Nunca gostei de tirar fotos, nunca me achei fotogênico. Também nunca gostei de meu penteado, nunca consegui acertar um corte de cabelo que considerasse bacana… Hoje em dia, quando vou ao barbeiro fazer um corte de cabelo, passo máquina, re re re. Por isso mesmo, essa é uma das duas únicas fotos que tenho com Padre Tonico. Nesta aqui, está reunida uma gang “terrível”: Anderson, Tonico, Didico e eu (update: estou abaixo, de óculos, usando blusa azul). Tiramos essa foto por acaso, ao término de um curso de parapsicologia, realizado na paróquia do Horto, aqui em Belo Horizonte. Quando foi isso? Entre 1998 e 1999.
Fotografias são cruéis. Por um lado, eternizam eventos memoráveis, felizes, iludindo-nos por um instante com a sensação de que aquele momento em particular está sempre acessível a nossos sentidos, de alguma forma, e por isso, sempre passível de ser novamente vivido. Por outro lado, a mesma foto não apenas “diz” coisas que você quase sempre não quer “ouvir”, mas também lhe faz sentir coisas não muito agradáveis. Fotografias misturam impressões de lembranças e perdas, sendo que esses sentimentos provém de um mesmo fato, devidamente captado naquele instante há tempos desaparecido. E a foto, tudo o que restou daquele evento, o reconstitui.
Há exatamente um ano, Padre Tonico se foi. Pegou a todos desprevenidos, aconteceu de repente. Naquela época, eu estava levantando material para começar um projeto há tanto tempo prometido e nunca executado: um site em sua homenagem. Não havia ainda conversado com ele a respeito. Na verdade, fazia um bom tempo que não conversávamos – em parte, porque Padre Tonico absteve-se de cursos em Belo Horizonte nos últimos anos de sua vida.
Dias depois que Padre Tonico morreu, Didico veio aqui em casa e, entre algumas preciosidades, trouxe essa foto, da qual nem me lembrava mais. Aliás, preciso encontrar e copiar a outra foto que tirei com Padre Tonico, essa ainda mais antiga, que está guardada no meio de meus arquivos, entre apostilas, textos, recortes de jornais…
Hoje, de forma especial, queria expressar aqui o tanto que Padre Tonico me ajudou a conhecer a Nosso Senhor Jesus Cristo e a sua verdadeira e única Igreja, Santa, Católica e Apostólica. Queria escrever algo mais bem elaborado sobre como foi um mestre e conselheiro, amigo e presença em minha vida – e tenho certeza, na vida de tantas outras pessoas. Gostaria de ser capaz de mensurar o quanto sua morte nos faz falta a todos. Mas não sou capaz de fazer isso. Melhor deixar a fotografia falar por si mesma, enchendo meu coração de sentimentos contraditórios e irreprimíveis.
Publico essa foto com um suspiro de saudade, “essa palavra sem tradução exata que os portugueses inventaram para dar nome a uma tristeza sem nome”, como disse certa vez João Pereira Coutinho.
Publico essa foto com um sorriso de alegria, confiante na Misericórdia Divina, que saberá recompensar Seu trabalhador pelos frutos de seu trabalho.