Carta aberta ao Pe. Fábio de Melo

Por Gustavo Souza.

Reverendíssimo Pe. Fábio de Melo,

Em primeiro lugar, conceda-me a sua bênção!

Escrevo-lhe para fazer algumas observações e questionamentos a respeito das suas colocações durante uma entrevista recentemente concedida ao Programa do Jô.

Caso não saiba, algumas das suas declarações geraram grande indignação entre os católicos. Sobretudo nos blogs e sites católicos multiplicaram-se as críticas e manifestações de repúdio a algumas de suas posições expressas na citada entrevista. Sem dúvida, houve diversas respostas adequadas e enriquecedoras; contudo, parece que essas felizes colocações soçobraram ante uma avalanche de afirmações imprecisas, imprudentes e, em alguns casos, incorretas.

Uma das suas primeiras assertivas, que a mim causou muito espanto e preocupação, foi a de que “precisamos nos despir dessa arrogância de que nós somos proprietários da verdade suprema”. De fato, “donos” da verdade nós não somos. Mas nós a conhecemos! A Verdade é Cristo, e não há outra. Afirmações da natureza desta que o senhor proferiu induzem as pessoas a crer que a verdade é relativa ou até mesmo que não existe. Quando, na realidade, nem uma coisa nem outra procedem. Foi à Igreja que Cristo confiou a missão de ensinar e zelar pela Verdade. Quando, muitas vezes, pessoas imbuídas de um espírito de falso-ecumenismo admitem que todo aquele que prega diferente da Igreja, está ‘certo dentro da sua realidade’, está-se falseando a autêntica Doutrina, segundo a qual a verdade é objetiva, acessível, única, eterna (vide Tomás de Aquino, in De Veritatis). Outrossim, ao falar em uma “verdade suprema”, subentende-se que há uma ou mais verdades inferiores, submissas. O que não é também correto. Se existe uma, e somente uma, verdade, não há porque falar em verdade “suprema”. Fazendo uso de uma associação lógica, se – como diz o adágio latino – ubbi Ecclesia, ibbi Christus (onde está a Igreja, aí está Cristo); e se Cristo é a Verdade (Jo 14,6); então a Verdade está na Igreja. Por acaso é arrogante, feio ou pecaminoso apontar aos homens aquilo que eles às apalpadelas procuram há séculos? Se os homens estão sedentos de Verdade não podemos nós saciar-lhes mostrando onde ela se encontra?

E como explicar que, ao falar da condição adâmica do homem, o senhor tenha adotado a interpretação modernista segundo a qual a historicidade das escrituras fica reduzida ao nível das histórias da carochinha?! Dizer que Adão é uma imagem simbólica, metafórica, “fabulesca”, não faz parte da Doutrina Católica! O fato de a linguagem empregada no livro de Gênesis ser recheada de simbolismo não elimina o fato de que os acontecimentos nele narrados tenham se dado no tempo e no espaço tal como foram escritos. A interpretação literal complementa e enriquece a hermenêutica que se pode fazer a partir dos símbolos. Não é assim que ensina a Igreja?

Depois o senhor falou que durante muito tempo “nós (subentenda-se: Igreja) fomos omissos”. Parece-me que essa omissão se referia às questões ecológicas. Pelo amor de Deus, padre! A missão da Igreja é salvar a Amazônia ou salvar as almas? Que conversa é essa de “cristificação do universo”? Por que dar atenção a isso quando tantas almas se perdem na imoralidade, na heresia, na inércia espiritual?

Em seguida, veio aquela colocação, esdrúxula e totalmente non sense, de que a Igreja – que se considerava barca de Pedro – após o Concílio Vaticano II passou a se enxergar como Povo de Deus. Devo informar-lhe que a Igreja permanece sendo barca de Pedro, e o povo de Deus é – por assim dizer – a tripulação desta barca. Onde é que houve mudança na compreensão da eclesiologia?

