim de dominarem tudo. A partir da elevação da razão ao transcendente, vislumbra-se a possibilidade de um método de investigação da natureza, visando sua transformação; a partir da noção de homem e mulher criados à imagem de Deus, amadurece a idéia da igualdade entre os sexos perante Deus e perante a justiça dos homens; e, entre aqueles que ouviram a mensagem bíblica “enchei a terra e submetei-a”, ergue-se a sociedade ocidental, a mais dinâmica, avançada e criativa de todas as culturas que já existiram sobre a face da terra.

Quer melhorar seu autocontrole? Experimente a religião

Por John Tierney.

Se vou encarar seriamente minhas resoluções para 2009, será que devo acrescentar mais uma à lista, “começar a frequentar a igreja”?

É uma pergunta complicada para um pagão, mas me senti obrigado a falar dela com Michael McCullough depois de ler seu artigo que vai sair na próxima edição do “Psychological Bulletin”. Ele e outro psicólogo da Universidade de Miami, Brian Willoughby, analisaram oito décadas de pesquisas e concluíram que a fé religiosa e a devoção promovem o autocontrole.

McCullough não tem motivações evangelizadoras. Ele confessa que não é exatamente devoto. “Quando o assunto é religião, profissionalmente falando, sou fã dela, mas, pessoalmente, essa não é muito minha praia”, disse.

Seu interesse profissional nasceu do desejo de compreender a razão da evolução da religião e por que ela parece ajudar tantas pessoas. Pesquisadores de todo o mundo já constataram repetidas vezes que pessoas que têm devoção religiosa tendem a sair-se melhor nos estudos, a viver mais, a ter casamentos mais satisfatórios e, em geral, a ser mais felizes.

Esses resultados têm sido atribuídos às regras impostas aos fiéis e ao apoio social que eles recebem de outros fiéis, mas essas fatores externos não explicam todos os benefícios. No novo artigo, os psicólogos de Miami analisaram os estudos para testar a hipótese de que a religião confere força interna às pessoas. “Simplesmente perguntamos se há evidências fortes de que pessoas mais religiosas têm mais autocontrole”, disse McCullough. “Quando somamos vários estudos, percebemos que há descobertas consistentes indicando uma correlação entre religiosidade e autocontrole maior.”

Já nos anos 1920, pesquisadores descobriram que alunos que passavam mais tempo nas aulas de catecismo se saíam melhor em testes de laboratório para medir sua autodisciplina. Estudos subsequentes mostraram que crianças devotas ganhavam escores de impulsividade relativamente baixos de seus pais e professores, e que a religiosidade repetidamente apresentava correlação com autocontrole maior entre os adultos. Descobriu-se que devotos tendem mais que os outros a usar cintos de segurança, ir ao dentista e tomar vitaminas.

“Tomografias cerebrais já mostraram que, quando as pessoas oram ou meditam, ocorre muita atividade em duas partes do cérebro que são importantes para a autorregulação e o controle da atenção e da emoção”, disse McCullough. “Os rituais que a religião incentiva há milhares de anos parecem ser uma espécie de treino anaeróbico de autocontrole.”

Em um estudo de personalidade, pessoas fortemente religiosas foram comparadas com pessoas que professavam ideias espirituais mais gerais, como a de que suas vidas eram “dirigidas por uma força espiritual maior” ou que elas sentiam “uma conexão espiritual com outras pessoas”. As pessoas religiosas ganhavam escores relativamente altos nos quesitos consciência e autocontrole, enquanto as pessoas espirituais apresentam escores relativamente baixos.

“Pensar sobre a unidade da humanidade e da natureza não parece guardar relação com o autocontrole”, disse McCullough. “O efeito de autocontrole parece vir da participação em instituições e comportamentos religiosos.”

Fonte: The New York Times, publicado na Folha de São Paulo, 12/01/2009. Link para assinantes aqui.

Podcast Olavo de Carvalho: Deus transcendente é a idéia fundamental da razão

Na última edição do True Outspeak deste ano de 2008, Olavo de Carvalho comenta sobre a origem da idéia da razão, na Grécia antiga, demolindo um velho preconceito presente no establishment intelectual ateu, muito em voga hoje em dia: a falácia de que a fé é irracional e, por conseguinte, está relacionada ao atraso e à ignorância.

Henrique Garcia me pergunta: “Qual sua opinião sobre certas correntes de idéias, presentes sobretudo no meio liberal, que trabalham incessantemente por achincalhar a fé face à razão, atribuindo-a ao obscurantismo, quando não à irracionalidade pura e simples?” Olha aqui, Henrique: o pessoal que faz isso só mostra que é um bando de ignorantes, eles não sabem nem o sentido da palavra razão. A idéia da razão surge na Grécia exatamente como, vamos dizer, a tendência da alma para a contemplação do transcendente. É só a idéia do transcendente que permite o surgimento da razão. A idéia de um Deus transcendente é a idéia fundamental da razão, idéia que na verdade era impossível numa fase anterior da civilização, onde tinha aquela idéia dos “deuses espalhados” aí pela natureza, deuses mais ou menos fundidos na natureza. Na hora em que a idéia da divindade se destaca da natureza cósmica e se abre para a mente humana a idéia do Deus transcendente, do Deus que está para lá do universo, um Deus absolutamente invisível, infinito, aí é que começa a razão, isso é a base da razão. Agora, esses idiotas nem sabem o que é razão!

Para ouvir o programa na íntegra (uma hora de duração, aproximadamente), baixe o arquivo aqui. Novamente, uma observação aos desavisados: não se assustem com a quantidade de palavrões disparados pelo locutor!