Entre as críticas feitas pelos blogueiros, salientava-se a sua posição – no mínimo, omissa – quando o apresentador Jô Soares comentou que achava um absurdo que a Igreja considerasse que o matrimônio servia apenas à procriação. Pergunto: por que o senhor não afirmou, como ensina a Igreja, que o matrimônio tem duas finalidades: a unitiva e a procriativa? Por que não disse que, sim, o amor dos esposos importa e ele é – ou, pelo menos, deve ser – expresso pela unidade (de pensamento e de vontade) que os cônjuges demonstram em todas e cada uma de suas ações? Era tão simples desfazer a argumentação errônea do entrevistador e, ao mesmo tempo, aproveitar para instruir as pessoas segundo a Sã Doutrina! Pior que não ter ensinado no momento oportuno, foi o senhor afirmar que “o nosso discurso já mudou”! Diga-me, Pe. Fábio, acaso a doutrina imutável da Igreja perdeu a sua imutabilidade? O senhor crê, convictamente, que a Igreja está, dia após dia, se amoldando à mentalidade atual? Não seria missão da Esposa de Cristo formar na sociedade uma mentalidade cristã, isto é, fomentar um novo modo de pensar e de viver que esteja impregnado do perfume de Cristo? Ou é o contrário: o mundo é que deve catequizar a Igreja?

Em outro momento da entrevista o senhor afirmou que não “conseguia” celebrar a missa todos os dias? Não lhe parece estranho, e prejudicial, que a sua “agenda” não permita que o senhor celebre todos os dias a Eucaristia? Qual deve ser o centro da vida do sacerdote: o altar ou o palco? E quanto ao breviário? A sua “agenda” permite que o senhor o reze diariamente (considerando que não fazê-lo é pecado grave para o sacerdote)?

Depois veio a pergunta: “o senhor teve experiências sexuais antes de ser padre?” Creio um homem que consagrou (frise-se o termo: consagrou) sua sexualidade a Deus não deveria expor sua intimidade diante do público. Mas, já que a pergunta indecorosa foi feita, a resposta que esperei foi algo no sentido de fazer o interlocutor entender que aquela questão era de ordem privada; que não convinha ser tratada em público. Em resumo: algo como “não é da sua conta!”. Porém, que fez o senhor? Respondeu que teve, sim, experiências sexuais precedentes, mas “às escondidas”! Caro Pe. Fábio, o senhor acha que convém dar uma resposta deste tipo? Isso não induziria as pessoas a pensar que não existem padres castos (considerando que muitos confundem castidade com virgindade)? Isso não estimularia as pessoas a crer na falácia segundo a qual todo jovem já teve, tem ou deve ter experiências sexuais que precedam a sua decisão vocacional?

O senhor comentou, ainda, que “para a gente ser padre, a gente tem que ter amado na vida. É impossível (grifos meus) fazer uma opção pelo celibato, pela vida consagrada, se eu não tiver tido uma experiência de amar alguém de verdade”. O senhor acha, realmente, que o homem que nunca amou uma mulher não sabe amar? Baseado em que o senhor diz isso? Que dizer então do meu pároco que, tendo ido para o seminário aos 11 anos, nunca namorou? Ele é menos feliz por causa disso? Menos decidido pelo sacerdócio? Não creio que isso proceda.

O que se viu nessa malfadada entrevista à rede globo foi a apresentação de um comunicador, um cantor, um filósofo, um homem qualquer. Pudemos enxergar Fábio de Melo. E só. O padre passou desapercebidamente. De comunicadores, cantores e filósofos, já basta: nós os temos em número suficiente! Precisamos de padres! Padres que são, sim, homens por natureza; mas que tiveram sua dignidade elevada pelo caráter impresso no sacramento da Ordem. Homens que não são “como quaisquer outros” porque receberam a graça e a missão de agir in persona Christi. Temos carência de ver padres que ajam, falem e – até mesmo – se vistam, em conformidade com a sua dignidade sacerdotal.

Creio que muitos destes desdobramentos que eu estou expondo não foram sequer imaginados pelo senhor no momento em que concedeu a entrevista, e enquanto respondia às perguntas. Contudo, o ônus de quem se expõe à opinião pública é, exatamente, suportar os possíveis mal-entendidos que se geram quando as palavras são compreendidas de modo diverso da intenção e da mentalidade de quem as proferiu. Espero que tudo que eu falei aqui tenha sido realmente um grande mal-entendido… Sempre cabe, contudo, esclarecer os desentendimentos mais graves que possam prejudicar não só a sua imagem, mas a da Igreja como um todo. Um ensino errado pode levar uma alma à perdição.

Perdoe-me, sinceramente, a franqueza e, talvez, a dureza em alguns momentos. Mas eu precisava lhe expor as minhas dúvidas, impressões e inquietudes com relação a essa entrevista. Se o senhor se dignar me responder esta carta, ainda que de modo breve, sucinto, ficaria imensamente grato. Despeço-me rogando mais uma vez a sua bênção e garantindo-lhe as minhas orações em favor de seu sacerdócio e de sua alma.

Gustavo Souza,

Indigno filho da Santa Igreja Católica.

Fonte: “Erguei-vos, Senhor“. Link para o texto aqui.

Aniversário de morte de João Paulo II: jovens, «oásis de esperança»

Bento XVI recorda aos jovens a «herança espiritual» do Papa polonês

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 2 de abril de 2009 (ZENIT.org).- «João Paulo II conseguia comunicar uma forte carga de esperança, fundada na fé em Jesus Cristo». Essa é a «herança espiritual» que ele quis transmitir aos jovens, afirmou hoje o Papa Bento XVI, na Missa celebrada na Basílica de São Pedro por ocasião do quarto aniversário de morte de seu predecessor.

Numa Basílica cheia de jovens, presentes em Roma para a celebração diocesana da Jornada Mundial da Juventude (Domingo de Ramos), o Papa evocou o «entusiasmo que João Paulo II sabia infundir nas novas gerações».

«Queridos amigos, meditando sobre esta página do Evangelho de João surge espontaneamente a consideração de como é difícil verdadeiramente testemunhar Cristo. E o pensamento se dirige ao amado Servo de Deus Karol Wojtyla – João Paulo II, que desde jovem se mostrou intrépido e ousado defensor de Cristo», afirmou.

Destacou a fecundidade espiritual do pontificado de seu predecessor, especialmente com os jovens: «ele gerou na fé muitos filhos e filhas. Disso vós sois sinal visível, queridos jovens presentes esta tarde: vós, jovens de Roma, e vós, jovens vindos de Sydney e de Madri, que representais as multidões de jovens que participaram das já 23 Jornadas Mundiais da Juventude, em diversas partes do mundo».

«Quantas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, quantas jovens famílias decididas a viver o ideal evangélico e a tender à santidade estão unidas ao testemunho e à pregação de meu venerado predecessor! Quantos jovens se converteram ou perseveraram em seu caminho cristão graças a sua oração, a seu ânimo, a seu apoio e a seu exemplo!», acrescentou.

A chave, explicou, é que João Paulo II «conseguia comunicar uma forte carga de esperança, fundada na fé em Jesus Cristo».

Fonte: Zenit. Leia o restante da matéria aqui.

O nascimento de Cristo foi uma “revolução cósmica”, diz o Papa na Missa da Epifania

Cidade do Vaticano, 06/01/2009 (CWNews.com) – Jesus é “o centro do universo e da História”, disse o Papa Benedito XVI em sua homilia ao celebrar a Missa pela festa da Epifania, que é comemorada em Roma em sua data tradicional, 6 de janeiro.

Relembrando a viagem dos Magos para ver o Menino Jesus, o Papa disse que a estrela que guiou os sábios a Belém foi o sinal de uma “revolução cósmica” que aconteceu com o nascimento do Filho de Deus. Os pagãos olhavam para o céu para predições, acreditando que seus destinos eram influenciados pelos movimentos cegos das divindades, observou o Papa. Mas, com a encarnação do Cristo, os fiéis compreenderam que o universo é controlado não por forças anônimas, mas por um Deus pessoal e amoroso.

“A lei fundamental e universal da criação é o amor divino, tornado carne em Cristo”, o Santo Padre disse. Os fiéis devem se apegar a essa compreensão, não importa que problemas eles enfrentem, afirmou: “Não importa o quão sombrias as coisas estejam, não há escuridão que possa obscurecer a luz de Cristo.”

Com essa convicção, continuou o Papa, os cristãos devem estar preparados para enfrentar os desafios dos dias atuais. Ele falou sobre a necessidade de livrar o mundo do “veneno e poluição” que nos ameaçam hoje e põem em perigo o futuro da humanidade, e a “violência odiosa e destrutiva que não cessa de provocar derramamentos de sangue”.

Fonte: Catholic Culture (em inglês). Traduzido por Matheus Cajaíba.